26 Agosto 2016
Woody Allen tinha cinco anos quando começou a pensar na morte. “Minha mãe não sabe o que aconteceu comigo”, diz o diretor nova-iorquino movendo a cabeça, sentado na borda de uma cadeira no Hotel Martinez, em Cannes. “Era um menino muito doce nos primeiros cinco anos da minha vida e, de repente, aconteceu algo que me tornou negativo. Acredito que, com a idade, as pessoas são conscientes da morte e percebem que tudo vai acabar”.
A reportagem é de Irene Crespo, publicada por El País, 25-08-2016.
Esse pessimismo o acompanhou por toda a vida, mas preferiu rir dele, na realidade e em seus filmes, que para ele são um pouco a mesma coisa. Agora, aos 80 anos, é um pouco mais feliz na realidade e seus filmes transmitem isso, talvez seja por essa razão que Café Society, seu 47º filme como diretor, que estreia nesta quinta-feira no Brasil, seja um dos mais românticos.
“Tive uma vida melhor desde que conheci minha mulher”, reconhece. “Isso foi bom para mim e agradável, mas não fez de mim um otimista. Porque você tem sua mulher, seus filhos e, de repente, não estão mais aqui: e se acontecer algo com ela? E se acontecer algo às crianças? A ansiedade toma conta de mim. Vivi nos limites da feiura da existência humana. Mas tive sorte nos últimos anos, não sofri tanto. Tenho 80 e sofri 60 anos de minha vida”, admite e ri.
Esses debates existenciais e esse medo atroz da morte ele os passa aos protagonistas de seus filmes faz anos. E Bobby, o improvável galã de Café Society, interpretado por Jesse Eisenberg, não foi poupado. “A vida é uma comédia escrita por um cômico sádico”, diz o personagem, apesar de que a vida acaba sorrindo para ele, preso no amor entre duas belas mulheres, uma na Califórnia (Kristen Stewart) e outra em Nova York (Blake Lively), com o mesmo nome de femme fatale, Verônica.
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Woody Allen: “Era um menino doce e, de repente, algo me tornou negativo” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU