Por: Jonas | 10 Abril 2015
O Papa Francisco recordou os “massacres dos armênios” perpetrados pelos otomanos, há cem anos, durante a audiência que concedeu, hoje, ao Sínodo Patriarcal da Igreja Armênio-Católica. O Papa Francisco não deixou de dedicar uma pequena reflexão à crise que se vive na Síria, sobretudo em Alepo e nas regiões que “há cem anos foram um lugar seguro para os poucos sobreviventes” armênios. “Tais regiões, neste último período – recordou –, viram em risco a permanência dos cristãos, e não apenas armênios”. O Pontífice novamente expressou sua preocupação com as perseguições sofridas pelos cristãos na Síria e no Oriente Médio, em suas reflexões sobre o genocídio armênio, cujo centenário ocorre neste ano. A denúncia papal das perseguições contra os cristãos é um fato quase cotidiano, em especial desde a Semana Santa. O Papa recordou que durante a Missa pelos armênios, no próximo domingo, “elevaremos a oração do sufrágio cristão pelos filhos e as filhas de seu amado povo, que foram vítimas há cem anos. Invocaremos a Divina Misericórdia para que nos ajude a todos, no amor pela verdade e a justiça, a curar cada ferida e a empreender gestos concretos de reconciliação e de paz entre as Nações que ainda não conseguiram chegar a um razoável consenso sobre a leitura destes tristes fatos”.
A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi, publicada por Vatican Insider, 09-04-2015. A tradução é do Cepat.
O Papa Bergoglio refletiu sobre o assunto na audiência que concedeu ao Sínodo Patriarcal da Igreja Armênio-Católica, que nestes dias se encontra em Roma, em vista da celebração que no próximo domingo, na Basílica de São Pedro, o próprio Pontífice presidirá como recordação do extermínio dos armênios de cem anos atrás. Este evento, segundo os historiadores, foi o primeiro genocídio da história moderna, mas as autoridades turcas não aceitam a definição de genocídio.
A celebração do próximo domingo contará com a participação tanto de armênios como de católicos, como os ortodoxos, e o Papa proclamará São Gregório de Narek doutor da Igreja. “Nosso pensamento agradecido – disse o Papa Francisco a esse respeito –, neste momento, vai para todos os que trabalham para trazer algum alívio ao drama de seus antepassados. Penso especialmente – acrescentou – no Papa Bento XV, que interveio ao Sultão Mehmet V para que parassem os massacres dos armênios. Este Pontífice foi grande amigo do Oriente cristão: instituiu a Congregação para as Igrejas Orientais e o Pontifício Instituto Oriental, e em 1920 inscreveu a Santo Efrém da Síria entre os doutores da Igreja universal. Alegra-me que este encontro aconteça próximo do análogo gesto que, no próximo domingo, terei a alegria de realizar com a grande figura de Gregório de Narek”.
“Seu povo – disse o Papa em outro momento de seu discurso ao Sínodo Patriarcal da Igreja Armênio-Católica -, que a tradição reconhece como o primeiro a se converter ao cristianismo, em 301, tem uma história bimilenária e guarda um admirável patrimônio de espiritualidade e de cultura, além de uma capacidade de voltar a se levantar após todas as perseguições e provas as quais foram submetidos”.
“Como disse o Evangelho – comentou o Pontífice argentino -, desde o íntimo do coração podem se desencadear as forças mais obscuras, capazes de chegar a programar sistematicamente o aniquilamento do irmão, de chegar a considerá-lo um inimigo, um adversário ou, inclusive, um indivíduo sem a mesma dignidade humana”. Por isso, o Papa pediu para que não falte em todos os pastores “o compromisso de ensinar os fiéis leigos a ler a realidade com novos olhos, para chegar a dizer cada dia: ‘Meu povo não é apenas o dos que sofrem por Cristo, mas, sobretudo, o dos ressuscitados Nele’. Por isso, é importante recordar o passado, mas para extrair dele uma seiva nova para alimentar o presente com o anúncio alegre do Evangelho e com o testemunho da caridade. Animo-lhes a sustentar o caminho de formação permanente dos sacerdotes e das pessoas consagradas. Eles são seus primeiros colaboradores: a comunhão entre eles e vocês será reforçada pela exemplar fraternidade que eles poderão descobrir no seio do Sínodo e com o Patriarca”.
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O Papa recorda os “massacres” dos armênios e lembra o sistemático aniquilamento - Instituto Humanitas Unisinos - IHU