04 Dezembro 2019
O caminho sinodal foi iniciado: após uma longa preparação, a Igreja Católica na Alemanha se colocou em caminho. Mas onde poderá levar o diálogo sobre as reformas, ainda não se sabe "Dieser Weg wird kein leichter sein" (esse caminho não será mais fácil). A música de Xavier Naidoo que acompanhava os jogadores alemães ao voltar da Copa do Mundo de 2006 poderia se tornar uma espécie de hino também para o processo de reforma do Caminho sinodal. Porque este também poderá se tornar "pedregoso e difícil". E a estrofe "e você não concordará com muitos" certamente pode ser cantada com convicção por um ou outro dos sinodais.
A reportagem é de Gottfried Bohlin, publicada por Domradio, 02-12-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
O fato de a Igreja Católica estar, especialmente por causa do escândalo dos abusos, em uma profunda crise de confiança, é algo com o qual todos ainda concordam. Mas quando se começa a falar sobre dos motivos e maneiras de sair da crise, a unidade logo acaba. Alguns veem principalmente causas sistêmicas e pedem mudanças na moral sexual, o abandono da obrigação do celibato, menos poder para os padres e mais direitos para as mulheres - na melhor das hipóteses, até a ordenação presbiteral ou pelo menos a diáconas.
Por outro lado, há quem advirta sobre caminhos nacionais especiais ou até mesmo sobre um "abuso do abuso" para obter objetivos político-eclesiásticos há muito desejados. O cardeal de Colônia Rainer Maria Woelki e o bispo de Regensburg Rudolf Voderholzer são os famosos representantes dessa orientação. Sua tentativa de colocar o tema da nova evangelização no centro da jornada do Sínodo, no entanto, foi rejeitada pela grande maioria dos bispos. Permanecem, no entanto, os quatro temas prioritários moral sexual, forma de vida dos padres, poder e divisão de poderes, bem como o papel das mulheres na igreja. Após o início simbólico do acendimento da vela sinodal no primeiro domingo do Advento, os aproximadamente 200 participantes se colocarão efetivamente em caminho a partir do final de janeiro, um caminho que deve durar dois anos. Em meados de dezembro, a lista de participantes deverá estar completa para as reuniões em Frankfurt.
Importante "entraves" - outros diriam que são verdadeiros obstáculos - foram colocados pelo Vaticano. Depois de uma incomum carta do papa a todos os católicos da Alemanha, que foi interpretada por alguns como um aviso, e por outros como um incentivo, a cúria romana sentiu-se evidentemente no dever de traçar os contornos do desenvolvimento futuro. Esclarece-se, assim, que nenhum bispo local pode ser obrigado a implementar as decisões em sua diocese. Além disso, desde já, os autores destacaram, de forma reiterada, que naturalmente não se pode falar sobre caminhos especiais nacionais, mas que, em particular em temas particularmente controversos, como a ordenação das mulheres, só é possível decidir em conjunto com o Papa e a igreja universal.
Isso será suficiente para aqueles que, após que processo de diálogo 2010-2015 terminou sem resultados concretos, insistem em reformas concretas e vinculantes? Algumas declarações iniciais deixam bastante claro que o caminho poderá ser pedregoso e difícil. "A situarão se prefigura animada, mas discutiremos bem juntos", profetizou o presidente da Conferência Episcopal, cardeal Reinhard Marx. Ao mesmo tempo, convocava todos os fiéis a participarem ativamente do caminho, por exemplo, através das possibilidades de intervenção no novo site, mas também acompanhando os trabalhos com suas orações.
A vice-presidente do Comitê Central de Leigos Católicos da Alemanha, Karin Kortmann, (ZdK, Zentralkomitees der deutschen Katholiken), afirmou que, depois de quase trinta anos de diálogos de reforma, "resultados de longo alcance" devem agora ser obtidos. E o bispo Voderholzer advertiu: "Miragens apocalípticas, como se à Igreja estivesse sendo dada agora uma ‘última chance’ de se reformar em certo sentido, não são úteis e quase se parecem a tentativas de coerção".
O teólogo Daniel Bogner definiu no rádio o caminho sinodal "uma faca de dois gumes". Por um lado, se quer ser vinculantes, pelo outro, cada bispo estaria livre para não implementar as decisões. "A partir do formulário em papel, deve-se dizer que não se pode ter grandes expectativas", acrescentou Bogner. No entanto, no momento "não existe outra ferramenta melhor que essa, portanto deve ser utilizada da melhor maneira possível".
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O caminho (sinodal) não será mais fácil - Instituto Humanitas Unisinos - IHU