23 Março 2015
A capela da prisão de Poggioreale, em Nápoles, nesse sábado, transformou-se em refeitório para acolher o almoço com o Papa Francisco. Estavam reunidos na sala 120 pessoas, entre elas também transexuais, cumprimentados um por um pelo seu hóspede: uma dezena de presos chegaram do instituto penal de Secondigliano, de onde provinham nada menos do que cinco presos restritos do hospital psiquiátrico judiciário que deve fechar até o fim do mês. Também havia quatro rapazes do presídio juvenil Nisida, perplexos e intimidados. Um total de 12 compartilharam a mesa com o pontífice; ao lado dele, um preso da Argentina.
A reportagem é de Adriana Pollice, publicada no jornal Il Manifesto, 22-03-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
"Conheço as situações dolorosas de vocês – foram as palavras de Bergoglio –, recebo muitas cartas de presos de todo o mundo. Os encarcerados, muitas vezes, são mantidos em condições indignas à pessoa humana e, depois, não conseguem se reinserir na sociedade. Mas, graças a Deus, também há dirigentes, capelães, educadores, operadores pastorais que sabem estar perto de vocês do modo certo. Existem algumas experiências boas e significativas de inserção. É preciso trabalhar nisso. E, então, um lugar de marginalização, como pode ser a prisão em sentido negativo, pode se tornar um lugar de inclusão."
Ao seu comensal argentino, Claudio Fabián, a honra da primeira pergunta: "Somos esquecidos por todos: governo, instituições, exceto por Deus", o que fazer depois que sairmos? Mesma preocupação na segunda pergunta: "Somos marcados para toda a vida, marginalizados, excluídos de tantos caminhos de inserção. Encontraremos acolhida fora destes muros?".
Uma atitude diferente por parte da comunidade foi o desejo do papa: "A nossa sociedade é pouco misericordiosa, respondeu Bergoglio – explica Antonio Mattone, da Comunidade de Santo Egídio, presente no almoço – que não perdoa, embora cada um de nós também erre. O importante é saber se reerguer. É preciso refletir sobre penas como a prisão perpétua, uma medida de grande desumanidade", continuou. "Lembremos que Jesus disse que os últimos serão os primeiros. A visita a Poggioreale foi um sinal forte, porque ocorreu no momento em que a estrutura está em transição para condições mais aceitáveis, graças também à mudança de direção."
Um elemento ressaltado também por Antigone: "Na penitenciária, está em andamento uma melhoria, mas os padrões de vida ainda são baixos. Ela conquistou a fama de pior prisão da Europa por causa das condições de detenção muito difíceis. Ainda estão em andamento as investigações por episódios anteriores de violência por parte dos agentes da Polícia Penitenciária".
Com uma capacidade de 1.500 presos, tinha-se chegado ao dobro. Hoje, são cerca de 1.900.
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''Esquecidos por Deus'': a visita de Francisco aos presos de Nápoles - Instituto Humanitas Unisinos - IHU