05 Agosto 2015
O sínodo sobre a família do próximo mês de outubro deverá enfrentar “o desafio de encontrar vias pastorais para uma integração mais forte na comunidade” para as pessoas que se encontram em “situações difíceis”, “sem reduções da palavra de Jesus e do consequente ensinamento da Igreja”. Palavras do cardeal Gerhard Ludwig Mueller, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o qual, entrevistado por Katholisch.de na vigília da pausa de agosto, confirma que o dicastério vaticano se ocupará de Medjugorje em outono, releva que não há “novidades substanciais” com os lefebvrianos, elogia a encíclica do Papa Laudato si’ [Louvado seja] e sua viagem à América Latina, que mostrou o empenho da Igreja por “uma autêntica teologia da libertação”. Portanto, após as polêmicas suscitadas por uma declaração sua, em mérito à tarefa do ex Santo Ofício de “estruturar teologicamente” o pontificado, assegura: “Pessoalmente a fidelidade ao Papa ao longo de toda a minha vida sempre tem sido o desejo do meu coração”. “As questões relativas às núpcias e à família sempre assumiram, no nosso tempo, uma nova atualidade”, afirma o purpurado alemão em vista do sínodo ordinário de outubro.
A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi, publicada no sítio Vatican Insider, 03-08-2015. A tradução é de Benno Dischinger.
Devemos ajudar as pessoas, e também os católicos, a compreender novamente que sentido tem desposar-se e, de tal modo, ligar-se também publicamente a um ser humano. A preparação e o acompanhamento do matrimônio necessitam de uma renovação e um aprofundamento. A Igreja deve dirigir-se novamente à família e a família deve abrir-se novamente à Igreja. Enfim, existem as conhecidas questões do acompanhamento pastoral de pessoas em situações difíceis: aqui o sínodo se encontra ante o desafio de encontrar vias pastorais para uma mais forte integração na comunidade, sem reduções da palavra de Jesus e do consequente ensinamento da Igreja. Para o futuro da Igreja e da sociedade a família é de insubstituível significado”. A recente viagem do Papa Francisco à América Latina “mostra que a Igreja deve empenhar-se por uma autêntica teologia da libertação”, uma teologia que “não é alienada ideologicamente, mas procura o bem do homem e da sociedade”, afirma Mueller, o qual sublinha que o seu livro a quatro mãos com o teólogo peruano Gustavo Gutierrez, publicado com o prefácio do próprio Pontífice argentino, “é um sinal neste sentido”.
O prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé responde também a uma pergunta sobe a discussão provocada por uma declaração sua sobre o fato que a tarefa do seu dicastério seria aquela de “estruturar teologicamente” o pontificado: “A minha preocupação era indicar a tarefa específica da Congregação para a Doutrina da Fé: promover e proteger a fé e a moral em toda a Igreja católica em nome do Papa”. O ex Santo Ofício, neste sentido, “ajuda o sucessor de Pedro na preparação de documentos importantes, pensemos, por exemplo, nas duas grandes encíclicas “Lumen Fidei” e “Louvado seja”, publica sempre em nome do Papa documentos relativos a novas questões e se dedica a questões urgentes ao Papa “para aprofundá-las teologicamente”. “Pessoalmente, a fidelidade ao Papa ao longo de toda a minha vida sempre foi o desejo do meu coração”. Quanto à ultima carta ecológica, “trata-se – comenta o ex-bispo de Regensburg – de uma carta de endereço que prossegue a tradição das encíclicas sociais. Sou muito grato ao Santo Padre pela encíclica”.
O purpurado alemão responde, enfim, a algumas perguntas relativas a conhecidos dossiê para exame de seu dicastério. Em mérito às tratativas com os lefebvrianos, “não há novidades substanciais. O Santo Padre deseja que permaneçamos na questão “com tenácia e paciência” [em italiano, ndr.] e, em vista do objetivo de um “preâmbulo doutrinal” que o grupo cismático ultra tradicionalista deveria subscrever para poder reconciliar-se com a Igreja católica”, “nos últimos meses tem havido encontros de gênero variado, com teses a reforçar a fidúcia recíproca”.
Sobre a decisão vaticana relativa à cidadã de Medjugorje, na Bósnia Herzegovina, onde alguns videntes sustentam que se verifiquem aparições marianas, Mueller insiste que os resultados da comissão conduzida pelo cardeal Camillo Ruini “examinou a fundo toda a questão” e a documentação será examinada pela congregação para a Doutrina da Fé “na sessão ordinária de outono”. O dicastério consignará depois o próprio parecer ao Papa para uma “decisão”.
O “longo e paciente processo de diálogo” com as Irmãs estadunidenses da Leadership Conference of Women Religious chegou, enfim, nos meses passados, com a conclusão de uma visitação anual, a um “resultado positivo”, afirma o purpurado alemão.
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Mueller: no sínodo sobre a família nenhuma redução da palavra de Jesus - Instituto Humanitas Unisinos - IHU