19 Junho 2020
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Mateus 10,26-33 que corresponde ao 12° Domingo do ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
A lembrança da execução de Jesus ainda era muito recente. Pelas comunidades cristãs circulavam diversas versões da sua paixão. Todos sabiam que era perigoso seguir alguém que havia terminado tão mal. Recordava-se uma frase de Jesus: “O discípulo não está acima de seu Mestre”. Se a Ele lhe chamaram Belzebu, o que não dirão dos seus seguidores?
Jesus não queria que seus discípulos tivessem falsas ilusões. Ninguém pode pretender realmente segui-lo sem compartilhar de alguma maneira sua sorte. Em algum momento, alguém nos rejeitará, maltratará, insultará ou condenará. O que temos de fazer?
A resposta vem de dentro de Jesus: “Não lhes tenhais medo”. O medo é mau. Nunca deve paralisar os Seus discípulos. Não devem calar-se. Não devem cessar de propagar a Sua mensagem por nenhum motivo.
Jesus explica-lhes como eles devem colocar-se ante a perseguição. Com Ele começou já a revelação da Boa Nova de Deus. Devem confiar. O que ainda está “oculto” e “escondido” a muitos, um dia ficará claro: irá conhecer-se o mistério de Deus, seu amor ao ser humano e seu projeto de uma vida mais feliz para todos.
Os seguidores de Jesus estão chamados a fazer parte desde já no processo de revelação: “O que Eu vos digo à noite, dizei em plena luz do dia”. O que lhes explica ao anoitecer, antes de se retirar para descansar, têm de comunicar sem medo “em pleno dia”. “O que Eu vos digo ao ouvido, proclamai dos telhados”. O que lhes sussurra ao ouvido para que penetre bem no seu coração, têm de torná-lo público.
Jesus insiste que não tenham medo. “Quem fica do meu lado”, nada tem que temer. O último julgamento será para Ele uma surpresa alegre. O juiz será o “Meu Pai do céu”, aquele que os ama infinitamente. O defensor serei Eu mesmo: “que me colocarei do vosso lado”. Quem pode infundir-nos mais esperança no meio das provações?
Jesus imaginava seus seguidores como um grupo de crentes que sabem “colocar-se do seu lado” sem medo. Por que somos tão pouco livres para abrir novos caminhos mais fiéis a Jesus? Por que não nos atrevemos a apresentar de forma simples, clara e concreta o essencial do evangelho?
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Seguir Jesus sem medo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU