01 Fevereiro 2018
O tempo da fusão corpos-máquinas chegou – mas é necessariamente um pesadelo? E se uma nova subjetividade puder nos levar além do Iluminismo e do Império?
O artigo é de Rui Matoso, publicado por Outras Palavras, 31-01-2018.
Rui Matoso é especialista da European Network Expert on Culture e investigador da European Communication Research and Education Association. Gestor e Programador Cultural. Professor na ECATI - Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (Lisboa), no Mestrado em Gestão e Programação Cultural e na Licenciatura em Ciências da Comunicação e da Cultura/Ramo de Gestão das Artes.
É investigador no CICANT e doutorando em Ciências da Comunicação. Mestre em Práticas Culturais para Municípios - Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa (2008), tendo anteriormente realizado uma Pós-Graduação em Gestão Cultural na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias(2006).
É formador certificado pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional (CAP) e pelo Centro Científico-Pedagógico da Formação Continua (reg nº CCPF/RFO-32391/12).
The cyborg is not subject to Foucault’s biopolitics;
the cyborg simulates politics, a much more potent field of operations.
(O ciborgue não está sujeito à biopolítica de Foucault;
o ciborgue simula a política, um campo de operações muito mais potente
– tradução da Redação)
Donna Haraway
Na modulação atual do Império[1], o poder é exercido mediante máquinas que organizam diretamente os cérebros e os corpos, com o objectivo de criar um estado de alienação permanente e independente do sentido da vida, ou seja, o Império como Sociedade de Controle[2].
Neste sentido, a esperança daqueles que pretendem uma política radicalmente democrática reside na expectativa de que a subjetividade política do ciborgue[3], enquanto sujeito pós-humano, possua características totalmente distintas, de modo a não poder ser reinscrito na história do humanismo e da submissão à violência imperial.
Há muito que o ciborgue deixou de ser apenas o organismo cibernético da ficção científica, entrando definitivamente na esfera da realidade social -a nossa construção política mais importante-, mas significa também uma ficção capaz de mudar o mundo (Haraway: 36). Neste enquadramento, a noção de pós-humano assume a dupla transmutação do potencial plástico da espécie: a) ao nível biotecnológico[4], o processo de replicação sintética do ciborgue está desvinculado do processo de reprodução sexual-orgânica; b) ao nível dos fenômenos mentais, i.e., da subjetividade individual e coletiva (individuação e transindividuação) como lugar de desconstrução da categoria de “humano” proveniente do iluminismo, por exemplo através de Michel Foucault[5] e da sua crítica da racionalização/normalização das sociedades disciplinares e da biopolítica.
Através da obra de Katherine Hayles (Hayles, 1999) e da sua crítica ao individualismo humanista liberal e do livre arbítrio auto-proclamado, à qual a categoria de pós-humano permite contrapor o reconhecimento da agência relacional e distribuída pelo coletivo sociotécnico, corrigindo assim a excessiva ênfase na autonomia da consciência ensimesmada com uma proposta cibernética dos processos cognitivos incorporados na carne e simultaneamente expandidos à envolvente sociocultural e tecnológica.
A fusão carne-máquina, apesar da sua sublimação no imaginário ciborgue sci-fi, não requer obrigatoriamente o fetichismo do autômato, do androide ou sequer do homem/mulher biônico(a). O evento da conexão entre cibernética, cérebro e organismo humano já se deu há várias décadas[6], somos já ciborgues de nascença[7] sem necessariamente termos circuitos eletrônicos incorporados na carne ou implantes no cérebro.
De fato, quando o meio-envolvente forma ele mesmo uma bio-electro-esfera cibernética e quando o regime de computação penetra todas as esferas da vida, social, biológica ou econômica, alterando paradigmas de governança política[8] e constituindo-se globalmente como realidade computacional ou cognisfera, o pós-humano emerge como categoria para pensar este admirável mundo novo, sob duas perspetivas políticas antagônicas: i) um mundo de ciborgues como imposição final de uma matrix de controle hegemônico sobre o planeta – que significa a abstração final corporificada na ciberguerra preventiva travada em nome da defesa, e jogada em simuladores de realidade virtual[9]; ii) de uma outra perspectiva, um mundo de ciborgues pode significar realidades sociais e corporais vividas, nas quais as pessoas não temam sua estreita afinidade com animais e máquinas, que não temam identidades parciais, posições contraditórias e a valorização da afinidade em vez da identidade (Haraway, 1991, p. 295).
É neste trabalho de adaptação constante da rede neuronal (neuroplasticidade) que reside, de acordo com Warren Neidich a operacionalidade do neuropoder (Neidich, 2010, p. 545). Isto significa que nada pode ser completamente externo ao humano, porque a sua extensão protésica e ubíqua não pode ser fixada. Esta parece-nos ser uma das condições do pós-humano[10], já que o “ser humano” deixou de existir tal como estávamos comumente habituados a pensar que existia, como um entidade separada e em perpétuo antagonismo com o ambiente que lhe é externo (Cf. Pepperell: 22)[11].
Retomando Foucault, parece-nos claro que as interferências psicotecnológicas na estrutura da rede neuronal (neuropoder) e nas formas de consciência (noopower/noopolítica), requerem novas formas de resistência cultural antagonistas das formas de governabilidade ancoradas no controle e submissão das subjetividades. Tornam-se cada vez mais importantes, mais até do que as resistências contra os mecanismos de dominação e exploração. Neste aspecto, das formas de governabilidade, Antoinette Rouvroy, invoca a expressão algorithmic governmentality como aquela que não permite processos de subjetivação humana, pois, a “algorithmic governmentality is without subject: it operates with infra-individual data and supra-individual patterns without, at any moment, calling the subject to account for himself.” (“a governança algorítmica é sem sujeito: ela opera com dados infra-individuais e padrões supra-individuais, sem, a qualquer momento, convocar o sujeito considerar-se a si próprio” – tradução da Redação) (Rouvroy, 2012, p. 2).
Em Neuro-Futures: The Brain, Politics, and Power (Jake F. Dunagan), encontramos o cerne de um debate em torno da construção social da subjetividade pós-humana que nos permita lidar com as condições do pós-humano, de tal forma que possibilite ultrapassar o status quo do ator político do antropoceno. Para Rosi Braidotti, uma teoria do pós-humano seria identicamente uma “generative tool to help us re-think the basic unit of reference for the human in the bio-genetic age known as ‘anthropocene’, the historical moment when the Human has become a geological force capable of affecting all life on this planet” (“ferramenta geradora para nos ajudar a repensar a unidade básica de referência para o ser humano na era bio-genética que se conhece como ‘antropoceno’, momento histórico em que o ser humano tornou-se uma força geológica capaz de afetar toda a vida neste planeta” – tradução da Redação) (Braidotti, 2013, p. 5). Trata-se portanto da necessidade de repensar uma outra figura do humano e de imaginar uma subjetividade que expresse e incorpore um sentido forte de coletividade, do relacional e da capacidade de construção de laços comunitários localizados, mas nomádicos (nomadic subjectivity):
The posthuman subjectivity I advocate is rather materialist and vitalist, embodied and embedded, firmly located somewhere, according to the feminist ‘politics of location’ (…) Because a theory of subjectivity as both materialist and relational, ‘naturecultural’ and self-organizing is crucial in order to elaborate critical tools suited to the complexity and contradictions of our times. (A subjetividade pós-humana que defendo é bastante materialista e vital, corporificada e incorporada, localizada firmemente em algum lugar, de acordo com as ‘políticas de localização’ feminista. (…) Pois uma teoria da subjetividade simultaneamente materialista e relacional, ‘natucultural’ e auto-organizadora é crucial para elaborar ferramentas críticas adequadas à complexidade e às contradições de nossos tempos – tradução da Redação) (idem., pp. 51-52)
Na atualidade do debate neurocêntrico, as propriedades plásticas do cérebro – neuroplasticidade[12] – que permitem ao cérebro modificar-se a si mesmo em função da sua resposta às mudanças do meio-ambiente, apresentam-se como uma das problemáticas fundamentais. A plasticidade e a multiplicidade são duas constantes da nossa engenharia cognitiva concebida para a auto-transformação face ao meio-ambiente sociocultural, daí a importância de se conjugar com a visão neuro-construtivista de Steven Quartz[13], para reclamar a importância de envolventes culturais e tecnológicos amenos, catalisadores de desenvolvimento neuronal, de autonomia e liberdade crítica do agenciamento:
