27 Fevereiro 2015
Nesta quinta-feira (25 de fev.), o padre jesuíta Alexis Prem Kumar, que ficou em cativeiro por mais de oito meses no Afeganistão, disse que foi solto sob a advertência de que seria morto caso retornasse ao país.
A reportagem foi publicada por ZeeNews, 26-02-2015. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
“No momento de minha soltura, me disseram que vou ser morto se escolher voltar ao Afeganistão, embora eles estivessem me libertando desta vez”, disse Kumar aos jornalistas em Chennai, capital do estado indiano de Tamil Nadu, um dia depois de chegar à cidade.
Ao relatar a experiência angustiante que viveu, Kumar, 47, disse que, durante o cativeiro, suas mãos e pernas ficavam acorrentadas, até mesmo quando mudavam o local em que era mantido confinado.
“Na maioria do tempo minhas mãos e pernas ficaram acorrentadas, ainda que não houvesse ameaça à minha vida”, disse o sacerdote.
Em seguida, contou à imprensa que, no cativeiro, ele podia ir ao banheiro apenas uma vez a cada 12 horas e que um guarda armado ficava presente ao seu lado mesmo quando precisava fazer as necessidades básicas.
“Assim, tive de beber menos água para controlar a quantidade de urina, e coisas desse tipo tiveram um impacto em mim. Precisei lutar contar alguns problemas de saúde”, falou.
Kumar estava trabalhando no Afeganistão como diretor do Serviço Jesuíta aos Refugiados – SJR, organização caritativa educacional, e trabalhava no país há mais de três anos. Antes, havia trabalho para o SJR servindo a refugiados srilanqueses em Tamil Nadu, estado localizado no extremo sul da Índia.
Kumar acompanhava professores numa visita a uma escola apoiada pelo SJR dedicada a refugiados na aldeia Sohadat, a 25 quilômetros da cidade de Herat, no dia 2 de junho de 2014, quando foi levado da escola por homens armados não identificados.
Ele foi solto na sequência dos esforços feitos pelo governo da Aliança Democrática Nacional, que administra o país. A anúncio de sua soltura foi feito pelo primeiro-ministro Narendra Modi no dia 22 de fevereiro.
“Durante três anos não houve problema algum, e eu já estava familiarizado com a cultura local”, disse Kumar.
“Os sequestradores sempre me disseram que eu seria libertado em breve”, disse, acrescentando que não tinha uma ideia clara de quem eles eram, embora se diziam ser talibãs.
O sacerdote disse que não conhecida a língua local, Pashto, tendo de se comunicar com os sequestradores em língua de sinais.
Quanto às demandas dos sequestradores e de como foi solto, Kumar disse “não ter ideia” e falou: “Não sei por que motivo eu fui levado nem como fui solto”.
Kumar agradeceu ao primeiro-ministro, às autoridades da embaixada indiana no Afeganistão e ao governo de Tamil Nadu por garantirem a sua libertação.
Elogiando o povo do Afeganistão pela hospitalidade, disse, no entanto, que este ainda é um país “problemático sem paz”.
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Jesuíta indiano é alertado de que será morto se voltar ao Afeganistão - Instituto Humanitas Unisinos - IHU