Auxílio Emergencial na Região Metropolitana de Porto Alegre - 455,5 mil beneficiários a menos

Com a previsão do mês de outubro para término da etapa 2021 do Auxílio Emergencial, e o retorno do Bolsa Família, voltaremos ao patamar de 148.775 famílias beneficiadas pelo programa, com o valor médio de R$190,00.

Foto: Wikipedia

Por: João Conceição e Marilene Maia | 12 Agosto 2021

 

Com a queda da renda do trabalho da população mais pobre, cresceu o número de domicílios que vivem com um quarto de salário mínimo. Antes da pandemia, a Região Metropolitana de Porto Alegre possuía 21% dos domicílios que viviam com renda per capita do trabalho inferior a R$ 275. No primeiro trimestre de 2021, o número subiu para 27,4%. Enquanto isso, houve 455.535 desligamentos no Auxílio Emergencial da primeira etapa de 2020 para a etapa de 2021.

 

Leia o artigo completo.

 

A Região Metropolitana de Porto Alegre teve 1.108.919 pessoas beneficiárias do Auxílio Emergencial na primeira etapa do benefício em 2020, alcançando um percentual médio de 42,8% da população. Ao analisar os dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio - PNAD, também percebe-se o peso do benefício para a população, representando 38,3% da renda média total e 24,4% na metade ou mais da renda dos domicílios.

O município com o maior número de beneficiários no Auxílio Emergencial, pelo tamanho da população, foi Porto Alegre, com 350.173 pessoas na primeira etapa. Esse número de beneficiários representa 37,5% da população. No entanto, ao comparar com os demais 34 municípios, em relação a sua população, Araricá foi a mais beneficiada (61,4%), com 1.991 pessoas. Seguido de Arroio dos Ratos (52,8%) e Alvorada (52,7%).

Na segunda etapa do Auxílio Emergencial, de setembro a dezembro de 2020, esse número baixou para 872.708 pessoas beneficiadas na Região Metropolitana de Porto Alegre. Em 2021, o número de beneficiários está sendo ainda menor: 653.384 pessoas. Ou seja, a diferença entre a 1ª etapa de 2020 e a etapa de 2021, alcançam 455.535 desligamentos. Os municípios que tiveram maiores desligamentos em números absolutos foram Porto Alegre, Canoas e Gravataí, de acordo com o levantamento realizado pela Rede Brasileira de Renda Básica - RBRB.

Com a previsão do término da etapa 2021 do Auxílio Emergencial em outubro próximo, constata-se que, com o retorno do programa Bolsa Família, indica-se a volta do patamar de 148.775 famílias beneficiadas pelo programa na Região Metropolitana de Porto Alegre, com o valor médio de R$ 190,00. A RBRB fez a diferença entre os beneficiários do Auxílio Emergencial e do Bolsa Família. Em Campo Bom, Dois Irmãos e Ivoti, o Auxílio Emergencial alcançou mais de 20 vezes o número de pessoas que o Bolsa Família.

O estudo completo da RBRB pode ser acessado aqui.

 

Impactos do Auxílio Emergencial na pobreza

 

O alcance do benefício impactou diretamente na taxa de pobreza que era de 10,8% antes da pandemia na Região Metropolitana de Porto Alegre. Percentual que se traduz em 406,8 mil pessoas. Se não fosse o Auxílio Emergencial de R$ 600 e R$ 1.200, a taxa de pobreza teria chegado a 18,8%. Isto em números absolutos representa que o benefício evitou que 337,8 mil entrassem na linha de pobreza, que chegaria em 744,6 mil pessoas.

O Auxílio Emergencial também tem ajudado a movimentar a economia ao injetar milhões de reais, impactando especialmente os setores de comércio e de serviços. Segundo a Relação Anual de Informações Sociais - RAIS, representam 81,2% das empresas e 77,5% dos postos de trabalho formais da Região Metropolitana de Porto Alegre.

 

Diminuição da renda do trabalho na pandemia

 

Após um ano e quatro meses de pandemia, é possível fazer uma análise mais minuciosa dos efeitos do novo coronavírus na Região Metropolitana de Porto Alegre. Os dados só confirmam que os mais pobres são o grupo de risco numa pandemia multifacetada. Ao utilizar o Índice de Gini como uma das formas de mensurar a desigualdade de renda, pode-se dizer que a Região Metropolitana de Porto Alegre, é atualmente, a mais desigual da Região Sul.

A renda per capita do trabalho dos domicílios 40% mais pobres diminuiu 35,8%, de R$ 245,30 para R$ 157,40. Enquanto para os 10% mais ricos, a queda da renda foi de 9,3%. Comparativamente, a metrópole de Porto Alegre foi a quarta onde os mais pobres foram mais afetados. A situação só não foi pior que nas metrópoles do Rio de Janeiro, Salvador e Recife.

Como reflexo do aumento da desigualdade e da queda da renda dos mais pobres, cresceram os domicílios que vivem com um quarto de salário mínimo. No primeiro trimestre de 2020, a Região Metropolitana de Porto Alegre possuía 21% domicílios que viviam com renda per capita do trabalho inferior a R$ 275. No primeiro trimestre de 2021, o número subiu para 27,4%. Isso significa que mais de um quarto dos domicílios vivem com um quarto de salário mínimo.

 

Propostas de renda

 

Em meio a esse cenário, o ObservaSinos fez um levantamento do número de projetos de renda registrado no Tribunal Superior Eleitoral - TSE pelos candidatos a prefeito. Dos 34 prefeitos eleitos nas eleições de 2020, apenas 3 da Região Metropolitana de Porto Alegre apresentaram projetos de renda no plano de governo.

Uma delas é do prefeito reeleito de Esteio, Leonardo Pascoal - PP, outra proposta também partiu do prefeito reeleito de São Leopoldo, Ary Vanazzy - PT. A terceira proposta é do município de Canoas, do prefeito Jairo Jorge - PSD. Do Poder Legislativo da Região Metropolitana de Porto Alegre, a vereadora de Porto Alegre, Laura Sito - PT, foi uma das primeiras a apresentar proposta de renda.

Para debater e apresentar essas propostas para a população, participaram do encontro “Projetos de renda de municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre” os quatros políticos que possuem propostas. A live fez parte do ciclo de debates “Renda e proteção social para a Região Metropolitana de Porto Alegre”.

 

 

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