23 Março 2021
"O trabalho subsidiário de tantas organizações da sociedade civil, de inspiração religiosa e não, em muitas situações está cobrindo o vazio deixado, irresponsavelmente, pelo Estado, num contexto de descuido e abandono da vida. Em lugar de reconhecer, favorecer e proteger esse serviço, assistimos a frequentes criminalizações e ataques. Isso é inadmissível!", afirma nota publicada pela Diocese de Roraima, 19-03-2021.
“Fez conforme o anjo do Senhor havia mandado!” (Mt 1,24)
O Papa Francisco dedicou o ano de 2021 a São José, convidando a vivermos um ano de oração e empenho em defesa da família. A Igreja celebra hoje, 19 de março, a solenidade de São José, esposo de Maria.
Em Roraima, a Igreja cuida das famílias e acompanha, com a atenção prioritária que pede o Evangelho, as mais vulneráveis. São José experimentou o que significa não ter casa e Maria deu à luz seu Filho num abrigo. Para salvar a vida do Menino Jesus, a Sagrada Família foi migrante, buscando refúgio no Egito.
Ao longo dos séculos, a causa dos migrantes sempre esteve no coração da Igreja, que considera todos como irmãos e irmãs: "Não sois mais estrangeiros nem migrantes, sois da família de Deus" (Ef 2,19). No município de Pacaraima, fiel à missão de Jesus, a Diocese de Roraima oferece há anos serviço comunitário de acolhida aos migrantes, em cooperação também com outras igrejas cristãs.
Repudiamos a operação da Polícia Federal e da Polícia Civil do dia 17 de março, violenta desproporcional e sem mandado judicial, que desalojou mais de 70 pessoas da casa de acolhida São José, gerida pelas Irmãs de São José e a Pastoral do Migrante, e a operação similar contra a acolhida realizada na mesma cidade. pelo pastor Alfredo, da Igreja Assembleia de Deus. Dessas pessoas, 21 são mulheres, inclusive gestantes, e 40 crianças. Repete-se uma triste cena de perseguição à vida, marcando a história sofrida de tantas Marias, Josés e pequenos filhos de Deus hoje...
Enquanto com fidelidade no silêncio humilde amoroso muitos cristãos servem e defendem a vida, “são criadas diversas narrativas para legitimar a exclusão e difundir na sociedade o ódio a violência e a negação dos direitos humanos” (Campanha da Fraternidade Ecumênica, n. 50). O trabalho subsidiário de tantas organizações da sociedade civil, de inspiração religiosa e não, em muitas situações está cobrindo o vazio deixado, irresponsavelmente, pelo Estado, num contexto de descuido e abandono da vida. Em lugar de reconhecer, favorecer e proteger esse serviço, assistimos a frequentes criminalizações e ataques. Isso é inadmissível!
Uma “Nota pública por justiça e dignidade, contra a violência” foi subscrita por mais de cem entidades e organizações, denunciando os fatos. Também nossa Igreja se solidariza com as irmãs e os irmãos que foram atacados, exige respeito e proteção para eles e garantias de direitos e vida para os migrantes e refugiados.
São José, que “fez conforme o anjo do Senhor havia mandado” nos proteja e mantenha sempre atentos defensores e defensoras da vida!
Boa Vista, 19 de março de 2021.
Dom Mário Antônio da Silva – Bispo de Roraima
Irmã Aurélia Prihodova SSpS – Coordenadora da CRB Núcleo RR
Irmão Danilo Correia Bezerra FMS – Coordenador das Pastorais Sociais
Confira o documento na íntegra clicando aqui.
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Roraima. Nota pública por justiça e dignidade contra a violência - Instituto Humanitas Unisinos - IHU