Os debates, as reflexões e provocações do “XV Simpósio Internacional IHU Alimento e Nutrição no contexto dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio”, promovido pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU e seus parceiros, ao tratar de temas delicados, pertinentes e atuais, envolvendo vida e saúde, apontam para a importância de analisar indicadores que proporcionem o pensar e a ação em termos de políticas públicas, bem como os mecanismos políticos e sociais, os que estão e os que deveriam estar à disposição da sociedade civil, que visem resguardar e ampliar esses direitos humanos e sociais.
Na temática de gênero, a relevância dos indicadores se torna ainda mais evidente. O ObservaSinos reuniu e analisou dados sobre a saúde da mulher na região do COREDE Vale do Rio dos Sinos referente ao ano de 2012, a partir do banco de dados público do núcleo de informações em Saúde da Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul.
Os indicadores reunidos foram: óbitos de mulheres em idade fértil, óbitos de mulheres relacionados ao câncer de mama e de colo de útero e dados relacionados à AIDS.
Mulheres em idade fértil
No estado do Rio Grande do Sul no ano de 2012 ocorreram 3.276 óbitos de mulheres em idade fértil, 13,7% destes óbitos ocorreram na região do Vale do Sinos.
No que tange à mortalidade de mulheres em idade fértil, o dado que temos é que o maior percentual de ocorrências foi em Nova Hartz, 20,7%. Em seguida vem Nova Santa Rita, com 20,3%. Dois Irmãos apresenta o melhor indicador, com somente 6 óbitos, o que se depreende da tabela.
Mortalidade materna
Estudo aponta que o planejamento familiar diminui a prática de abortos inseguros, causadores de 13% da mortalidade materna global. Também no aspecto social se faz fundamental, uma vez que a maternidade precoce relaciona-se com educação precária e dificuldade de inserção no mercado de trabalho, o que contribui com a inviabilidade de se superar o ciclo de pobreza.
Segundo estudo realizado pela Fundação de Economia e Estatística (FEE), houve uma piora do estado do Rio Grande do Sul em relação ao Brasil no indicador de mortalidade materna. Essa taxa, no Rio Grande do Sul, era de 40 em 1992, passou a 45 em 2000, chegando a 76,6 em 2010. Em 1992, a taxa no RS estava abaixo da taxa brasileira (51,6), contudo, em 2010, a taxa média do Estado foi superior à verificada no Brasil (62,5).
As mortes durante o parto se devem principalmente a três causas: hemorragias (34%), infecções (10%) e hipertensão (9%), não estando relacionadas unicamente a variáveis relativas ao sistema de saúde, como atenção pré-natal ou assistência durante o parto, mas também a fatores econômicos, sociais e educacionais.
Mortes na gravidez, parto e puerpério ocorreram em Canoas, Esteio, Novo Hamburgo, São Leopoldo e Sapucaia do Sul.
Câncer de mama e de colo de útero
Em 2012, houve 128 óbitos de mulheres na região do Vale do Sinos por consequência do câncer de mama. O maior número de mortes por câncer de mama ocorreu em Canoas, 41 óbitos, 32% do total da região.
No munícipio de Novo Hamburgo ocorreu o óbito de uma jovem na faixa etária de 20 a 29 anos por câncer de mama; os óbitos no munícipio representam 20% do total do Vale.
Mulheres com mais de 60 anos são 53,9% dos óbitos relacionados ao câncer de mama no Vale do Sinos. Nesta faixa etária os municípios de Canoas e São Leopoldo têm o maior número de registro de casos, 23 e 16 óbitos, respectivamente.
Em 2012, no Vale do Sinos, ocorreram 43 óbitos relacionados ao câncer de colo de útero. Em números absolutos, foi no munícipio de Canoas onde ocorreu o maior número de registros, o que representa 32% dos óbitos ocorridos na região.
O indicador de mortalidade por câncer de colo de útero relacionado a cada 100 mil mulheres por município apresenta o maior coeficiente no município de Estância Velha (22,6), seguido de Sapiranga (18,2).
O município de São Leopoldo registra o menor coeficiente na mortalidade de mulheres por câncer de colo de útero no Vale do Sinos, 1,8 casos a cada 100 mil mulheres.
AIDS
Sobre as notificações de AIDS, a leitura da tabela permite dizer que houve uma melhora nas condições sanitárias da população, de 2011 para 2012; porém, ao se acrescentar a leitura dos dados de 2010, a constatação é de que desse ano para 2012 em pouco se alterou o quadro de saúde da região e que as políticas sanitárias não impediram o recrudescimento da AIDS em 2011. A mesma leitura, em nível estadual, aponta para uma considerável melhoria nas condições de saúde para o sexo masculino.
Em nível municipal, também alguns municípios melhoraram sua situação: Dois Irmãos, Portão, Nova Santa Rita e Sapucaia do Sul, para ambos os gêneros, e Campo Bom, Ivoti e Sapiranga, para o gênero feminino. O maior número de casos de AIDS registrados em mulheres foi em São Leopoldo.
Óbitos relacionados à AIDS e declarados no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) totalizam 1.393 casos em 2012 no estado do Rio Grande do Sul, havendo uma redução de 65 óbitos em relação ao ano de 2010. Importante explicitar que, observando o dado por sexo, a redução de óbitos no período de 2010 até 2012 ocorre no sexo masculino; houve um aumento de 25 óbitos em relação ao sexo feminino.
O número de óbitos relacionados à AIDS no Vale do Sinos em 2012 representa 13,7% do total do estado. Na comparação entre 2010-2012 houve uma redução de 41 óbitos. Na contramão do que ocorre no período analisado, no Vale houve uma redução no número total de óbitos relacionados ao vírus; o mesmo ocorre quando anualizado o dado por sexo.
No município de Canoas ocorreu um aumento no número de óbitos relacionados à AIDS no período observado. Em 2012 as mulheres representavam 36,4% do total de óbitos.
Indicadores
O ObservaSinos reúne em sua página diferentes indicadores sobre a realidade da região do Sinos. Os dados podem ser acessados no sítio do Instituto Humanitas Unisinos - IHU ou em forma de infográficos no sítio infogr.am.
Por Marilene Maia, Álvaro Klein Pereira da Silva e Átila Alexius