05 Fevereiro 2019
Um crucifixo feito de remos, simbolizando as difíceis viagens realizadas pelos migrantes que tentam atravessar o mar, foi doado pelo Papa Francisco ao novo Centro Matteo Ricci para o acolhimento e integração dos requerentes de asilo e refugiados, aberto pelo Centro Astalli no complexo monumental da igreja romana de Jesus.
A reportagem foi publicada por L'Osservatore Romano, em 04-02-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
A inauguração contou com a presença, entre outros, dos cardeais Angelo de Donatis, vigário de Roma, e Konrad Krajewski, esmoleiro, do Presidente da República italiana Sergio Mattarella, do superior geral dos jesuítas Arturo Sosa Abascal, dos subsecretários da seção migrantes e refugiados do Dicastério para o serviço do desenvolvimento humano integral, Fabio Baggio e Michael Czerny e do presidente do Centro Astalli, padre Camillo Rigamonti.
Padre Czerny, em seu discurso, lembrou que em 2015, após a visita do Papa a Cuba, o presidente Raúl Castro presenteou-o com um grande crucifixo. "A belíssima obra - disse ele - é do artista Alexis Leyva Machado, mais conhecido como K'cho", que "quer chamar a atenção para a condição dos migrantes e refugiados. Chora o desaparecimento de milhares de pessoas mortas no mar”. O artista, de fato, chama a migração de "o comércio de escravos dos nossos tempos".
O crucifixo em madeira de cedro, explicou o subsecretário, "é alto 340 cm e largo 275 cm". K'cho o realizou com remos de madeira amarrados por cordas. "Sobre esta cruz feita de remos - acrescentou o Padre Czerny - vemos Jesus crucificado, simbolizando as difíceis viagens realizadas por migrantes que tentaram atravessar o mar e lembrar aqueles muitos dentre eles que não conseguiram chegar."
O Papa, explicou o subsecretário, doou o crucifixo original para a comunidade de Lampedusa. Atualmente está localizado sobre o altar-mor da igreja paroquial de San Gerlando. Além disso, "lastimando a falta de financiamentos públicos para os migrantes vulneráveis que necessitam de um lugar nessa estrutura, o Santo Padre hoje doa também a quantia necessária para o primeiro mês de atividades do Centro Matteo Ricci".
A estrutura está localizada dentro do Centro Astalli e é dedicada a apoiar os programas de inclusão social e as "relações positivas e construtivas entre os refugiados e as comunidades locais." Durante as intervenções tomaram a palavra também dois refugiados de vinte e cinco, um imigrante afegão, Sohrab, e uma mulher de Camarões, Charity, que relataram as dificuldades no seu país de origem e a longa viagem realizada para chegar na Itália.
Após a cerimônia, o presidente Mattarella enfatizou que essa iniciativa "é parte de um fenômeno epocal, o das migrações, um fenômeno que ocorre em todos os lugares, que explode em todos os lugares."
O chefe de Estado italiano ressaltou a necessidade "de intervenções e acordos globais sobre o fenômeno migratório", porque nenhum país sozinho “ está em condições de enfrentá-lo ou reuglá-lo, mas são necessários acordos globais, como a ONU solicita a fazer", lembrando que no mundo “os refugiados, as pessoas que fogem das guerras, carestias, impossibilidades de sobrevivência e perseguições, são cerca de setenta milhões". Por fim, o presidente destacou como a migração seja um fenômeno que "requer um grande esforço conjunto da comunidade internacional".
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O presente do Pontífice para um centro de acolhimento em Roma inaugurado na presença do Presidente Mattarella. Um crucifixo para os migrantes - Instituto Humanitas Unisinos - IHU