25 Junho 2019
Que as sociedades psicanalíticas e psiquiátricas mais importantes, na Itália e no mundo, não mais considerem a homossexualidade como uma patologia e, aliás, apoiem o valor psicológico das leis que protegem os laços afetivos e familiares das pessoas homossexuais não é mais, felizmente, notícia. Ao contrário, é certamente notícia a decisão da American Psychoanalytic Association (APsaA) de apresentar desculpas à comunidade LGBTQ. Desculpas "devidas já há tempo", diz o comunicado, por ter patologizado, no curso da história, as orientações não-heterossexuais e as identidades transgênero.
A reportagem é de Antonio Lingiardi, publicada por La Repubblica, 24-06-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
O anúncio foi feito há poucos dias, por ocasião da abertura da 108ª reunião anual da APsaA, realizada em San Diego, e em concomitância com as comemorações do cinquentenário das rebeliões de Stonewall, consideradas simbolicamente a certidão de nascimento do movimento de libertação das pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e queer (LGBTQ).
Em 1969, a homossexualidade era de fato considerada uma patologia mental e, como tal, era "curada". Distúrbio mental também era considerado aquela condição de sofrimento (outrora conhecida como transexualismo e agora denominada "disforia de gênero") causada pela incongruência entre a própria sexo anatômico e percepção de si como homem ou mulher. Desde a década de 1980, as teorias de patologização foram rejeitadas e a homossexualidade foi eliminada dos manuais internacionais de diagnóstico. Os profissionais de saúde mental aprenderam a reconhecer os danos psicológicos causados pelo estigma social e científico e pela sua internalização (homofobia internalizada e estresse de minoria).
Quem quiser ter uma ideia dos pressupostos violentos e normativos das chamadas "terapias reparativas" pode assistir a dois filmes recentemente distribuídos também na Itália: O mau exemplo de Cameron Post e Boy erased: Uma Verdade Anulada.
“Chegou a hora de se desculpar", disse Lee Jaffe, presidente da APsaA "pelo papel que nós, psicanalistas, desempenhamos na promoção de preconceitos traumáticos". Reconhecer os erros não elimina a dor acumulada, mas pode curá-la. Mesmo que alguns terraplanistas da psique, dizendo-se terapeuta, continuem a considerar a homossexualidade como uma condição a ser "reparada", os verdadeiros terapeutas sabem que seu trabalho é promover a autenticidade, a dignidade individual e a capacidade de amar de acordo com o desejo da pessoa.
Reconhecer um erro e desculpar-se é uma ação interpessoal extremamente importantíssima (e, neste caso, também científica): transforma um paradigma, repara antigas feridas, torna possível a elaboração coletiva de um preconceito e de suas repercussões traumáticas.
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Os psicanalistas norte-americanos pedem desculpas aos homossexuais - Instituto Humanitas Unisinos - IHU