Na semana em que um dos maiores municípios do Vale do Sinos vive uma grande crise pela falta de água, o ObservaSinos reúne mais informações sobre a àgua apresentadas pelos dados preliminares do Censo. O questionário aplicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, durante a realização do Censo 2010 continha a pergunta: a forma de abastecimento de água utilizada neste domicílio é? Tendo como opção de resposta:
(1) Rede geral de distribuição
(2) Poço ou nascente na propriedade
(3) Poço ou nascente fora da propriedade
(4) Carro-pipa
(5) Água da chuva armazenada em cisterna
(6) Água da chuva armazenada de outra forma
(7) Rios, açudes, lagos e igarapés
(8) Outra
(9) Poço ou nascente na aldeia
(10) Poço ou nacente fora da aldeia
Este conjunto de informações não permite, no entanto, saber a qualidade da água consumida pelos brasileiros. Principalmente, da população mais distante dos grandes centros metropolitanos que não tem acesso às redes de distribuição de água, que já são em sua maioria privadas.
Resultados preliminares do universo do Censo Demográfico 2010, divulgados no sítio do IBGE, apresenta 91,9% dos domicílios em área urbana, no Brasil, declarando como forma de abastecimento de água a rede geral de distribuição. Não somente como forma de abastecimento, mas de dependência na distribuição, manutenção da rede e tratamento da água.
Dos 415.468 domicílios em área urbana no Vale do Rio dos Sinos 84,8% também tem esta como forma de abastecimento de água.
Domicílios em área rural no Brasil, último Censo, são 8.097.418. Destes 0,1% estão localizados no Vale do Sinos. Poço ou nascente na propriedade é a forma de abastecimento de água mais comum dos domicílios em zona rural no país e na região, 37,5% e 46,6% respectivamente.
Gelson Luiz Fiorentin, Professor Mestre do curso de Biologia da Unisinos, comenta os dados, do Censo 2010, sistematizados pelo ObservaSinos. "Nota-se que o fator disponibilidade de água potável parece não preocupar o Poder Público, o qual necessita com urgência qualificar e ampliar seu corpo técnico. Primeiro, deve-se ter uma postura mais rígida quanto às fontes poluidoras dos recursos hídricos; segundo; aprimorar os sistemas de captação, tratamento e distribuição de água potável para os seres vivos".
Fiorentin destaca que na "área urbana, a concentração da população humana gera uma grande demanda de água, e o item outras fontes de fornecimento, para alguns municípios, apresenta números bastante expressivos. Isso deveria despertar intensa preocupação nos gestores do Poder Público. Desperta? Sabe-se que a água tratada vinda dos nossos mananciais apresenta elevado índice de contaminantes. Assim, cabe a pergunta: qual a qualidade da água obtida dessas outras fontes?"
Diz ainda que não menos preocupante é o consumo de água pelo homem na área rural. O Professor questiona: "Qual a qualidade da água desses poços? São artesianos com controle regular? O que é uma nascente, na essência, para um leigo? Qual a qualidade desses cursos hídricos? Alta concentração de agrotóxicos? Ou seja, o Poder Público precisa agir com mais rigor em relação à qualidade da água fornecida aos cidadões brasileiros."
As informações sobre a realidade podem contribuir para que os gestores qualifiquem as políticas públicas, assim como instrumentalizam o controle social pela população. Estas são as motivações do trabalho do ObservaSinos de reunir, sistematizar, analisar e debater os indicadores da realidade do Vale do Rio dos Sinos.