29 Junho 2020
O Papa Francisco mostrou apreço pelo “Caminho Sinodal” da Igreja alemã, disse o presidente da Conferência Episcopal da Alemanha após encontrar-se com o papa no sábado.
A reportagem é publicada por Catholic News Agency, 27-06-2020. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Em uma nota após a audiência privada que teve com o papa em 27 de junho, Dom Georg Bätzing diz: “Sinto-me encorajado pelo intenso intercâmbio com o Santo Padre para continuar o caminho que tomamos. O Papa mostrou apreço por este projeto, que associa estreitamente ao conceito de ‘sinodalidade’ que ele cunhou”.
E continuou: “Tentei fazer entender que a Igreja na Alemanha segue este caminho e sabe sempre que está ligada à Igreja no mundo”.
Bätzing viajou ao Vaticano um dia depois de a Igreja alemã divulgar os números que mostram que ela perdeu uma quantidade recorde de membros em 2019. Os dados, divulgados em 26 de junho, apontam que 272.771 pessoas deixaram a Igreja Católica no ano passado, um aumento significativo em comparação aos 216.078, de 2018.
Na diocese de Bätzing, em Limburgo, 9.439 fiéis deixaram a Igreja Católica em 2019, 1.459 a mais que em 2018. No sábado, Bätzing expressou: “É preciso encontrar respostas para os desafios urgentes que a Igreja enfrenta, desde o abuso sexual de menores até o número dramático de pessoas que deixam a Igreja”.
Em referência a uma carta de 28 páginas que o Papa Francisco escreveu ano passado aos católicos alemães, o bispo disse: “Com sua carta ao povo peregrino de Deus da Igreja na Alemanha em junho de 2019, o Papa Francisco encorajou e deu indicações nesse sentido. Ele continuará nos acompanhando com atenção”.
A carta do papa originou-se após a decisão dos bispos alemães de lançarem um “Caminho Sinodal” com duração de dois anos e que irá aproximar leigos e bispos para discutir quatro assuntos principais: a maneira como se exerce o poder na Igreja; a moralidade sexual; o sacerdócio; e o papel das mulheres.
Os bispos alemães dizem inicialmente que este processo terminará com uma série de votos “vinculantes”, o que leva alguns no Vaticano a se preocupar com a possibilidade de estas resoluções acabarem desfiando o ensino e a disciplina católicas.
Na carta, o papa sugere que os participantes do Caminho Sinodal enfrentam uma “tentação” específica.
“Subjacente a essa tentação encontra-se o acreditar que a melhor resposta aos muitos problemas e às carências existentes consiste em reorganizar as coisas, mudá-las e ‘recolocá-las juntas’ para ordenar e tornar a vida da Igreja mais ágil adaptando-a à lógica atual ou de um grupo particular”, escreveu o papa.
A audiência privada de sábado foi o primeiro encontro de Bätzing com o Papa Francisco desde que foi eleito como para presidir a conferência dos bispos em março, sucedendo o cardeal-arcebispo de Munique e Freising, Dom Reinhard Marx.
Uma nota à imprensa emitida pela Conferência Episcopal da Alemanha informa que o bispo e o papa debateram a situação da Igreja na país, o impacto do coronavírus e o progresso do “Caminho Sinodal”.
A primeira assembleia sinodal aconteceu em Frankfurt em fins de janeiro. A segunda deve acontecer mais adiante, em setembro, apesar da crise do coronavírus.
A nota divulgada acrescenta que Francisco pediu que o Caminho Sinodal e a Igreja alemã estejam atentas aos pobres, aos idosos, refugiados e outros necessitados.
“O papa especificamente pediu que as implicações e experiências da pandemia de coronavírus sejam consideradas na medida em que continuamos avançando”, disse Bätzing.
Durante a visita de dois dias que fez a Roma, Bätzing encontrou-se com o Cardeal Lorenzo Baldisseri, secretário-geral do Sínodo dos Bispos, e seu sucessor, Dom Mario Grech.
Ele também se reuniu com o Cardeal Luis Ladaria, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, com o Cardeal Marc Ouellet, prefeito da Congregação para os Bispos, e com o Cardeal Kurt Koch, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos.
Em maio, Bätzing manifestou a esperança de que os resultados do “Caminho Sinodal” da Alemanha sejam discutidos em um sínodo em Roma.
Ele falou ser “muito favorável de transportar para Roma, ao nível de toda a Igreja, os insights e decisões que obtirvemos com o Processo Sinodal – também com relação ao papel da mulher e do ministério eclesial”.
Após se reunir com o Papa Francisco, Bätzing disse que está ansioso por um encontro dos bispos do mundo todo a acontecer em outubro de 2022, que se dedicará ao tema “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”.
“Espero”, disse ele, “que com as experiências do Caminho Sinodal, possamos dar uma contribuição ao Sínodo dos Bispos em outubro de 2022, que vai lidar com a questão da sinodalidade”.
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Papa Francisco ‘aprecia’ o ‘Caminho Sinodal’, diz bispo alemão após audiência privada - Instituto Humanitas Unisinos - IHU