22 Abril 2019
Os bispos entram em campo faltando pouco mais de um mês para as eleições europeias e o fazem com um manifesto cristalino, claro em seus princípios e conteúdo. É claro nas indicações de voto, embora não explicitadas. Quem se fez portador da boa nova é Mons. Jean-Claude Hollerich SI, arcebispo de Luxemburgo e presidente da Comissão de Conferências Episcopais da Comunidade Europeia (o presidente das Conferências Episcopais da Europa é, por sua vez, o cardeal Angelo Bagnasco).
Monsenhor Hollerich entrega ao La Civiltà Cattolica o manifesto em que escreve que "os temores da Europa de hoje são múltiplos e, bem misturados, levam, com a ascensão dos populismos, a uma desestabilização das nossas democracias e a um enfraquecimento da União Europeia". Hoje, escreve o prelado jesuíta de Luxemburgo, "o bem-estar parece ter desaparecido e parece ter dado origem a múltiplos medos, que reivindicam uma identidade europeia 'cristã', embora se declinem em desejos políticos que se revelam em nítida contraposição com uma perspectiva baseada no Evangelho".
A reportagem é de Matteo Matzuzzi, publicada por Il Foglio, 20-04-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Mazzola, o bispo Hollerich, os populistas, estão liderando "um jogo infame com nossas angústias". Os líderes europeus - aqueles sérios, não é preciso dizer - devem "levar em consideração os medos" que "muitas vezes glorificam o passado e freiam as dinâmicas orientadas para o futuro". Se políticas sensatas não levarem em conta os medos dos cidadãos europeus, estes cairão vítimas dos populismos que enfatizam tais receios para se apresentarem como salvadores”.
O homem europeu, adverte o bispo, "perdeu a própria identidade. A Europa, que está perdendo a própria identidade, constrói para si identitarismos, populismos, nos quais a nação não é mais vivenciada como comunidade política, mas se torna um fantasma do passado, um espectro que arrasta atrás de si as vítimas das guerras causadas pelos nacionalismos da história. Os populismos querem afastar problemas reais, organizando danças em torno de um bezerro de ouro. Eles constroem uma falsa identidade, denunciando inimigos que são acusados por todos os males da sociedade: por exemplo, os migrantes ou a União Europeia". Igualmente contundente o comentário sobre o método de ação desses "populismos", que "ligam os indivíduos não em comunidades onde o outro é uma pessoa próxima, um parceiro no diálogo e na ação, mas em grupos que repetem os mesmos slogans, que criam novas uniformidades, que são a antecâmara dos totalitarismos". O problema é que não poucos cristãos (e muitos católicos) se deixaram enfeitiçar por essas sereias: "Um cristianismo autorreferencial corre o risco de ver emergir pontos comuns com essa negação da realidade e corre o risco de criar dinâmicas que acabarão por devorar o próprio cristianismo. Steve Bannon e Aleksandr Dugin são os sacerdotes de tais populismos que evocam uma falsa realidade pseudo-religiosa e pseudo-mística, que nega o centro da teologia ocidental".
Disso decorre o apelo final à política europeia para colocar “novamente o homem, com suas aspirações e com as suas esperanças, no centro da ação política. A integração europeia - escreve Mons. Hollerich - deve demonstrar mais uma vez que está a favor do homem e que está tentando preservar a paz em um mundo mais perigoso do que nunca. É por isso que nosso continente precisa trabalhar sobre seus alicerces”.
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O apelo dos bispos europeus contra Bannon e Dugin, “sacerdotes do populismo” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU