21 Março 2017
“Para muitos sacerdotes, não houve a possibilidade de explorar a própria sexualidade nem de aprender, nos anos de seminário, como aceitar a si mesmo como ser sexual chamado a gerir adequadamente desejos, emoções e comportamentos relacionados à própria sexualidade”. Assim afirma o livro Formazione affettivo-sessuale. Itinerario per seminaristi e giovani consacrati e consacrate [Formação afetivo-sexual. Itinerário para seminaristas e jovens consagrados e consagradas] (Ed. EDB), escrito a várias mãos, que se propõe a traçar um caminho afetivo-sexual, particularmente para aqueles que são chamados a uma vida celibatária (padres e religiosos/as).
A reportagem é de Bruno Scapin, publicada no sítio Settimana News, 17-03-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Logo acima, na mesma página, diz-se que, muitas vezes, no caminho formativo, “não houve uma ajuda para compreender como viver o compromisso celibatário, senão na busca de evitar qualquer tentação possível e de resistir à entrega aos próprios impulsos”.
Para responder a essa carência de formação e para auxiliar os formadores, a Faculdade de Ciências da Educação da Universidade Pontifícia Salesiana se comprometeu para preparar este precioso instrumento, rico em indicações concretas.
Sobre a oportunidade dessa obra, expressa-se no prefácio o bispo J. C. Patrón Wong, secretário da Congregação do Clero para os seminários, onde ele escreve que, “no nosso tempo, não pode mais ser negligenciada uma formação sistemática, integral e exigente” no âmbito afetivo-sexual.
E, se continua sendo verdade que, também nesse setor, o primado pertence à graça de Deus, no entanto, não pode faltar “o bom agir de formadores competentes”, por um lado, e, por outro, a aceitação por parte dos candidatos de “uma corajosa análise e a abertura, confiante e transparente, a um verdadeiro acompanhamento formativo”.
Na apresentação, os três autores principais, que recordam também todas as outras contribuições presentes no texto, afirmam que, até um passado recente, o discurso afetividade/sexualidade na vida dos padres e dos consagrados era jogado “quase exclusivamente sobre o lado espiritual”. Depois, “entrou a ênfase em um recurso privilegiado às Ciências Humanas, em detrimento da dimensão espiritual”. Agora, é a hora de compor os dois aspectos de modo harmônico.
Em poucas linhas, os autores oferecem o rastro do seu trabalho. Fala-se do propósito dessas páginas, que é de fazer com que se compreenda como a afetividade/sexualidade “pertencem àquele núcleo profundo e vital da pessoa capaz de dar sabor e força às experiências e às escolhas da vida”.
Depois, passa-se a integrar esse aspecto com as outras características que formam a personalidade. O ponto culminante do caminho formativo é a capacidade da pessoa “de tecer relações profundas”.
O volume analisa, passo a passo, as etapas presentes nesse caminho formativo, da busca vocacional até a plena inserção comunitário-pastoral. Alguns capítulos (por exemplo, aqueles que tratam do estresse, do perdão, do projeto de vida pessoal, do sonho...) parecem ir além do tema principal. Na realidade, tudo parece conectado e finalizado a uma gestão madura de uma sexualidade celibatária.
A impressão geral que se obtém da leitura desse texto é de uma visão serena e positiva, que, embora apresentando um ideal muito alto, aceita a lei da gradualidade. A linguagem utilizada é facilmente compreensível, embora seja frequente a referência a estudos especializados. A ampla bibliografia no fim de cada capítulo dá conta da seriedade e da solidez de cada discussão.
Os autores têm razão quando escrevem que os primeiros destinatários do texto são os formadores, mas também “seminaristas, sacerdotes, religiosos e religiosas (com votos temporários ou perpétuos) individuais que queiram utilizá-lo para orientar o próprio crescimento humano e religioso”.
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Sobre a formação afetivo-sexual de seminaristas e jovens consagrados e consagradas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU