28 Junho 2016
As Irmãs de São José de Carondelet estão entre as destinatárias das cartas enviadas pelo Vaticano que pedem a congregações religiosas que expliquem algumas questões levantadas durante a Visitação Apostólica terminada em 2014.
A reportagem é de Dan Stockman, publicada por National Catholic Reporter, 23-06-2016. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Cerca de 15 comunidades religiosas femininas dos EUA receberam um pedido para que prestem esclarecimentos ao Vaticano no rescaldo da investigação religiosa polêmica que durou seis anos. A Visitação Apostólica foi anunciada em 2009 e, em dezembro de 2014, um relatório final foi divulgado após um período de 6 anos.
Além das Irmãs de São José de Carondelet, as Irmãs da Caridade da Abençoada Virgem Maria e as Irmãs de Loretto também receberam cartas enviadas pela Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica – CIVCSVA.
Tanto as Irmãs de Loretto como as Irmãs de São José foram convidadas a Roma para conversar sobre alguns assuntos em reuniões no mês de outubro. A reunião das Irmãs de Loretto está marcada para o 18 de outubro. Às Irmãs da Caridade pediu-se apenas que forneçam uma resposta por escrito.
Em nota, as Irmãs de São José disseram que a carta que receberam convidava-as a irem a Roma para uma “conversa em clima de oração” sobre “alguns poucos pontos mencionados na carta”. O texto divulgado não traz quais seriam estes pontos, e as lideranças da congregação religiosa não quiseram falar nada além do que fora expresso oficialmente.
O sítio eletrônico Global Sisters Report obteve uma cópia da carta enviada às Irmãs de São José de Carondelet. Nela, lê-se que todas as Coordenações Provinciais da citada congregação estavam recebendo a mesma carta enviada pela CIVCSVA. No texto, veem-se listadas cinco preocupações:
“• o vosso desejo de estabelecer uma ‘forma nova e emergente de vida religiosa’;
• a vossa avaliação sobre a maneira como promovem a vida spiritual e comunitária à luz da definição eclesiástica de vida religiosa apostólica;
• a política de vossa congregação religiosa concernente às participantes da comunidade que, sabe-se, defendem posturas dissidentes para com aquelas do magistério moral da Igreja ou da prática litúrgica aprovada;
• a identidade e o papel dos associados/consócios leigos, garantindo a distinção entre a vida religiosa com votos e a vida laica;
• nós também vos instamos a avaliar os vossos esforços em promover a ‘comunhão com a criação’, especialmente à luz da encíclica Laudato Si’, do Papa Francisco, numa apresentação abrangente a respeito do cuidado da criação em vista a integrar os seus princípios, enunciados na encíclica, dentro de seus esforços atuais nessa área”.
O comunicado da congregação afirma que a carta foi entregue numa visita in loco à ordem religiosa na cidade de St. Paul, em Minnesota, no final de 2010. A equipe de coordenação da congregação discutiu sobre se aceitaria ou não a convocação, tendo decidido que “os benefícios superam os desafios como despesas e alguns outros inconvenientes”.
O texto divulgado diz também que a maneira como as irmãs se comportaram durante a Visitação Apostólica, e mesmo durante uma investigação mais polêmica conduzida pela Congregação para a Doutrina da Fé anos atrás, mostrou o valor de se manter o foco na resolução das diferenças e dos desentendimentos entre as irmãs e a hierarquia católica.
“Nós queremos ‘permanecer no debate’ e participar de forma respeitosa no diálogo. Por meio da nossa maneira de nos comportar, queremos comunicar que vemo-nos como parceiras na continuação da missão de Cristo”, lê-se na nota. “Esta ocasião é também uma oportunidade para que os funcionários da CIVCSVA aprofundem a compreensão que têm das religiosas em nosso país”.
Às Irmãs de Loretto foi pedido que relatassem a partir de cinco “áreas de preocupação”, que incluem:
“• a vossa maneira de promover a vida espiritual e comunitária da congregação, à luz da definição católica de vida religiosa apostólica;
• uma certa ambiguidade concernente à adesão da congregação a algumas áreas da doutrina e da moralidade da Igreja;
• a política de vossa congregação religiosa concernente às participantes da comunidade que, sabe-se, defendem posturas dissidentes para com aquelas do magistério moral da Igreja ou da prática litúrgica aprovada;
Às Irmãs da Caridade da Abençoada Virgem Maria pediu-se, numa carta que elas descreveram como “amigável”, que respondam à preocupação continuada do Vaticano a respeito da “dissidência pública do magistério católico” por parte da ordem religiosa.
A Irmã Teri Hadro, superiora da congregação, falou que o Vaticano interpreta como dissidências coisas que, na verdade, são apenas um ordenamento diferente das prioridades, citando os gastos da Conferência dos Bispos Católicos dos EUA na última década em fazer do aborto a sua principal causa, enquanto que muitas das congregações religiosas femininas do país vêm centrando-se em questões como alimentação, água e abrigo às populações marginalizadas.
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Carta vaticana chama a Roma Irmãs de São José de Carondelet para uma “conversa em clima de oração” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU