11 Novembro 2018
O Prefeito do Dicastério vaticano para o Desenvolvimento Humano Integral, o cardeal Peter Turkson, denunciou na Universidade Gregoriana de Roma que "alguns" sacerdotes e bispos estão causando um "bloqueio do fluxo de informação e conhecimento" do magistério do Papa Francisco sobre a importância do cuidado da Casa Comum. O artigo foi publicado por Religión Digital, 09-11-2018. A tradução é de Graziela Wolfart.
Este "boicote" de alguns líderes da Igreja a escritos papais, tais como a encíclica Laudato si' se torna ainda mais sério, segundo Turkson, porque "a situação climática é crítica e as promessas feitas durante a COP 21, em Paris, não foram mantidas".
O cardeal Turkson fez esta afirmação durante a apresentação da segunda edição do diploma em ecologia integral da universidade pontifícia. Ocasião que o purpurado também aproveitou para recordar as Conferências Episcopais do mundo todo que "são chamadas a difundir e tornar conhecida a encíclica Laudato si', em um espírito de colegialidade".
Por outro lado, teólogos e especialistas também concordaram em outro ato em Roma nesta quinta-feira, que a Laudato si' é um chamado a integrar a ecologia e a qualidade de vida nas políticas públicas.
O ex-porta-voz do Vaticano e atual presidente da fundação Joseph Ratzinger-Bento XVI, Federico Lombardi, destacou em um ato na Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) a importância de "integrar aspectos da qualidade de vida", não só pelo aspecto econômico ou quantitativo, nas políticas dos países.
Para ele, o Papa quis publicar sua encíclica em 2015 como um "manifesto para chamar à mobilização social" com o objetivo de defender a "casa comum" e promover "a conversão ecológica necessária" com a adoção de novos estilos de vida.
Francisco recebeu nesta quarta-feira o exemplar de uma nova publicação, apresentada ontem pelo reitor da Universidade Católica de Costa Rica, Fernando Sánchez, que reúne as conclusões finais de um estudo sobre como o documento do Magistério se reflete nas políticas públicas dos países.
O resultado foi a elaboração de um índice humano-ecológico, originado no ano passado durante um simpósio na Costa Rica, no qual Finlândia, Nova Zelândia e Austrália ocupam os primeiros postos de um total de 127 por serem os que melhor integram variáveis como o bem-estar coletivo, o cuidado ambiental ou a pegada ecológica.
Além disso, estima-se que 55% da população mundial vive em condições "inaceitáveis", de acordo com os parâmetros contemplados na encíclica.
Sánchez garantiu que estão trabalhando com outras instituições acadêmicas "para ver as razões que existem por detrás de cada posição no índice", no sentido de poder apresentar novos resultados a cada dois anos.
"O Papa propõe empreender a conversão ecológica que permite, a partir da solidariedade universal, unir toda a família humana para o desenvolvimento sustentável e integral", afirmou o reitor, que destacou que a encíclica põe a ecologia em um lugar "central" dentro da doutrina social da Igreja.
O subdiretor geral da FAO, René Castro, lembrou que os 50 países mais pobres do planeta, responsáveis por menos de 1% das emissões de gases de efeito estufa, sofrerão os piores impactos da mudança climática.
"Temos a tecnologia e os instrumentos para fazer melhor", apontou.
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Cardeal Turkson denuncia que há bispos que "boicotam" o magistério de Francisco sobre a Casa Comum - Instituto Humanitas Unisinos - IHU