• Início
  • Sobre o IHU
    • Gênese, missão e rotas
    • Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros
    • Rede SJ-Cias
      • CCIAS
      • CEPAT
  • Programas
    • Observasinos
    • Teologia Pública
    • IHU Fronteiras
    • Repensando a Economia
    • Sociedade Sustentável
  • Notícias
    • Mais notícias
    • Entrevistas
    • Páginas especiais
    • Jornalismo Experimental
    • IHUCAST
  • Publicações
    • Mais publicações
    • Revista IHU On-Line
  • Eventos
  • Espiritualidade
    • Comentário do Evangelho
    • Ministério da palavra na voz das Mulheres
    • Orações Inter-Religiosas Ilustradas
    • Martirológio Latino-Americano
    • Sínodo Pan-Amazônico
    • Mulheres na Igreja
  • Contato
close
search
  • Início
  • Sobre o IHU
    • Gênese, missão e rotas
    • Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros
    • Rede SJ-Cias
      • CCIAS
      • CEPAT
  • Programas
    • Observasinos
    • Teologia Pública
    • IHU Fronteiras
    • Repensando a Economia
    • Sociedade Sustentável
  • Notícias
    • Mais notícias
    • Entrevistas
    • Páginas especiais
    • Jornalismo Experimental
    • IHUCAST
  • Publicações
    • Mais publicações
    • Revista IHU On-Line
  • Eventos
  • Espiritualidade
    • Comentário do Evangelho
    • Ministério da palavra na voz das Mulheres
    • Orações Inter-Religiosas Ilustradas
    • Martirológio Latino-Americano
    • Sínodo Pan-Amazônico
    • Mulheres na Igreja
  • Contato
search

##TWEET

Tweet

“Ao aprofundar seu programa, classes dominantes aprofundam a própria ingovernabilidade do Brasil”

Mais Lidos

  • “É muita crueldade fazer uma operação como essa. Eles não estão nem aí. Querem mesmo destruir tudo. Se pudessem, largariam uma bomba, como fazem em Gaza, para destruir tudo de uma vez”, afirma o sociólogo

    Massacre no Rio de Janeiro: “Quanto tempo uma pessoa precisa viver na miséria para que em sua boca nasça a escória?”. Entrevista especial com José Cláudio Alves

    LER MAIS
  • Operação Contenção realizada na capital fluminense matou de mais de cem pessoas na periferia e entra para história como a maior chacina carioca de todos os tempos, sem, no entanto, cumprir o objetivo que era capturar Doca, apontado como líder do Comando Vermelho

    Rio de Janeiro: o desfile macabro da barbárie na passarela de sangue da Penha. Entrevista especial com Carolina Grillo

    LER MAIS
  • Massacre no Rio. “O objetivo subjacente da operação era desafiar as negociações de Trump com Lula”. Entrevista com Sabina Frederic

    LER MAIS

Vídeos IHU

  • play_circle_outline

    30º Domingo do Tempo Comum - Ano C - Deus tem misericórdia e ampara os humildes

close

FECHAR

Revista ihu on-line

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

A extrema-direita e os novos autoritarismos: ameaças à democracia liberal

Edição: 554

Leia mais

COMPARTILHAR

  • FACEBOOK

  • Twitter

  • LINKEDIN

  • WHATSAPP

  • IMPRIMIR PDF

  • COMPARTILHAR

close CANCELAR

share

09 Junho 2017

Para o eco­no­mista José Antônio Mar­tins, o es­touro das de­la­ções dos exe­cu­tivos da JBS Friboi que jo­garam de vez o go­verno Temer na fo­gueira não é ponto sem nó, após seu go­verno com­pletar um ano sem ne­nhuma “meta” al­can­çada. Na en­tre­vista que con­cedeu ao Cor­reio, ele fala de uma in­con­tro­lável es­ta­bi­li­dade do re­gime po­lí­tico e econô­mico bra­si­leiro, dentro de uma di­nâ­mica de re­a­jus­ta­mento da po­sição do país na di­visão global da ex­plo­ração ca­pi­ta­lista, ainda em ges­tação. Não há es­paço para oti­mismo.

“(As re­ve­la­ções são) apenas pro­vi­den­cial opor­tu­ni­dade para ele ser des­car­tado pelo mer­cado. Temer não con­se­guiu re­cu­perar o cres­ci­mento da eco­nomia e mos­trava até di­fi­cul­dades para aprovar as ‘re­formas’. Para o mer­cado Temer é um in­com­pe­tente até para es­conder suas fal­ca­truas. Em termos prá­ticos, acabou seu man­dato. Mas, é bom re­petir, não porque acaba de ser re­ve­lado para o grande pú­blico que ele seja apenas mais um la­drão de gra­vata a ocupar a pre­si­dência da Re­pú­blica”, afirmou.

A entrevista é de Gabriel Brito, publicada por Correio da Cidadania, 24-05-2017.

Mar­tins também acre­dita numa in­tenção ge­ne­ra­li­zada de es­tancar a Lava Jato, ope­ração que re­vela o des­con­trole das dis­putas in­ter­ca­pi­ta­listas, na­ci­o­nais e es­tran­geiras, que co­lo­nizam o Brasil. “Na luta para salvar da prisão seus mais bri­lhantes em­pre­sá­rios e suas mais im­por­tantes li­de­ranças po­lí­ticas, os donos do poder pros­ti­tuem não só seus re­pre­sen­tantes no Exe­cu­tivo e no Le­gis­la­tivo. Agora, em um es­tágio mais avan­çado da in­go­ver­na­bi­li­dade no país, pros­ti­tuem também a mai­oria dos mi­nis­tros do Su­premo Tri­bunal Fe­deral. E o fazem des­ca­ra­da­mente. Aber­ta­mente”, des­tacou.

Di­ante do quadro, e com as fracas ma­ni­fes­ta­ções que os grupos iden­ti­fi­cados à es­querda têm re­a­li­zado, o pro­fessor da UFSC e editor do Crí­tica da Eco­nomia, con­si­dera im­pos­sível qual­quer saída mi­ni­ma­mente ra­zoável para a po­pu­lação, in­clu­sive por meio das Di­retas Já, e é pes­si­mista com os tempos vin­douros.

“O clau­di­cante lu­lo­pe­tismo co­meçou a morrer por volta 2013, dois ou três anos de­pois do úl­timo choque global. E morreu de vez com o im­pe­a­ch­ment de Dilma Rous­seff. So­braram suas almas pe­nadas. Essa forma de po­pu­lismo senil foi des­car­tada pelos seus pa­trões ca­pi­ta­listas e im­pe­ri­a­listas da mesma forma como Temer está sendo agora. Mas as as­som­bra­ções do lu­lo­pe­tismo ainda pesam sobre a es­querda de­mo­crá­tica. As ma­ni­fes­ta­ções contra o go­verno, como as de do­mingo pas­sado, pre­cisam se li­bertar do peso destes mortos in­se­pultos. De todo modo, só quem for to­tal­mente in­capaz de ob­servar cui­da­do­sa­mente o que se passa na eco­nomia na­ci­onal e, con­se­quen­te­mente, o que vem pela frente no Es­tado ca­pi­ta­lista bra­si­leiro, pode ima­ginar a pos­si­bi­li­dade de mais um man­dato de Lula. Ou mesmo de uma eleição ‘normal’ em 2018. Isso é uma grande bo­bagem”, ana­lisou.

Eis a entrevista.

O que co­menta das re­ve­la­ções tra­zidas à tona com a in­ves­ti­gação dos exe­cu­tivos da JBS-Friboi, que pra­ti­ca­mente im­plodem o go­verno Temer e res­pingam po­de­ro­sa­mente em al­guns as­so­ci­ados, como Aécio Neves?

É re­sul­tado de um es­tágio avan­çado de pu­tre­fação na ca­pa­ci­dade de go­vernar das classes do­mi­nantes no Brasil. O caso Friboi re­vela de ma­neira mais clara como ver­da­deiros donos do poder têm di­fi­cul­dades cres­centes de ga­rantir a go­ver­na­bi­li­dade do seu pró­prio Es­tado. Quer dizer, di­fi­cul­dades cres­centes de exe­cutar de forma es­tável e pre­vi­sível seus in­te­resses econô­micos e a ca­pa­ci­dade de ad­mi­nis­trar a luta de classes. Nas con­di­ções clás­sicas de in­go­ver­na­bi­li­dade bur­guesa atu­al­mente em curso no Brasil, as coisas da ad­mi­nis­tração pú­blica e as pes­soas en­vol­vidas ficam im­pre­vi­si­vel­mente des­con­tro­ladas. Cro­ni­ca­mente in­go­ver­ná­veis. De re­pente, tudo acon­tece de ma­neira sur­pre­en­dente, ina­cre­di­tável. As pers­pec­tivas são de piora da si­tu­ação.

Globo e Veja já “de­mi­tiram” Temer, ainda que de­fendam suas re­formas; ou­tros como a Folha ainda tentam mantê-lo. O que falar do com­por­ta­mento da mídia em­pre­sa­rial ao con­si­de­rarmos todos os seus brados contra a cor­rupção, que to­maram conta de sua pauta jor­na­lís­tica neste sé­culo?

A mídia dos ca­pi­ta­listas e do im­pe­ri­a­lismo pro­cura en­con­trar uma saída para ga­rantir as in­de­fec­tí­veis “re­formas ne­ces­sá­rias”. Mas o que está mais do que claro é que a rou­ba­lheira não é o maior pro­blema atual da po­lí­tica bra­si­leira. Cor­rupção a gente en­contra em toda parte. É da na­tu­reza do re­gime ca­pi­ta­lista. Até re­cen­te­mente ela era trans­for­mada pelos donos do poder e sua mídia em tapa-olho po­lí­tico para es­conder os ver­da­deiros crimes econô­micos e so­ciais que eles pra­ticam quo­ti­di­a­na­mente.

Em mo­mentos de crise de go­ver­na­bi­li­dade, esse tapa-olho é mais uti­li­zado que em épocas nor­mais. Globo, Veja, Folha de S. Paulo e ou­tros re­pre­sen­tantes mai­ores da mídia dos donos do poder no Brasil con­ti­nuam re­per­cu­tindo essa mis­ti­fi­cação. É im­por­tante des­viar a opi­nião e o ima­gi­nário do grande pú­blico do ver­da­deiro pro­blema po­lí­tico atual. Mas tal ex­pe­di­ente já perde sua força frente à gra­vi­dade da si­tu­ação econô­mica e so­cial.

Os ca­pi­ta­listas e ren­tistas em geral, por seu lado, não se iludem com bo­ba­gens mo­ra­li­zantes. Sabem que o grande pro­blema criado com a imi­nente queda de Mi­chel Temer – per­fei­ta­mente es­pe­rada pelas pes­soas bem in­for­madas, diga-se de pas­sagem – é que, além de ou­tros fla­grantes de­litos ca­pi­ta­listas, as sa­gradas “re­formas” tra­ba­lhistas e da Pre­vi­dência, apa­ren­te­mente tão bem en­ca­mi­nhadas, até o dia 17 de maio, po­de­riam cair junto com o atual go­verno.

En­xerga re­lação entre as re­ve­la­ções da JBS e a falta de re­sul­tados prá­ticos do go­verno?

En­xergo. Mas não como uma cons­pi­ração mi­nu­ci­o­sa­mente pla­ne­jada, como alar­deia o pró­prio Temer. Apenas como pro­vi­den­cial opor­tu­ni­dade para ele ser des­car­tado pelo mer­cado. Temer não con­se­guiu re­cu­perar o cres­ci­mento da eco­nomia e mos­trava até di­fi­cul­dades para aprovar as “re­formas”. Antes mesmo do ter­re­moto de de­la­ções da úl­tima se­mana, o ho­mens do mer­cado já ti­nham per­dido grande parte da con­fi­ança de que esse go­verno pro­vi­sório ti­vesse força po­lí­tica su­fi­ci­ente para ad­mi­nis­trar seus ne­gó­cios.

As provas agora apre­sen­tadas de que ele também é um grande la­drão do erário pú­blico só fi­zeram agravar aquela des­con­fi­ança. Para o mer­cado Temer é um in­com­pe­tente até para es­conder suas fal­ca­truas. Em termos prá­ticos, acabou seu man­dato. Mas, é bom re­petir, não porque acaba de ser re­ve­lado para o grande pú­blico que ele seja apenas mais um la­drão de gra­vata a ocupar a pre­si­dência da Re­pú­blica.

O pro­blema Temer para os ca­pi­ta­listas é outro. E que vai pautar todo o des­do­bra­mento po­lí­tico dos pró­ximos meses. Qual, neste mo­mento, é a uti­li­dade de um pre­si­dente da Re­pú­blica in­capaz de cons­ti­tuir um ver­da­deiro go­verno, quer dizer, um co­mitê de ne­gó­cios das classes do­mi­nantes capaz de des­car­regar su­ces­sivas “re­formas” nas costas da classe tra­ba­lha­dora? Dá para pensar na es­ta­bi­li­dade de algum go­verno que não seja capaz de ga­rantir a paz so­cial e, con­se­quen­te­mente, os lu­cros dos pa­trões? Foi pela in­com­pe­tência de cum­prir essas ta­refas que Temer caiu em des­graça.

Como fica a Lava Jato e seus prin­ci­pais pro­ta­go­nistas do poder ju­di­ciário com a eclosão deste es­cân­dalo, vin­cu­lado à outra in­ves­ti­gação da Po­lícia Fe­deral, a Carne Fraca?

Creio que todos os grupos ca­pi­ta­listas que agem no Brasil, tanto os na­ci­o­nais quanto es­tran­geiros, em­bora muito di­vi­didos pelos seus in­te­resses econô­micos par­ti­cu­lares, estão mais unidos do que nunca na in­tenção de in­ter­romper a cha­mada Lava Jato. A Lava Jato tornou-se apenas um foco de des­con­trole da ad­mi­nis­tração dos ne­gó­cios. Jus­ta­mente a Lava Jato que até pouco tempo atrás eles amavam tanto. In­clua-se aí a alta classe média con­ser­va­dora que saía às ruas ba­tendo pa­nela e pe­dindo o fim da cor­rupção.

Mas não se trata apenas da Lava Jato. Na luta para salvar da prisão seus mais bri­lhantes em­pre­sá­rios e suas mais im­por­tantes li­de­ranças po­lí­ticas, os donos do poder pros­ti­tuem não só seus re­pre­sen­tantes no Exe­cu­tivo e no Le­gis­la­tivo. Agora, em um es­tágio mais avan­çado da in­go­ver­na­bi­li­dade no país, pros­ti­tuem também a mai­oria dos mi­nis­tros do Su­premo Tri­bunal Fe­deral. E o fazem des­ca­ra­da­mente. Aber­ta­mente.

Assim, trans­formam de fato todos os pro­ta­go­nistas do Poder Ju­di­ciário, em todas as suas ins­tân­cias, em todo o país, em meros bo­necos de­co­ra­tivos, sem qual­quer au­to­nomia. Mais do que em qual­quer di­ta­dura mi­litar do pas­sado.

Qual o ba­lanço deste ano de go­verno Temer, em es­pe­cial em termos econô­micos e os su­postos re­mé­dios para a crise mi­nis­trados por Hen­rique Mei­relles?

O ano de go­verno Temer foi um enorme fra­casso econô­mico. A eco­nomia per­ma­neceu es­tag­nada, o de­sem­prego au­mentou no mesmo ritmo em que se ace­le­rava a de­flação dos preços, dos sa­lá­rios e da uti­li­zação da ca­pa­ci­dade ins­ta­lada. Sem falar em um au­mento dos de­se­qui­lí­brios das contas pú­blicas, exa­ta­mente os de­se­qui­lí­brios que o go­verno pro­metia eli­minar. Os re­mé­dios mi­nis­trados por Mei­relles du­rante o pri­meiro ano de go­verno Temer foram os mesmos de Jo­a­quim Levy du­rante o se­gundo go­verno de Dilma Rous­seff. Re­mé­dios to­tal­mente equi­vo­cados para se en­frentar uma crise cí­clica.

Os dois úl­timos go­vernos bra­si­leiros são os únicos no mundo, junto com o atual da Ar­gen­tina, que fazem neste mo­mento uma po­lí­tica econô­mica con­tra­ci­o­nista. Até as ou­tras grandes eco­no­mias do­mi­nadas do sis­tema global, como China, Índia, Rússia, Tur­quia etc. fazem po­lí­tica fiscal e mo­ne­tária an­ti­cí­clica, quer dizer, re­dução da taxa bá­sica de juros, au­mento dos gastos do go­verno etc. Só no Brasil de Dilma e de Temer, junto com a Ar­gen­tina de Macri, aplica-se a sangue frio a po­lí­tica da morte, a po­lí­tica dos juros e do “ajuste” dos pa­ra­sitas.

As eco­no­mias do Brasil e da Ar­gen­tina ainda per­ma­necem “apenas” es­tag­nadas porque estão es­pe­rando pas­si­va­mente o pró­ximo choque cí­clico global. Quando este úl­timo ocorrer, muitas vezes mais po­tente que o úl­timo ocor­rido em 2008/2009, as duas mai­ores eco­no­mias da Amé­rica do Sul afun­darão abra­çadas. Isso é ines­ca­pável. É nesta pers­pec­tiva econô­mica que se deve pro­jetar a pers­pec­tiva po­lí­tica do curto e médio prazo. A au­to­nomia re­la­tiva desta úl­tima já está quase que to­tal­mente con­su­mida.

Como ana­lisa o com­por­ta­mento do lu­lo­pe­tismo em meio a isso tudo? O que achou das ma­ni­fes­ta­ções contra o go­verno neste do­mingo?

O clau­di­cante lu­lo­pe­tismo co­meçou a morrer por volta 2013, dois ou três anos de­pois do úl­timo choque global. E morreu de vez com o im­pe­a­ch­ment de Dilma Rous­seff. So­braram suas almas pe­nadas. Essa forma de po­pu­lismo senil foi des­car­tada pelos seus pa­trões ca­pi­ta­listas e im­pe­ri­a­listas da mesma forma como Temer está sendo agora. Os mo­tivos da re­pen­tina inu­ti­li­dade do lu­lo­pe­tismo para os ca­pi­ta­listas são exa­ta­mente os mesmos que agora selam o des­tino de Temer.

Mas as as­som­bra­ções do lu­lo­pe­tismo ainda pesam sobre a es­querda de­mo­crá­tica. As ma­ni­fes­ta­ções contra o go­verno, como as de do­mingo pas­sado, pre­cisam se li­bertar do peso destes mortos in­se­pultos. Caso con­trário, con­ti­nu­arão muito tí­midas e sem jogar o im­por­tante papel que po­de­riam re­pre­sentar nas ba­ta­lhas de­ci­sivas da luta de classes que já se anun­ciam no nosso dia a dia.

Você con­si­dera que toda a es­querda já está ren­dida à ideia de mais um man­dato de Lula? Neste caso, o que co­men­taria do com­por­ta­mento de Lula e dos que for­mulam os dis­cursos do pe­tismo, no sen­tido de um even­tual ter­ceiro man­dato?

Creio que nem toda a es­querda de­mo­crá­tica es­teja ren­dida a essa ideia sem sen­tido na re­a­li­dade das coisas. Acho que co­meçam a surgir si­nais alen­ta­dores de que partes cres­centes da es­querda de­mo­crá­tica se dis­tan­ciam do po­pu­lismo as­sis­ten­ci­a­lista de triste me­mória. Dis­tan­ciam-se, in­te­li­gen­te­mente, de uma ilu­sória pers­pec­tiva elei­to­reira e da agenda po­lí­tica bur­guesa. São ca­madas sé­rias de re­vo­lu­ci­o­ná­rios que, nos úl­timos quinze anos, so­bre­vi­veram dig­na­mente ao ter­ro­rismo co­la­bo­ra­ci­o­nista dos go­vernos e pe­legos lu­lo­pe­tistas.

De todo modo, só quem for to­tal­mente in­capaz de ob­servar cui­da­do­sa­mente o que se passa na eco­nomia na­ci­onal e, con­se­quen­te­mente, o que vem pela frente no Es­tado ca­pi­ta­lista bra­si­leiro, pode ima­ginar a pos­si­bi­li­dade de mais um man­dato de Lula. Ou mesmo de uma eleição “normal” em 2018. Isso é uma grande bo­bagem.

O que con­si­dera do atual mo­mento das es­querdas e seus dis­cursos em meio à crise de um mo­delo econô­mico que já com­pleta uma dé­cada no pla­neta?

A eco­nomia bra­si­leira vive neste mo­mento um im­passe his­tó­rico. En­contra-se tra­vada a ca­pa­ci­dade de acu­mu­lação do ca­pital na an­tiga forma como vinha se re­a­li­zando até o choque de 2008/2009. Pro­blemas in­so­lú­veis de pro­du­ti­vi­dade, preços, sa­lá­rios e taxa de lucro que cor­res­pondam às novas con­di­ções de va­lo­ri­zação do ca­pital global de­pois deste úl­timo choque de 2008/2009. O mesmo pro­blema é en­fren­tado pelas de­mais grandes eco­no­mias do­mi­nadas dos BRICS, assim como as da Ar­gen­tina, do Mé­xico, da pe­ri­feria da União Eu­ro­peia etc.

É um pro­blema muito amplo cujo de­ta­lha­mento e es­cla­re­ci­mentos não cabem nesta rá­pida en­tre­vista. Su­ge­rimos que acessem nosso site da Crí­tica da Eco­nomia, onde tra­tamos exaus­ti­va­mente deste pro­blema. Basta dizer, por hoje, que as classes do­mi­nantes e im­pe­ri­a­listas contam com uma única carta para tentar re­solver esse ca­be­çudo pro­blema. Ou, me­lhor di­zendo, se de­frontam com uma ver­da­deira si­nuca de bico para des­travar a acu­mu­lação de ca­pital no país e voltar a crescer a altas taxas de lucro e de pro­duto in­terno bruto.

Trata-se de in­te­grar com­pe­ti­ti­va­mente a eco­nomia na­ci­onal às imundas ca­deias pro­du­tivas glo­bais de ca­pital. In­dús­trias mon­ta­doras, ma­qui­a­doras, pla­ta­formas de ex­por­tação, zonas econô­micas es­pe­ciais e ou­tras bar­ba­ri­dades da pro­dução im­pe­ri­a­lista global. Bar­ba­ri­dades, diga-se de pas­sagem, re­ser­vadas ex­clu­si­va­mente para eco­no­mias do­mi­nadas na hi­e­rar­quia im­pe­ri­a­lista global. Para tanto os sa­lá­rios da classe ope­rária no Brasil (ou do exér­cito in­dus­trial de re­serva no Brasil, de ma­neira mais ampla) de­ve­riam ser re­du­zidos a ní­veis hai­ti­anos, in­di­anos, vi­et­na­mitas e ou­tras coisas ab­surdas da glo­ba­li­zação ca­pi­ta­lista.

Isto já vem sendo re­a­li­zado desde o se­gundo go­verno Dilma. Este é também o sen­tido das fa­mi­ge­radas “re­formas ne­ces­sá­rias”, que eles tratam com um fa­na­tismo que nin­guém vai en­con­trar nem na mais fun­da­men­ta­lista re­li­gião que se tenha no­tícia em todo o mundo. Vide prin­ci­pal­mente as novas le­gis­la­ções de ter­cei­ri­zação, da jor­nada de tra­balho, das ne­go­ci­a­ções de sa­lá­rios etc.

A po­lí­tica econô­mica apa­ren­te­mente sui­cida que fa­lamos antes também é exe­cu­tada de ma­neira or­gâ­nica a essa ar­qui­te­tura da des­truição: só uma brutal e longa de­sa­ce­le­ração da pro­dução, acom­pa­nhada de cor­res­pon­dente de­sem­prego, pode re­duzir os sa­lá­rios aos ní­veis ne­ces­sá­rios aos ca­pi­ta­listas. Mas isso só pode ser exe­cu­tado pas­sando pelo crivo da luta de classes.

Cor­reio da Ci­da­dania: Vol­tando à mídia, um man­dato pre­si­den­cial iden­ti­fi­cado à es­querda teria o di­reito de não de­bater a questão da de­mo­cra­ti­zação da mídia e de fazer uma dura re­visão a res­peito da con­cessão da Rede Globo, após exercer enorme papel po­lí­tico na queda de Dilma, a vencer em 2022?

Essa ideia de um man­dato pre­si­den­cial iden­ti­fi­cado à es­querda é ab­surda, to­tal­mente vazia, de­vido às con­di­ci­o­nantes ma­te­riais ab­so­lu­ta­mente iné­ditas na so­ci­e­dade bra­si­leira que ob­ser­vamos bre­ve­mente acima. Mais ab­surdo ainda é se pensar em de­mo­cra­ti­zação da mídia, re­visão da con­cessão da Rede Globo em 2022 e ou­tras gri­tantes in­ge­nui­dades frente ao apo­dre­cido quadro po­lí­tico atual. Sem levar as iné­ditas con­di­ções ma­te­riais atuais em con­si­de­ração, qual­quer ten­ta­tiva de se pensar as pers­pec­tivas po­lí­ticas bra­si­leiras, mesmo para o cur­tís­simo prazo, es­tará to­tal­mente fal­seada.

Pro­cu­rando ser o mais di­dá­tico pos­sível: ao apro­fundar sua atual po­lí­tica econô­mica e so­cial, as classes do­mi­nantes apro­fundam na mesma pro­porção sua in­go­ver­na­bi­li­dade po­lí­tica. Isso ocorre porque a ma­tança da classe ope­rária atu­al­mente em curso eleva a mi­séria da po­pu­lação em geral e a luta de classes a ní­veis al­ta­mente ex­plo­sivos. Não é apenas uma hi­pó­tese, é re­sul­tado de uma in­subs­ti­tuível ne­ces­si­dade das classes do­mi­nantes no Brasil.

Já pode ser cla­ra­mente ve­ri­fi­cada no dia a dia da po­lí­tica bra­si­leira. Basta prestar atenção nas coisas reais que estão acon­te­cendo na nossa cara. É no bojo desta con­tra­dição entre ne­ces­si­dades do ca­pital e sis­te­má­tico as­sas­si­nato de grandes con­tin­gentes do exér­cito in­dus­trial de re­serva que as classes do­mi­nantes perdem o con­trole até das mai­ores ins­ti­tui­ções da ad­mi­nis­tração bu­ro­crá­tica do go­verno e do seu pró­prio apa­relho po­li­cial de re­pressão. E apro­ximam ce­le­re­mente o país de uma guerra civil.

Quais se­riam as me­lhores saídas no curto prazo para essa enorme crise de le­gi­ti­mi­dade da po­lí­tica e até da de­mo­cracia?

Creio que a res­posta de­pende de qual lado da luta de classes você se en­contra e da sua pre­o­cu­pação pes­soal com os des­tinos da de­mo­cracia e a sal­vação de ou­tras ins­tân­cias deste re­gime po­lí­tico bur­guês. Mas isso ainda é in­su­fi­ci­ente. A des­peito da me­lhor for­mu­lação pes­soal a res­peito das inú­meras saídas po­lí­ticas no curto prazo para a bur­guesia e sua ca­ri­nhosa go­ver­na­bi­li­dade, creio que do­ra­vante, dada a gra­vi­dade da si­tu­ação, mais do que em ou­tras si­tu­a­ções menos tur­bu­lentas, só a luta de classes e o pro­le­ta­riado em ação po­derão dar uma res­posta mais pre­cisa a essas in­da­ga­ções.

Leia mais

  • Mais de 100 mil em São Paulo pedem diretas já e enaltecem a importância das ruas
  • JBS vive inferno pós delação com perda de valor, boicote e novas investigações
  • Cinco perguntas sem resposta na delação da JBS que abalou Brasília
  • Intervenção de procurador do ‘mensalinho’ daria à JBS economia de R$ 578 mi, diz executivo
  • JBS e o segundo mergulho profundo nas entranhas corruptas do Brasil
  • Aécio tinha plano para melar a Lava Jato, mostram diálogos
  • “Diretas Já são muito pouco diante das nossas necessidades”
  • A política econômica dos mosquitos
  • Os 12 milhões de desocupados e a política econômica da insensatez
  • Câmara aprova terceirização para todas as atividades. Entenda o que muda
  • ''A economia fracassou, o capitalismo é guerra, a globalização é violência.'' Entrevista com Serge Latouche
  • 2018. A esperança de Lula
  • “Depois da crise política e econômica, virá a crise social”
  • O que pode estar escondido sob a crise econômica do Brasil
  • O debate à esquerda
  • 'Em 2018, ideias neoliberais serão enterradas no debate, pela esquerda ou pela direita'
  • Quando o desemprego é um projeto
  • Desemprego ampliado no Brasil é de 21,2%, quase o dobro da taxa oficial
  • Lições da crise de 2008 e 2009
  • O desemprego e os ‘funcionários-polvo’
  • “A Operação Lava Jato precisa chegar ao poder Judiciário”
  • Delação da JBS confirma que corrupção não é privilégio de um único partido ou governo, diz cientista político
  • Entenda a reforma da Previdência (que vai fazer você trabalhar mais)
  • Situação e futuro de Temer dividem os três maiores jornais do país
  • “Modelo do Brasil não é capitalismo, é socialismo para os ricos”

Notícias relacionadas

  • O escândalo econômico do dom

    LER MAIS
  • "Nossas cidades são insustentáveis". Entrevista especial com Luciana Ferrara

    LER MAIS
  • João Goulart e um projeto de nação interrompido. Entrevista especial com Oswaldo Munteal

    LER MAIS
  • ''A fé não é um produto como todos os outros''. Entrevista com Éric Jaffrain

    Éric Jaffrain, consultor de marketing de organizações sem fins lucrativos, tendo criado o conceito de gift economy, a economi[...]

    LER MAIS
  • Início
  • Sobre o IHU
    • Gênese, missão e rotas
    • Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros
    • Rede SJ-Cias
      • CCIAS
      • CEPAT
  • Programas
    • Observasinos
    • Teologia Pública
    • IHU Fronteiras
    • Repensando a Economia
    • Sociedade Sustentável
  • Notícias
    • Mais notícias
    • Entrevistas
    • Páginas especiais
    • Jornalismo Experimental
    • IHUCAST
  • Publicações
    • Mais publicações
    • Revista IHU On-Line
  • Eventos
  • Espiritualidade
    • Comentário do Evangelho
    • Ministério da palavra na voz das Mulheres
    • Orações Inter-Religiosas Ilustradas
    • Martirológio Latino-Americano
    • Sínodo Pan-Amazônico
    • Mulheres na Igreja
  • Contato

Av. Unisinos, 950 - São Leopoldo - RS
CEP 93.022-750
Fone: +55 51 3590-8213
humanitas@unisinos.br
Copyright © 2016 - IHU - Todos direitos reservados