Por: Jonas | 08 Julho 2015
“Um voto pelo Sim na Grécia teria condenado o país a anos de sofrimento com políticas que não funcionaram e que não podem ser cumpridas: a austeridade afunda a economia mais rápido do que a dívida diminui, sendo assim, todo o sofrimento não serve para nada. A contundente vitória do Não oferece ao menos uma possibilidade para escapar dessa armadilha”, escreveu, ontem, em seu blog, no jornal The New York Times, o economista Paul Krugman. Apesar da legitimidade construída pelo governo grego, os cenários para a economia grega não são animadores. “Diante da impossibilidade de uma reestruturação da dívida, a saída da Grécia do euro é a menos ruim entre as opções”, expressou o vencedor do Prêmio Nobel em 2008.
A reportagem é publicada por Página/12, 07-07-2015. A tradução é do Cepat.
“Os tecnocratas europeus são como os doutores medievais que insistiam em dessangrar seus pacientes e quando seu tratamento piorava o estado dos enfermos impetravam um expurgo maior. É preciso fazer o que for necessário para frear o sangramento”, disse Krugman, na última postagem de seu blog, espaço no qual destacou, em reiteradas oportunidades, a recuperação econômica experimentada pela Argentina, após o estouro da convertibilidade.
“Há alguma forma para que a Grécia permaneça no euro? É desejável que assim aconteça?”, pergunta-se Krugman em um artigo intitulado “É preciso acabar com o sangramento da Grécia”. “A questão mais urgente envolve os bancos gregos. Antecipando-se ao referendo, o Banco Central Europeu lhes cortou o acesso ao fundo adicional, isso colaborou para precipitar o pânico e forçou o governo a impor o feriado bancário e os controles de capitais. Agora, o Banco Central enfrenta uma decisão incômoda: caso reestabeleça o financiamento normal, estaria reconhecendo que o congelamento foi político, mas caso não haja desse modo, força a introdução de uma nova moeda na Grécia”, explicou o economista.
Em sua visão, se os fundos não voltarem a fluir a partir de Frankfurt, onde fica a sede central do Banco Central Europeu, o Estado grego seria obrigado a emitir uma quase moeda (como os Lecop ou Patacones) para pagar salários e aposentadorias. Porém, até mesmo se o sistema financeiro da Grécia recuperar o acesso ao financiamento, “ainda resta saber como voltará a crescer”, destacou o economista em referência à ausência de mecanismos para impulsionar a atividade sob o corset do euro. “Funcionará a saída do euro tão bem como a desvalorização de Islândia, em 2008-2009, ou o abandono da paridade entre o peso e o dólar na Argentina? Talvez não. Inclusive, caso a Grécia receba um alívio significativo de sua dívida, abandonar o euro será a única válvula de escape possível para o seu interminável pesadelo econômico”.
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Grécia. “Ao menos se abre uma possibilidade” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU