22 Fevereiro 2019
“O santo Povo de Deus nos olha”. Espera “não simples e deduzidas condenações, mas medidas concretas e eficazes para colocar em prática”. Por isso, é preciso escutar “com docilidade” o grito dos pequenos que pedem justiça. Com essas palavras, o Papa inaugurou o Encontro sobre o Cuidado dos Menores. Uma aguardada cúpula sobre abusos, da qual participam 190 pessoas, com a presença de cardeais, arcebispos e bispos dos cinco continentes.
A reportagem é de Andrés Beltramo Álvarez, publicada por Vatican Insider, 21-02-2019. A tradução é do Cepat.
Francisco chegou caminhando, pouco antes das nove da manhã, até a entrada da Sala Paulo VI do Vaticano. Como de costume, cumprimentou pessoalmente os Guardas Suíços Pontifícios, que ficam na porta, e se dirigiu à Sala Nova do Sínodo. Nesse auditório, presidiu a oração da manhã e depois tomou a palavra.
Começou especificando que, diante da ferida dos abusos sexuais perpetrados por homens da Igreja contra menores, pensou em interpelar os patriarcas, cardeais, arcebispos, bispos, superiores religiosos e responsáveis, para que todos se coloquem “na escuta do Espírito Santo” e, com a docilidade de sua condução, escutem “o grito dos pequenos que pedem justiça”.
“Incide sobre o nosso encontro o peso da responsabilidade pastoral e eclesial que nos obriga a debater juntos, de maneira sinodal, sincera e profunda, como enfrentar este mal que aflige a Igreja e a humanidade. O santo Povo de Deus nos olha e espera de nós não simples e deduzidas condenações, mas medidas concretas e eficazes para colocar em prática”, estabeleceu, falando em italiano.
Por isso, convidou para iniciar o caminho destes dias de trabalho, armados da fé e do “espírito de máxima parresia”, esse conceito que tanto lhe agrada e que é identificado como uma grande franqueza e liberdade. Além disso, pediu para que se fale com o coração e determinação.
Ao mesmo tempo, anunciou a distribuição de um documento com alguns critérios importantes, formulados por diversas comissões e conferências episcopais. Esclareceu que se trata de um subsídio, algumas “linhas-guia” para ajudar a reflexão e por isso, insistiu, são um ponto de partida. “Vem de vocês e volta para vocês, e não retira a criatividade que possa surgir”, apontou.
Em seguida, agradeceu à Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores da Santa Sé, à Congregação para a Doutrina da Fé e aos membros do comitê organizador da cúpula pelo “excelente trabalho” desenvolvido “com grande empenho” para preparar o encontro.
“Finalmente, peço ao Espírito Santo que nos sustente nestes dias e nos ajude a transformar este mal em uma oportunidade de consciência e de purificação. A Virgem Maria nos ilumine na tentativa de curar as graves feridas que o escândalo da pedofilia causou, tanto nos pequenos como nos crentes”, concluiu.
Após as palavras introdutórias do Papa, o moderador da reunião e presidente da Fundação Ratzinger, Federico Lombardi, ofereceu algumas indicações logística sobre o trabalho que ocorrerá nos próximos dias e que se concentrará em dois momentos fundamentais: conferências gerais e trabalho em grupos linguísticos.
Então, tomou a palavra o cardeal filipino Luis Antonio Tagle, que realizou uma reflexão sobre o tema: O cheiro das ovelhas. Sentir as dificuldades e curar as feridas, centro da tarefa do pastor. Após um momento de perguntas e respostas, passou-se à segunda exposição sob a responsabilidade do arcebispo maltês Charles Scicluna, com o título A Igreja como hospital de campanha. Assumir a própria responsabilidade.
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Encontro sobre o Cuidado dos Menores. “Fiéis pedem medidas concretas”, afirma Francisco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU