12 Janeiro 2015
O Papa Francisco encontrou-se com dois astros da mídia norte-americana na quinta-feira, embora sejam de diferentes tipos e níveis de celebridade: a atriz Angelina Jolie, cuja fama fala por si, e o cardeal Raymond Burke, herói dos católicos conservadores, críticos do heterodoxo pontífice.
A reportagem é de John L. Allen Jr., publicada no sítio Crux, 08-01-2015. A tradução é de Claudia Sbardelotto.
Jolie estava na cidade para promover um novo filme dirigido por ela, "Invencível", (Nota da IHU On-Line: estreia no Brasil na próxima quinta-feira, dia 15-01-2015) sobre um atleta olímpico norte-americano e que também foi prisioneiro de guerra durante a Segunda Guerra Mundial, que ela descreveu como uma história de "fortaleza e perdão".
Jolie disse também que a experiência de fazer o filme reabriu-a para a ideia do divino, ainda que não a uma fé religiosa específica.
A exibição do filme foi encenado ontem de manhã na Pontifícia Academia das Ciências, um escritório liderado pelo bispo Marcelo Sánchez Sorondo, um argentino e um confidente de Francisco.
Em um comunicado, Jolie considerou a oportunidade de apresentar o filme no Vaticano "uma honra".
O pontífice não participou da apresentação, que ocorreu ao mesmo tempo em que ele estava atendendo reuniões com Burke e outros prelados. Depois disso, no entanto, Jolie teve a oportunidade de saudar o papa brevemente.
O encontro de Burke durou 45 minutos e aconteceu como parte de uma série de sessões matutinas do pontífice com vários outros prelados, incluindo o cardeal polonês Zenon Grocholewski, que lidera Congregação do Vaticano para a Educação Católica e o cardeal André Vingt-Trois de Paris.
A sessão com Burke destaca-se, no entanto, dado o seu perfil.
O cardeal norte-americano de 66 anos de idade emergiu como um dos líderes do campo conservador no Sínodo dos Bispos sobre a família no último outono, a ponto de sugerir abertamente que o Papa Francisco devia ao mundo um pedido de desculpas por semear "confusão" sobre a doutrina católica sobre assuntos relacionados à família e, especialmente, a Comunhão para os católicos divorciados e recasados civilmente.
Em uma entrevista publicada há três dias, Burke voltou a falar sobre alguns dos mesmos temas, queixando-se de que a Igreja Católica tornou-se demasiado "feminizada" e sugerindo que a queda de vocações para o sacerdócio pode estar relacionada ao uso disseminado de meninas coroinhas.
No entanto, um porta-voz do Vaticano disse ao Crux, na quinta-feira, que o encontro com Francisco era "de rotina" à luz do novo papel do cardeal Burke.
No início de novembro, Francisco removeu Burke do posto de chefe da mais alta corte do Vaticano e nomeou-o para um cargo, em grande parte, cerimonial como patrono da Ordem Soberana e Militar de Malta, que hoje funciona principalmente como uma fundação filantrópica.
A mudança foi amplamente vista como um rebaixamento, embora em uma recente entrevista com um jornalista argentino, Francisco negou que isso tenha sido um castigo pelo papel desempenhado por Burke no Sínodo e disse que precisava de um "norte-americano inteligente" na nova função.
Sempre que um cardeal recebe uma nova posição, disse o porta-voz, é habitual que ele tenha um encontro com o papa para falar sobre isso.
Além disso, afirmou o porta-voz, a reunião não poderia ter sido uma resposta à entrevista mais recente de Burke, já que ela estava na agenda do papa há pelo menos 10 dias.
O Vaticano não revelou quaisquer detalhes sobre o que foi dito em qualquer um dos encontros, mas dadas as personalidades envolvidas, pode-se apostar que o Papa Francisco teve um dia bastante interessante.
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Papa encontra-se com duas estrelas norte-americanas: Angelina Jolie e cardeal Burke - Instituto Humanitas Unisinos - IHU