Indicadores do Vale do Sinos: Que realidade temos? Que realidade queremos?

  • Quarta, 18 de Dezembro de 2013

O Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, comprometido com a aproximação, sistematização e análise da realidade, objetivou nesta análise, que encerra 2013, reunir alguns indicadores que foram publicizados ao longo do ano, em vista de potencializar o debate pelos diferentes agentes dos catorze municípios do Vale do Sinos.

Os dados censitários coletados no ano de 2010 pelo Instituto de Geografia e Estatística – IBGE permitem traçar um retrato dos municípios e da população residente no Brasil durante o período de realização do recenseamento. É a partir desta coleta de dados que políticas públicas foram e são planejadas e avaliadas. São também estes dados que subsidiam a formulação de índices e rankings sobre as diferentes dimensões da realidade.

O Índice de Desenvolvimento Humano – IDH apresenta-se com um dos mais importantes índices, que é referência para as políticas públicas municipais, estaduais e nacional. Este índice está apresentado no Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil, organizado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD. O Atlas de 2013 tem como base de dados o Censo de 2010.

O IDH é um índice composto por dados relacionados à renda, longevidade e educação. Os municípios de Araricá e Nova Hartz foram identificados com IDH municipal “médio” neste período, todos os demais da região do Sinos têm o seu IDH classificado como “alto”, conforme categorização feita: Muito baixo (0 a 0,499); Baixo (0,500 a 0,599); Médio (0,600 a 0,699); Alto (0,700 a 0,799) e Muito alto (0,800 a 1).

      

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Assim como o IDH, o índice de Gini se vale da mesma base de dados para a sua formulação, mas tem somente a renda como indicador. Este índice visa medir a desigualdade buscando evidenciar a concentração de renda. Este indicador varia de zero a um, sendo que quando o número está mais próximo ao zero, indica que todos possuem a mesma renda. Portanto, quanto mais próximo do um, fica evidenciado uma maior desigualdade, concentração de riqueza. Na região do Vale do Sinos o município de Nova Hartz registra a melhor distribuição de renda entre seus habitantes – Índice de Gini 0,3518.

Renda

Os índices têm por característica uma objetividade de conteúdo que, por vezes, pode mascarar a realidade, impedindo com isso um olhar mais profundo sobre a desigualdade. Se voltarmos a nossa atenção aos dados referentes à renda, por exemplo, consultando a mesma base de dados e mesmo período é possível constatar que existe uma estimativa de 43.400 famílias na região do Vale do Sinos consideradas pobres. Ou seja, com renda per capita familiar mensal de até R$ 70 e com renda per capita familiar mensal de R$ 71 a R$ 140.

Famílias consideradas de baixa renda eram 79.501, sendo estas com renda familiar mensal per capita de até meio salário mínimo (R$ 255) e as que possuam renda familiar mensal de até três salários mínimos (R$ 1.530).

      

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Trabalho Infantil

Os dados censitários de 2010 identificaram 22.192 crianças e adolescentes, com dez até dezessete anos, que trabalhavam no Vale do Sinos no ano de 2010. Sendo que 5,8% trabalhadores não remunerados e outras 399 crianças e adolescentes estavam envolvidos em atividades ligadas a produções para o próprio consumo.

Crianças e adolescentes com dez até treze anos de idade identificados como trabalhadores não remunerados ou trabalhadores na produção para o próprio consumo totalizam 693 pessoas. Nesta categorização, adolescentes entre catorze até dezessete anos totalizam 1.005 pessoas.

Educação

Considera-se alfabetizada toda a pessoa que consiga ler e escrever algum bilhete no idioma nativo. Os dados do censo de 2010 apontam que 32.522 pessoas com dez anos ou mais na região do Vale do Sinos eram não alfabetizadas.

Neste ano os municípios de Araricá e Dois Irmãos apresentaram a menor proporção no número de jovens entre sete e catorze anos não alfabetizados na região, 6,7% e 8,2% respectivamente.
Os catorze municípios do Vale em 2010 registram menos de 1% de jovens entre quinze e catorze anos não alfabetizados.

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Em 2012, 26% do arrecadado em impostos na região do Sinos foram aplicados em manutenção e desenvolvimento do ensino, totalizando R$ 419.794.359,83. Os municípios de Araricá e Campo Bom foram os municípios da região que mais aplicaram em manutenção e desenvolvimento do ensino proporcionalmente a receita líquida de impostos e transferências.

Saúde

No Vale do Rio dos Sinos 223.140 pessoas tinham algum tipo de deficiência relacionada à visão, 1,6% desta população não consegue enxergar de modo algum, 16,8% enfrenta grande dificuldade e 81,5% possui alguma dificuldade. Gaúchos com deficiência auditiva total, audição zero, eram 18.728. No Vale esta população era de 2.476 pessoas.

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Os dados de 2010 também apontam que, a cada cem crianças nascidas vivas em Nova Hartz, 11,6% tinham baixo peso. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), “o baixo peso ao nascer se caracteriza como aquele inferior a 2.500 gramas. O mesmo é um preditor do crescimento, da morbidade e da sobrevivência do recém-nascido, bem como contribui para a mortalidade infantil”.

Outro dado sobre saúde na região do Sinos é que foram diagnosticadas 464 pessoas com AIDS em 2012 e 120 no ano de 2013.

O que fazer para transformar estas diferentes realidades?

Investimentos em saúde na região em 2012 somaram R$ 372.672.494,17, este montante representa 23,5% do arrecadado em impostos na região no mesmo período. Estes recursos são suficientes? Existem profissionais suficientes para atender as diferentes especialidades da saúde?

Na região do Vale do Sinos seis municípios foram identificados como prioritários no primeiro cadastro do programa Mais Médicos de 2013, foram eles: Dois irmãos, Ivoti, Nova Hartz, Nova Santa Rita, Portão e Sapiranga.

In-formação

O ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, tem como objetivo a sistematização, a análise e a publicização de indicadores socioeconômicos dos municípios e região, promovendo a formação e o debate sobre a realidade do Vale do Sinos, em vista da implementação, qualificação e controle social das políticas públicas afirmadoras da sociedade includente e sustentável.

O Observatório realiza as suas atividades na perspectiva da In-formação, trabalhando com a publicização dos indicadores da região e na formação no trato delas. Para tal processo, através do sítio do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, reúne e disponibiliza diferentes indicadores do Vale (Informação) e realiza na Unisinos oficinas e seminários para a qualificação no trato, análise e debate dos diferentes indicadores (Formação).

As análises publicadas podem ser acessadas na página do ObservaSinos no item “De olho no Vale”. O material das oficinas e seminários pode ser consultado no item “Aconteceu”.