''O Vaticano precisa fazer mais contra os abusos sexuais." Entrevista com Barbara Blaine

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25 Setembro 2015

Ao contrário de milhões de norte-americanos, Barbara Blaine não se alegra com a acolhida triunfal reservada ao Papa Francisco na Casa Branca e, depois, nas ruas de Washington.

A reportagem é de Arturo Zampiglione, publicada no jornal La Repubblica, 24-09-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

"São imagens que, para nós, reabrem feridas antigas e dolorosas", explica a fundadora e presidente da Snap (Rede de Sobreviventes de Abusos Praticados por Padres, na sigla em inglês), a maior associação de vítimas de abusos sexuais na Igreja.

"E enquanto isso – acrescenta Blaine, que foi molestada por um sacerdote quando tinha apenas 12 anos – o papa não faz o que deveria fazer para proteger as vítimas."

Eis a entrevista.

O Papa Bergoglio nomeou uma comissão sobre os abusos do clero e instituiu um tribunal no Vaticano para os bispos acusados de proteger os padres molestadores. E, falando ontem na Catedral de São Mateus, reiterou que os crimes de pedofilia não devem se repetir nunca mais. O que mais ele deveria fazer?

Comissões e tribunais são de pouca utilidade Não é o Vaticano que deve investigar, mas a polícia. A Igreja deveria fazer três coisas: entregar aos juízes todos os documentos sobre os sacerdotes indiciados; deixar de transferir para outros lugares os padres pedófilos, que depois continuam fazendo mal; e estabelecer o princípio de que os molestadores devem deixar a batina.

Você vai ver o papa durante a sua visita?

Não há nada programado, mas podemos supor que aconteça o que aconteceu na visita papal anterior aos Estados Unidos, isto é, que haja um encontro de último instante com algumas vítimas.

Quantas são as vítimas norte-americanas dos padres pedófilos?

Segundo os cálculos do sítio Bishops.Accountability.org, cerca de 100 mil, dos quais um quinto faz parte da nossa associação. Ao todo, foram acusados 6.427 padres e 19 bispos. Houve 3.000 causas civis, e a Igreja já pagou três bilhões dólares de ressarcimento.

Você não vai negar, contudo, que a situação melhorou muito.

Sim, a Igreja é mais segura, graças a tantas vítimas que tiveram a coragem de superar a vergonha e denunciar os agressores. Mas isso não basta. O Vaticano deve fazer muito mais e de forma concreta, para superar essa vergonha.