Por: André | 18 Novembro 2013
A prisão de Morsi e as consequências que teve para a Irmandade Muçulmana tiveram como consequência colateral a multiplicação dos ataques contra os cristãos coptas, alvo fácil para os radicais fundamentalistas que buscam um bode expiatório indefeso. Durante os últimos meses, cerca de 80 igrejas sofreram ataques (sobretudo incêndios) antes que as forças da ordem tenham conseguido retomar o controle da situação.
A reportagem é de Marco Tosatti e publicada no sítio Vatican Insider, 15-11-2013. A tradução é de André Langer.
A região de Minya, no Alto Egito, na qual vive grande parte da minoria copta-cristã, é a que foi mais afetada pela violência islâmica. Segundo fontes da região, pelo menos 20 edifícios (entre igrejas, escolas e outras instituições cristãs) sofreram ataques ou incêndios. Inclusive os orfanatos converteram-se em alvo dos grupos de radicais islâmicos, pois diversos foram saqueados e depois entregues às chamas, com a finalidade de aniquilar a presença cristã na região. O caso da igreja de Tadros e-Shabti é exemplar. Os seguidores de Morsi atacaram duas casas para crianças com deficiências que se encontram perto da igreja paroquial. Depois de ter roubado as esmolas, a roupa e inclusive os brinquedos das crianças, provocaram um incêndio que durou cerca de cinco horas.
Os ataques também provocaram vítimas entre a população copta e, em muitos casos, interromperam a celebração das liturgias. Inclusive no mosteiro da Virgem Maria, que alguns radicais tentaram incendiar, pela primeira em 1.600 anos de vida não se celebrou a costumeira liturgia em um domingo. A igreja evangélica da localidade de Bedin foi convertida à força em uma mesquita.
A Associated Press indicou que depois de ter incendiado uma escola franciscana, os islâmicos obrigaram três freiras a desfilar pelas ruas como prisioneiras, até que uma muçulmana lhes ofereceu refúgio. Outras duas mulheres que trabalhavam na escola foram agredidas enquanto tentavam fugir pelo meio da multidão.
Os coptas e as demais minorias do país não compreendem por que a Irmandade Muçulmana conta com um enorme apoio entre os meios anglo-saxões e ocidentais em geral. A Igreja copta criticou “a falsa representação dos fatos nos meios de comunicação ocidentais”, e pediu um exame de consciência diante das ações “das organizações radicais sedentas de sangue... em vez de legitimá-las com um apoio global e uma cobertura política, enquanto tratam de provocar o caos e a destruição da nossa amada terra”. Além disso, pediram para informar sobre os fatos “cuidadosa e veridicamente”.
Mas, além da violência política islâmica contra os cristãos, foi surgindo outra forma de violência, muitas vezes misturada com a anterior: os sequestros. Desde que começou a chamada “primavera árabe” (que provocou a queda de Hosni Mubarak), quase 100 cristãos foram sequestrados no Alto Egito e somente teriam sido libertados depois do resgate pago por seus familiares.
Somente na província de Minya, mais de 80 pessoas, todas coptas, foram sequestradas. Tanto as vítimas como os ativistas que defendem os direitos humanos e diversas personalidades da Igreja acusam as autoridades, sobretudo a polícia, porque não envidam os esforços necessários para deter este fenômeno dramático.
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Os cristãos no Egito e a praga dos sequestros - Instituto Humanitas Unisinos - IHU