06 Julho 2013
"É realmente difícil encontrar-se tão em sintonia com o pensamento de uma pessoa. A frase da presidente da Câmara [italiana], Boldrini, 'virar as costas para milhares de migrantes só provocou danos', me tocou profundamente: por outro lado, Laura conhece bem a nossa ilha e a emergência humanitária que vive. Eu não esperava nada menos dela". Quem fala é a prefeita de Lampedusa, Giusi Nicolini, que chama a terceira posição do Estado de "Laura", porque "ela dedicou muito tempo da sua vida anterior a este pequeno pedaço da África italiana".
A reportagem é de Emanuela Minucci, publicada no jornal La Stampa, 05-07-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis o texto.
Prefeita, não se pode dizer que nestes dias, com a escolha do Papa Francisco de ir a Lampedusa, a sua ilha não está no centro de uma atenção merecida.
É uma oportunidade única, Boldrini disse muito bem: o papa na nossa ilha é um tapa no egoísmo. E eu espero que essa escolha solene e perturbadora também consiga mudar uma mentalidade midiática começando pelo uso das palavras.
Onde nós erramos?
Em vez de desembarques, se deveria falar de resgates: as pessoas que colocam a própria vida em jogo para chegar até aqui são náufragos que têm o direito de asilo, não clandestinos. Erri De Luca tem razão: os poderes vendem um vocabulário falso: quando os nossos governantes falam de ondas migratórias, eles usam um vocábulo abusivo, onda. Pelo fato de se tratar de ondas, a própria palavra sugere que uma terra firme deve ser defendida das ondas.
O que a senhora vai dizer ao Papa Francisco? Tudo pronto para a visita?
Eu vou lhe dizer um "obrigada" tão grande a ponto de não caber no Mediterrâneo, e nós fizemos o possível para acolhê-lo da melhor forma. Lampedusa sabe o que significa acolher.
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''Uma visita história para a nossa ilha''. Entrevista com a prefeita de Lampedusa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU