26 Fevereiro 2015
“Deus quer que todos possam comer em cada dia, e estas mulheres o sabem. Eis porque, quando os migrantes passam por aqui, procuram dar-lhes de comer. O fato de ter nascido num lugar onde as coisas são muito desastradas, não justifica que se permaneça sem comer”. Quem o disse foi monsenhor José Raúl Vera López, bispo de Saltillo (México), durante a missa celebrada pelos vinte anos de vida do grupo Patronas: os “anjos” dos migrantes centro-americanos que atravessam o México sofrendo violências e privações na esperança de chegar aos Estados Unidos.
A reportagem foi publicada pelo jornal L’Osservatore Romano, 24-02-2015. A tradução é de Benno Dischinger.
Guiados por Norma Romero Vázquez e por sua mãe, Leonila Vázquez, estas 15 mulheres estão de pé junto aos trilhos do trem chamado “La Bestia’ (a besta de aço) em Amatlán de los Reyes, Veracruz, para oferecer comida e água aos migrantes. Vencedoras do prêmio nacional para os direitos humanos, as Patronas são mulheres camponesas – refere a agência Misna – que assistem os migrantes centro-americanos de Honduras, Salvado, Guatemala e Nicarágua que viajam para o sonho americano sobre o teto dos trens. Dão-lhes comida e água desde 4 de fevereiro de 1995 e sempre estão ali quando o trem passa com sua carga direto para o norte.
O bispo Vera López, que celebrou a missa ao longo dos trilhos, onde o grupo desenvolve sua atividade humanitária, sublinhou que “esta tragédia humana tem fisionomias e nomes. Por muitos anos no México o temos vivenciado de longe e também hoje a xenofobia continua a golpear os migrantes”. A celebrar junto ao bispo de Saltillo estavam o padre Alejandro Solalinde, que atua em defesa dos migrantes, frei Tomás González, responsável pela casa de acolhida para os migrantes “La 72” de Tenosique, Tabasco, e o padre Prisciliano que dirige também ele uma casa para migrantes em Altar Sonora. “A militarização da fronteira meridional – explicou o présule – impele os migrantes a aventurar-se por estradas mais perigosas, acabando também por se deslocarem amontoados a bordo de pequenas barcas para a pesca ao longo dos cursos d’água para evitar os percursos terrestres do Chiapas, disseminados de postos de bloqueio. Os incidentes, as vexações, as vítimas se contam a cada ano às centenas”.
Parece que os migrantes que viajam sobre os trens chegam às vinte mil unidades a cada ano. Muitos deles são derrubados e seqüestrados. No Estado de Vera Cruz há uma taxa altíssima de violência contra os migrantes: em 2014 foram registradas oficialmente 157 vítimas de seqüestro, mas há tantos outros casos que não são denunciados.
“O Estado – observou o padre Prisciliano – considera os migrantes como um impedimento, enquanto as Patronas lhes oferecem ajuda e se colocam ao seu serviço. Sem pedir nada em troca.
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As mulheres queassistem os migrantes centro- americanos ao longo dos trilhos que os levam à fronteira - Instituto Humanitas Unisinos - IHU