Qual a sua cor ou raça? Essa foi uma das perguntas aplicadas pelo Censo 2010. Os dados gerados por esta pergunta apontaram que 817.963 mil pessoas se declararam com cor ou raça indígena no Brasil.
Entretanto, uma nova análise que incorpora a questão o pertencimento étnico, língua e localização geográfica revela que no Brasil 78.974 pessoas se declararam de outra cor ou raça, mas se consideravam indígenas. Ou seja, pessoas que se declararam brancas, pretas, amarelas ou pardas se consideravam indígenas. Esta nova informação foi publicada no sítio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no dia 10 de agosto deste ano.
Diego Severo, Mestrando em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Santa Maria – (UFSM) analisa este cenário.
Eis a análise.
Os dados censitários mostram um aumento populacional da população indígena em relação aos dados dos dois últimos censos. Totalizando em 2010, 896.937 mil indígenas – população que se autodeclarava com cor ou raça indígena mais aqueles que não se declaravam, mas se consideravam.
A etnia mais populosa é a do povo Tikuna do estado do Amazonas. Os Kaingang são a segunda etnia mais numerosa e concentram principalmente nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, 50% desta população está no RS.
Índios nas cidades ou cidades indígenas?
Um fenômeno a ser analisado, diz respeito às adaptações que os povos indígenas tiveram de fazer, frente às ameaças que historicamente sofreram. Os indígenas que lograram sobreviver após inúmeras tentativas por parte dos mecanismos do Estado brasileiro de lhes remover, tal como tinta, sua identidade étnica, seu modo de viver, sua língua (foram denominados por “índios” e não mais Kaingang, Guarani etc.), certamente adaptaram-se em momentos específicos. Assim, “amansam” os não índios, com vistas a obter resultados valorosos que deem condições para sua sobrevivência neste mundo em que as matas foram substituídas por concretos, em que a caça saiu do âmbito da mata e hoje se caracteriza no comércio do artesanato, ou seja, na conquista do comprador.
Esse tem sido o motivo que nós, não indígenas, damos a vinda dos “indígenas” para as áreas urbanas ou “cidades”. Em São Leopoldo, desde o ano de 1994, habita o povo Kaingang, inicialmente com poucas famílias, e hoje com aproximadamente 150 pessoas, vivendo numa aldeia de 2,5 ha. Tal povo, como caçadores-coletores, são perspectiva nômade. Hoje, esse fenômeno migratório pode ter como uma das motivações, a busca de renda. Assim, pasmem os imigrantes alemães, São Leopoldo é território ancestral Kaingang! Por isso se pergunta: índios nas cidades, ou cidades indígenas?
A busca por outros locais para viver caracteriza a atualidade de sua cultura, ao contrário do que afirmam alguns que “índios na cidade não são mais índios”. Em relatos dos Kaingang em São Leopoldo afirmam que na cidade são “mais índios” que nas áreas indígenas do interior do estado do RS.