Antiga confissão que ainda fala aramaico corre o risco de desaparecer

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27 Fevereiro 2015

Os eventos que estão abalando a Síria e o Iraque levam tragicamente às honras das crônicas nomes de etnias, de seitas e de Igrejas cristãs que povoaram e povoam o mundo islâmico.

A reportagem é de Roberto Tottoli, publicada no jornal Corriere della Sera, 25-02-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Esses eventos mostram a complexidade da região e da história de terra que viram nascer civilizações milenares e conheceram a primeira difusão do cristianismo. O ataque do Isis contra os cristãos caldeus e assírios é um prelúdio, talvez, para o enésimo triste destino daquela que é uma minoria religiosa, que, infelizmente, já conheceu muitas tragédias.

Como todas as outras comunidades cristãs no mundo islâmico, os cristãos da Igreja assíria do Oriente e os caldeus da Igreja caldeia unida em Roma, junto com os siro-católicos, estão em contínua erosão e contam agora com mais fiéis nas comunidades da diáspora mundial.

São algumas das numerosas Igrejas e confissões cristãs que viviam e ainda sobrevivem na ampla região em que o cristianismo nasceu no Oriente Próximo. Assírios e caldeus eram comunidades antigamente numerosas e importantes, especialmente na região norte da Mesopotâmia.

Viveram por séculos em boas relações com outras etnias e confissões nas fronteiras do Império Otomano e sob a autoridade dos seus patriarcas, conservando uma relativa autonomia e sem problemas particulares com os muçulmanos que os cercavam.

Os sequestros destas horas, porém, são o último capítulo de uma história que, no último século, tornou-se trágica. As igrejas iraquianas já conheceram lutos na Primeira Guerra Mundial e nos anos 1930, eventos que os levaram à fuga rumo à Síria, a Mosul ou ao Irã. E, por último, também para os Estados Unidos e Canadá.

Nos anos posteriores, tiveram que sofrer ataques por parte dos vários governos iraquianos, limpezas étnicas por parte de turcos e curdos, que fizeram da história recente uma série interminável de massacres.

Expulsos das suas terras, na Síria, ocuparam cerca de 30 vilarejos, em um exílio aceitável e até pacífico, ao menos até o advento do Isis. Aqui, até agora, puderam continuar em estilos e modos de vida tradicionais, na recordação das antigas tradições das regiões de origem e, especialmente, preservando o uso de dialetos aramaicos modernos.

O aramaico e o siríaco, línguas de antiga tradição cristã, sobrevivem duramente em minorias como essas, cujo destino parece marcado pela indiferença geral. Estudiosos comprometidos há anos com a preservação do seu patrimônio cultural único, como Alessandro Mengozzi, da Universidade de Turim, não economizaram apelos e alertas diante de uma situação insustentável.

Insustentável, acima de tudo, para o destino dos homens e mulheres cristãos expulsos das suas casas em que viveram por séculos, mas também para a sua língua, o aramaico, cujo futuro parece tristemente marcado, depois de mais de 2.000 anos de história.