Brain plasticity or neuroplasticity refers to the capacity of the brain to modify itself in response to changes in its functioning or environment(…) We are beings factory-tweaked and primed in order to be ready to participate in hybrid cognitive and computational regimes, able to think and learn in ways that take us, bit-by-bit, far beyond the scope and limits of our basic biological endowments. (A plasticidade cerebral ou neuroplasticidade refere-se à capacidade de o cérebro modificar-se em resposta a mudanças no seu funcionamento ou ambiente (…) Somos seres com capacidade de aperfeiçoamento e preparados para para participar de sistemas cognitivos e computacionais híbridos, capazes de pensar e aprender de maneiras que nos levem, pouco a pouco, muito além do alcance e dos limites de nossas dotações biológicas básicas –tradução da Redação). (Clark, 2003: 84-86)
The brain is a work, and we do not know it. We are its subjects -authors and products at once- and we do not know it. (O cérebro é um trabalho, e não sabemos disso. Nós somos seus sujeitos – autores e produtos ao mesmo tempo – e não sabemos disso -tradução da Redação). Catherine Malabou
Atualizando a concepção inicial de Marx, Franco “Bifo” Berardi introduz o conceito de cognitarian subjectivation e incide a sua análise nos excessos do trabalho semiótico nas redes telemáticas em torno da linguagem e da informação, i.e., na produção daquilo que designa como info-commodity ou semiocapital: “Semiocapital puts neuro-psychic energies to work, submitting them to mechanistic speed, compelling cognitive activity to follow the rhythm of networked productivity” (“O semiocapital coloca as energias neuro-psíquicas a trabalhar, submetendo-as à velocidade mecanicista, atraindo a atividade cognitiva para acompanhar o ritmo da produtividade em rede – tradução da Redação) (Bifo, 2010). Esta viragem (cognitiva) operada pelo semiocapital e pelo capitalismo financeiro só é possível porque se operam duas descodificações em paralelo, a do capital e a da língua.
Se por um lado o capital se tornou abstrato e desterritorializado, por outro nunca como antes a língua foi tão fortemente colonizada pelo “economês” – a economia com estatuto de linguagem universal. É neste horizonte regulado pela esquizo-economia que o capitalismo esquizofreniza cada vez mais na periferia (Deleuze e Guattari, 1997, p. 241), porque a esquizofrenia é o limite exterior do próprio capitalismo.
A cognição algorítmica é hoje central a um tecnocapitalismo que se apropriou dos mecanismos psicológicos do comportamento-cognição-afecção (ciberbehaviourismo[14]) e que integra a retroalimentação implícita ao coletivo sociotécnico (feedback) enquanto parte da equação política e ideológica do neoliberalismo, que pretende anular todas as pretensões históricas do materialismo dialético, afastando assim a conflitualidade e os antagonismos sociais do centro da esfera política.
Contudo, nem as propostas de Lazzarato acerca da construção do homem endividado[15], nem as teorias farmacológicas e tecnocapitalistas de Stiegler[16], conseguem dar conta das transformações no campo da automação algorítmica que incluem hoje elementos[17] incomputáveis, e que excedem a mera instrumentalização da razão humana para fins de controle ideológico e poder simbólico.
Apesar da prudência necessária que a perspectiva foucauldiana da governamentabilidade biopolítica[18] sugere, a de termos parcimônia na celebração da liberdade inerente à neuroplasticidade, é num contexto de neoliberalismo complexo e mutante como o atual que a filósofa Catherine Malabou entrevê possibilidades progressistas para a plasticidade cerebral, possibilidades de rebelião, criatividade e antideterminismo:
To talk about the plasticity of the brain means – to see in it not only the creator and receiver of form but also an agency of disobedience to every constituted form, a refusal to submit to a model (…) making its history, becoming the subject of its history, grasping the connection between the role of genetic nondeterminism at work in the construction of the brain and the possibility of a social and political nondeterminism, in a word, a new freedom. (Para falar sobre o que significa a plasticidade do cérebro – ver nele não apenas o criador e o receptor da forma, mas também uma agência de desobediência a todas as formas constituídas, a recusa a se submeter a um modelo (…) fazendo sua própria história, tornando-se o sujeito de sua história, aproveitando a conexão entre o papel do não determinismo genético no trabalho da construção do cérebro e a possibilidade de um não determinismo social e político, em uma palavra, uma nova liberdade – tradução da Redação).(Malabou, 2008: 5–13) .
Catherine Malabou situa a neuroplasticidade no quadro da crítica da economia política, argumentando que muitas das descrições da plasticidade cerebral são de fato justificações para uma flexibilidade neoliberal sem limites, ou seja, sinal de que o neoliberalismo é uma economia da plasticidade coadjuvada pelo conhecimento neurocientífico[19] (Malabou, 2008, p. 41).
No enquadramento de uma crítica à neuroplasticidade neoliberal, o Manifesto Ciborgue de Donna Haraway é um autêntico reservatório de subversão e insubmissão, desde logo porque a identidade ciborgue não pertence ao modelo da família orgânica nem ao projeto edipiano que o configura ao longo da história, por isso, o ciborgue nunca reconhecerá o mito do Éden nem será reverente, mostrando ter uma inclinação natural para unidade política sem necessidade de partidos de vanguarda (Haraway, 1991, p. 293).
É a ontologia híbrida do ciborgue que lhe fornece uma política, uma imagem condensada da imaginação e da realidade material que evoca a possibilidade de transformação histórica: “cyborg politics is the struggle for language and the struggle against perfect communication, against the one code that translates all meaning perfectly, the central dogma of phallogocentrism” (“a política do ciborgue é a luta pela linguagem e a luta contra a comunicação perfeita, contra o código único que traduz perfeitamente o significado, o dogma central do falogocentrismo” – tradução da Redação) (idem, p. 304).
Diante de um contexto civilizacional paranoico, onde a vigilância ativa (24/7) sobre os cidadãos se torna ubíqua e onipresente[20], a individuação psíquica e a transindividuação coletiva requerem novos espaços onde a privacidade seja possível. Para Michel Foucault, a privacidade é essencial enquanto espaço de resistência face ao poder hegemônico dos Estados e das corporações, alertando-nos para a necessidade do reconhecimento das estruturas e dos modos através do qual o poder é disseminado pelas relações sociais, comportamentos, hábitos, estruturas de conhecimento e instituições.
Ao relacionarmos, numa perspetiva histórica, a vigilância (escuta) e o potencial de disseminação e inculcação de palavras-de-ordem geradoras de medo e pânico social, é porque concordamos com Byung-Chul Han quanto ao fato de a liberdade de comunicação ilimitada se ter convertido hoje num mecanismo de controle e vigilância total (panóptico digital). Segundo Han, dirigimo-nos da vigilância passiva para uma época da psicopolítica digital, onde o controle ativo e as novas técnicas do poder neoliberal permitem intervir na psique e condicioná-la a um nível pré-reflexivo (Han, 2014, p. 12).
É também através da conjugação das várias crises simultâneas que Braidotti considera pertinente o desafio colocado pelo pós-humano, nomeadamente na tentativa de superação do confronto histórico entre humanismo e anti-humanismo, e na sequência da emergência das vozes pós-colonialistas e da crise de alteridade que essa voz vem provocando um pouco por todo o globo, designadamente na velha Europa:
The new mission that Europe has to embrace entails the criticism of narrow-minded self-interests, intolerance and xenophobic rejection of otherness. Symbolic of the closure of the European mind is the fate of migrants, refugees and asylum-seekers who bear the brunt of racism in contemporary Europe. A new agenda needs to be set, which is no longer that of European or Eurocentric universal, rational subjectivity, but rather a radical transformation of it, in a break from Europe’s imperial, fascistic and undemocratic tendencies. (A nova missão que a Europa deve abraçar implica a crítica a interesses mesquinhos, intolerância e rejeição xenófoba da alteridade. O simbolo do fechamento da mente europeia é o destino dos migrantes, dos refugiados e dos que pedem asilo, que enfrentam o racismo na Europa contemporânea.
Uma nova agenda precisa ser definida, que não é mais a europeia ou eurocêntrica, a subjetividade racional, mas sim a sua transformação radical com uma ruptura com as tendências de uma Europa imperial, fascista e antidemocrática. – tradução da Redação) (Braidotti, 2013: 52)
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Referências
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[1] Hardt, Michael e Negri, Antonio (2000). Empire. Harvard University Press.
[2] Cf. Gilles Deleuze, Postscript on the Societies of Control.
[3]«Cyborg subjectivity is refigured in accordance to the ontology of the code, “We become the codes we punch,”and cyborgs could be masters of the code.» (Dunagan, 2004: 7). Cf. Geoff Cox (2013). Speaking Code: Coding as Aesthetic and Political Expression. The MIT Press.
[4] Matoso, Rui (2015). Biotransduções. http://bit.ly/2955T8j
[5] Entre outros textos, Cf. Foucault, Michel (1982). The Subject and Power. In Critical Inquiry, Vol. 8, No. 4, (Summer, 1982),The University of Chicago Press. Pp. 777-795.
[6] Segundo Katherine Hayles existem três fases de expansão da cibernética: a de primeira ordem (1945-1960); a de segunda ordem também por si denominada como autopoiética (1960-1985); a de terceira ordem ou da virtualidade (1985-1995); e a fase atual um quarto nível nomeado como regime da computação (Hayles, 2007: 161).
[7] Clark, Andy (2003). Natural-born cyborgs: Minds, Technologies, and the Future of Human Intelligence. Oxford University Press.
[8] A este novo regime de governamentabilidade e controlo das subjectividades, capaz de instaurar simultaneamente uma realidade virtual, a codificação digital da vida e a redução das incertezas pelo tratamento algorítmico da informação acumulada, Antoinette Rouvroy caracteriza-o por se fundamentar em dois processos complementares: o data-behaviourism e a governação algoritmíca (Rouvroy, 2012).
[9] The Military-Entertainment Complex. Vide Serious Games, Harun Farocki (https://youtu.be/TcKL-_RtU5Y )
[10] Nota: O debate público em Portugal teve início em 2004, com o Ciclo de Conferências ‘A Condição Pós-Humana. Técnica, Ciência e Cultura no século XXI’.
[11] Para além do manifesto elaborado pelo próprio Robert Pepperell, The Posthuman Manifesto, identificámos ainda o A Metahumanist Manifesto de Jaime del Val e Stefan Lorenz Sorgner; a Transhumanist Declaration do colectivo Humanity+; as posições tecnoprogressivas do Institute for Ethics and Emerging Technologies; o Manifesto Transhumanista The Singularity is Near, de Ray Kurzweil.
[12] «Plasticity refers to multiple processes of brain function and structure. The brain can make new cells (neurogenesis) and new synaptic connections between neurons (synaptogenesis), and see established connections strengthened and weakened (synaptic modulation) (…) Plasticity has been correlated not only with early learning, but also with shifts in stress levels and hormones, with recovery from trauma and injury, and with learning new skills in adolescence and adulthood.» (Pitts-Taylor, 2012: 636)
[13] Quartz, Steven R. (1999). The constructivist brain. Trends in Cognitive Sciences 3 (2):48-57. Elsevier Science.
[14] “Ciberbehaviourismo” é um neologismo criado pelo autor para se referir à inclusão da racionalidade instrumental promovida pelos dispositivos actuais da tecnociência (vigilância, bigdata, biopolíticas, algoritmos..) no percurso histórico do behavorismo e da sua relação com outras correntes de pensamento próximas: mecanicismo, positivismo, determinismo e darwinismo.
[15] Lazzarato, Maurizio. (2012). The Making of the Indebted Man. Los Angeles: Semiotext(e).
[16] Stiegler, Bernard. (2014). States of Shock: Stupidity and Knowledge in the 21st Century. Cambridge:
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[17] Chaitin, Gregory. 2006. “The Limits of Reason.” Scientific American 294 (3): 74–81.; Chaitin, Gregory. 2007. “The Halting Probability Omega: Irreducible Complexity in Pure Mathematics.” Milan Journal of Mathematics 75 (1): 291–304.
[18] « As many have argued recently, pressures around our personal abilities to improve our wellness and prevent disease and even aging are suggestive of a form of power Michel Foucault identified as governmentality, where the notions of risk and empowerment play crucial roles (…) the commercialization of bodies and biological materials in biocapitalism. Biological vitality, from the levels of surface flesh all the way to molecule, neuron and gene, has become a prime resource for ‘marketization’ in biocaptialist economies (…) Neoliberalism cannot be, as some descriptions might suggest, utterly totalizing and hegemonic. Brenda Weber (2009), following Wendy Brown (2006) and Aihwa Ong (1999), emphasizes how neoliberalism is a complex ideological apparatus that is inconsistent and ever-changing. Rather than creating wholly ‘passive and complacent’ citizens, Weber (2009: 52) argues that it instead mutates and is mutating, and is incomplete in its ability to shape the citizenry. » (Pitts-Taylor, 2012:641).
[19] «The intimacy between neoliberal capitalist models of organization and neuroscientific models of the plastic brain that Malabou recognizes is two-directional. Malabou finds global capitalism saturated with neurosciencebased language, so that neuroscience serves ideologically to naturalize global capitalism.» (Pitts-Taylor, 2012: 648).
[20] Para uma análise, redigida por N. Katherine Hayles, do relatório «Surveillance: Citizens and the State.», do Reino Unido, Cf. Hayles (2009).
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Seriam os ciborgues pós-capitalistas? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU