18 Janeiro 2018
Um bispo católico da Nova Zelândia afirmou que a Igreja Católica está passando por uma “mudança galileana" em relação à homossexualidade, uma fase que é liderada justamente pelos jovens. Outros prelados da Nova Zelândia manifestaram-se em relação às questões LGBT durante os encontros dedicados aos jovens (católicos neozelandeses), expressando uma atitude de diálogo que se alicerça sobre o Vaticano II e que foi promovida pelo Papa Francisco.
O artigo é de Robert Shine,publicado por em Bondings 2.0, blog da Associação Católica New Ways Ministry (Estados Unidos), 10-01-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
O bispo neozelandês Stephen Lowe, de Hamilton, afirmou que são os jovens que traçam a pauta da Igreja sobre as questões LGBT. A revista NZCatholic escreve que o Bispo Lowe declarou durante um workshop do Festival dos jovens católicos Aotearoa que:
"Acredito que os jovens sejam os profetas da Igreja. Sempre têm algo a dizer à Igreja. E aqui está o resultado. Os jovens querem que a Igreja seja cada vez mais aberta para as pessoas LGBT".
Segundo ele, a questão da homossexualidade poderia representar uma “mudança galileana” para a Igreja. Em 1633, Galileu Galilei foi preso sob a acusação de heresia por dizer que a Terra não era o centro do universo, mas que girava ao redor do sol.
“A psicologia no momento está aberta ao debate, mas a Igreja precisa se confrontar com a ciência e com a experiência dos casais do mesmo sexo", continuou o prelado.
Quando perguntado se um transexual poderia se tornar um padre, Lowe respondeu negativamente, acrescentando que se trata de "um mundo diferente" daquele em que ele foi criado.
Durante seu discurso no festival da juventude, o bispo Patrick Dunn de Auckland, afirmou: "É nosso dever fazer com que as pessoas LGBT se sentam bem-vindas. São pessoas maravilhosas, mas se sentem rejeitadas pela Igreja". No outono passado, Dunn escreveu em um artigo que o livro do Padre James Martin, Construir uma ponte, merece ser lido e que ele também tem amigos e parentes homossexuais.
Finalmente também o bispo John Dew de Wellington, fez referência ao Papa Francisco para responder à pergunta sobre como os católicos deveriam lidar com aqueles, mesmo dentro da Igreja Católica, que apoiam o casamento igualitário ou o aborto: "O Papa Francisco diz não devemos condenar as pessoas que estão em semelhante situação. Devemos caminhar com elas e nos certificar de que estão conscientes dos ensinamentos da Igreja que lhes permitam fazer escolhas sensatas e informadas; além disso, se uma pessoa está em uma situação difícil ou uma situação contrária aos ensinamentos da Igreja, devemos ouvi-la, acompanhá-la, ajudá-la a entender. E mesmo que ela não entenda tudo até o fim, de qualquer forma não a mandaremos embora”.
Em 2014 o bispo Dew participou do Sínodo da Família e foi porta-voz da necessidade de uma linguagem menos julgadora da Igreja em relação à homossexualidade'.
A referência do bispo Lowe à "mudança galileana" é de grande importância para as hierarquias eclesiásticas que deveriam se confrontar com as pessoas LGBT, utilizando os mais recentes conhecimentos científicos. Mas o que é mais notável nesse episódio, não é o conteúdo das mensagens dos bispos, mas a metodologia que eles utilizaram.
Instaurar esse tipo de conversações com os jovens significa concretizar aquela Igreja do diálogo de que falava o Concílio Vaticano II e que o Papa Francisco persegue com convicção. As declarações dos bispos mostram como eles não pretendem exclusivamente dar respostas, mas como realmente se dispõem a ouvir as vozes dos jovens, das pessoas LGBT, das suas famílias, do Papa Francisco e assim por diante.
Em suma, estão levando muito a sério "as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias” do povo de Deus, como o Vaticano II encorajou-os a fazer, e, em contrapartida estão experimentando um novo tipo de interação humilde e caridosa.
Talvez a mensagem mais marcante da reunião esteja contida nestas palavras do bispo Dunn, palavras que também podem ser aplicadas às questões LGBT: “Nunca se sintam intimidados em perguntar aos padres e bispos sobre suas dúvidas”.
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"Sobre a homossexualidade, a Igreja Católica vive uma mudança galileana", constata bispo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU