Por: Jonas | 12 Março 2015
O cardeal Peter Turkson (foto), um dos principais colaboradores do Papa na elaboração de sua próxima encíclica sobre o meio ambiente, reconheceu que existem diferenças sobre as causas da mudança climática, mesmo assim ressaltou que “aquilo que não está em debate é que nosso planeta está aquecendo” e os cristãos têm um dever que remonta aos “antigos ensinamentos bíblicos” para enfrentar o problema.
Fonte: http://goo.gl/q8b1I8 |
A reportagem é publicada por Religión Digital, 11-03-2015. A tradução é do Cepat.
Em um discurso pronunciado na semana passada, na Irlanda, o presidente do Pontifício Conselho “Justiça e Paz” afirmou que Francisco não está fazendo um chamado político para tomar as armas, nem uma tentativa de fazer com que a Igreja “seja mais verde”.
De seu posto, o Pontífice está dando ênfase aos ensinamentos sociais católicos que relacionam a proteção da vida com a conservação do meio ambiente, declarou Turkson.
“Para o cristão, a preservação da atual obra da criação de Deus é um dever, sem importar quais são as causas da mudança climática”, afirmou Turkson, em seu discurso de quinta-feira, na Pontifícia Universidade St. Patrick, em Maynooth, Irlanda. “Cuidar da criação, desenvolver e viver uma ecologia integral como base para o desenvolvimento e a paz no mundo é um dever cristão fundamental”.
A esperada encíclica será difundida em junho ou julho, e apenas o Papa decidirá o conteúdo do documento definitivo. No entanto, muitos observadores consideram as palavras de Turkson como um adiantamento da encíclica, em razão de seu papel na elaboração do documento.
Austen Ivereigh, autor do livro sobre Francisco “The Great Reformer” (1), descreveu o discurso de Turkson como a “abertura da cortina” para o que será, ao final, a declaração papal.
Michael Peppard, teólogo da Universidade Fordham, que acompanha de perto as declarações de Francisco sobre o meio ambiente, referiu-se ao discurso de Turkson como “um indicador confiável” do enfoque que o Pontífice adotará.
“A fala do cardeal Turkson, durante um seminário pontifício na Irlanda, foi dirigida a toda a Igreja”, afirmou Bill Petenaude, conferencista de ensinamento católico e meio ambiente no Providence College, em Rhode Island, e autor do blog Catholicecology.net.
Segundo Patenaude, o conselho dirigido por Turkson se dedicou, em especial, para preparar a Igreja e o público para a encíclica, com o objetivo de que esta seja interpretada adequadamente e, portanto, esse discurso deve ser visto como parte dessa preparação.
O texto do discurso do cardeal foi difundido na página de internet da Conferência de Bispos da Irlanda. Ao citar o livro do Gênesis, Turkson disse que os católicos “são exortados para que protejam e cuidem tanto da criação como da pessoa humana”.
“Evidentemente esta não é uma agenda estreita para fazer com que a Igreja e o mundo adotem uma perspectiva ‘verde’. É uma visão de cuidado e proteção que abarca a pessoa humana e o meio ambiente humano em todas as dimensões possíveis”, destacou o cardeal.
Turkson disse que o Papa se viu “incentivado pelas evidências científicas a respeito da mudança climática”, e o cardeal mencionou o relatório sintetizado pelo Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre a Mudança Climática adscrito às Nações Unidas.
Nesse documento, divulgado em novembro, conclui-se que a mudança climática está ocorrendo e, em quase a sua totalidade, é responsabilidade do homem.
Turkson reconheceu que há diferenças em torno das conclusões desse painel, mas afirmou que “para o papa Francisco isso não é importante”. O cardeal disse que para o Pontífice importa afirmar “uma verdade revelada” no capítulo 2 de Gênesis, versículo 15, sobre a obrigação sagrada de cultivar e cuidar da Terra.
Nota da IHU On-Line:
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“Cuidar da Criação e viver uma ecologia integral é um dever cristão fundamental”, afirma cardeal Turkson - Instituto Humanitas Unisinos - IHU