10 Fevereiro 2021
Para o bispo auxiliar de Bagdá, a visita a Najaf será “um dos momentos mais altos” da viagem apostólica ao Iraque. O líder xiita “não é um político, mas um homem de fé”, que trabalha pela irmandade. A pandemia do novo coronavírus não permitirá os habituais banhos de multidão, mas cristãos e não cristãos “esperam com alegria e esperança” o pontífice.
A reportagem é de AsiaNews, 02-09-2021. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O encontro com o grande aiatolá Ali al-Sistani “será um dos momentos mais altos” da visita do papa ao Iraque, agendada para os dias 5 a 8 de março, com base no programa oficial divulgado no dia 1º de fevereiro pelo Vaticano. Ambos são “grandes homens de paz”.
É o que afirma Dom Shlemon Warduni, bispo auxiliar de Bagdá e braço direito do patriarca caldeu, comentando a iminente visita do pontífice, confirmada apesar dos últimos episódios de violência que ensanguentaram o país. Um face a face incentivado pelo próprio cardeal Sako, com a esperança – acrescenta o prelado – de que “seja um ponto fundamental da vida do Iraque”.
“Durante um encontro pessoal com al-Sistani – lembra Dom Warduni – ele me explicou como ele se comporta com os políticos: ‘Não sou eu quem vai até eles – ele me dizia – mas eles que vêm até mim, e eu lhes digo o que há para saber, para construir paz e fraternidade’. Eu não sou um político, ele repetia várias vezes, mas um homem de fé que quer a paz para todo o país.”
Sob o lema “Vós sois todos irmãos”, retirado do Evangelho de Mateus, a viagem apostólica ao Iraque começa no dia 5 de março com o voo de Roma a Bagdá, onde, ao chegar, ele será acolhido pelo primeiro-ministro e pelas autoridades políticas e religiosas. A cerimônia de boas-vindas se seguirá no palácio presidencial, com uma visita de cortesia, privada, ao chefe de Estado, no fim da qual ele fará o primeiro discurso. O dia terminará com o encontro com os bispos, os sacerdotes, os religiosos, os seminaristas e os catequistas na Catedral Sito-Católica de Nossa Senhora da Salvação, em Bagdá.
No sábado, 6 de março, o momento marcante em termos de diálogo inter-religioso com a visita em Najaf ao grande aiatolá Ali al-Sistani. No fim do encontro, o Papa Francisco partirá para Nassirya, às margens do rio Eufrates, para um encontro inter-religioso em Ur dos Caldeus, terra de Abraão. À tarde, o retorno a Bagdá e a celebração da missa na catedral caldeia de São José em Bagdá, uma das 11 presentes no país.
No dia 7 de março, o Papa Francisco se dividirá entre o Kurdistão iraquiano e a planície de Nínive. Pela manhã, a partida para Erbil, encontro com as autoridades religiosas e civis. De helicóptero, o translado para Mosul, durante anos um reduto do Estado Islâmico (EI, ex-ISIS), onde será realizada uma oração pelas vítimas da guerra. Em seguida, uma etapa em Qaraqosh, na planície de Nínive, ocupada pelo Estado Islâmico até 2016, com um discurso para a comunidade local dentro da Igreja da Imaculada Conceição. À tarde, retorno a Erbil para a missa celebrada dentro do estádio “Franso Hariri”. À noite, retorno a Bagdá; na manhã seguinte, o voo que o levará de volta a Roma.
“A vinda do papa – sublinha Dom Warduni – é uma vitória da paz sobre a violência. Há pessoas que não estão contentes com esta viagem, outras que têm medo de que algo ruim aconteça, mas o sentimento comum e mais difundido é a alegria de um povo, cristãos e não cristãos, que quer vê-lo e saudá-lo. É claro, será uma viagem diferente de muitas outras – explica –, porque não serão possíveis grandes aglomerações por causa da pandemia do novo coronavírus e por questões de segurança. Mas só a sua presença será fonte de paz e testemunho da Boa Nova que ele quer anunciar a todo o mundo… que nós somos filhos da paz e da esperança!”
“A esperança – conclui o auxiliar de Bagdá –, embora levando em conta a emergência da Covid e a questão da segurança, é de que o máximo de pessoas possam vê-lo. Alguns ingressos estarão disponíveis para as missas em Bagdá, na catedral siro-católica e caldeia. Certamente, haverá quem o esperará do lado de fora das igrejas, mas será difícil contentar a todos. Nós continuamos trabalhando para preparar o melhor possível o encontro e rezando para que esta tragédia mundial, a pandemia, realmente possa acabar.”
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Papa e al-Sistani, um encontro “entre grandes homens de paz” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU