28 Novembro 2014
A Igreja a caminho na história "rumo ao Reino dos Céus", o Paraíso que, "mais do que um lugar", é "um estado da alma em que as nossas expectativas mais profundas serão cumpridas de modo superabundante". Francisco, na sua catequese na Praça de São Pedro, fala da "Jerusalém celeste" e sorri: "É bonito pensar no Céu. Todos nós nos encontraremos lá em cima, todos".
A reportagem é de Gian Guido Vecchi, publicada no jornal Corriere della Sera, 27-11-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
E, depois, amplia o olhar, com uma frase que amplia a esperança da salvação e da bem-aventurança escatológica aos animais, assim como a toda a criação: "A Sagrada Escritura nos ensina que o cumprimento desse desígnio maravilhoso não pode não dizer respeito também a tudo o que nos cerca e que saiu do pensamento e do coração de Deus", explica.
Depois, cita o capítulo 8 da Carta aos Romanos: "O apóstolo Paulo afirma isso de modo explícito, quando diz que 'a criação também será liberta da escravidão da corrupção, para participar da liberdade e da glória dos filhos de Deus'".
Também outros textos, da Segunda Carta de Pedro até o Apocalipse, mostram "a imagem do 'céu novo' e da 'Terra nova'", lembra Francisco, "no sentido de que todo o universo será renovado e será liberto de uma vez por todas de todos os vestígios do mal e da própria morte".
Como "cumprimento de uma transformação que, na realidade, já está em ato a partir da morte e ressurreição de Cristo", a perspectiva futura é a de uma "nova criação": "Portanto, não de uma aniquilação do cosmos e de tudo o que nos cerca, mas um levar todas as coisas à sua plenitude de ser, de verdade, de beleza".
Francisco está preparando uma encíclica "ecológica" sobre a proteção da Criação. Certamente, o tema é recorrente e, às vezes, controverso na Igreja. Diz-se que Paulo VI tinha consolado um menino aos prantos por causa da morte do seu cão, dizendo-lhe: "Um dia, vamos rever os nossos animais na eternidade de Cristo".
Além disso, a palavra "animal" vem de anima, como princípio vital, e João Paulo II disse em uma audiência em 1990: "Alguns textos sagrados admitem que os animais também têm um hálito ou sopro vital e que o receberam de Deus".
Uma perspectiva que Bento XVI – de quem, aliás, é conhecido o amor pelos gatos – pareceu bloquear durante uma homilia há seis anos: "Nas outras criaturas, que não são chamadas à eternidade, a morte significa apenas o fim da existência sobre a Terra...".
O tema, explica um grande teólogo como o arcebispo Bruno Forte, tem a ver com a palavra grega anakephalaiosis, ou seja, "a 'recapitulação' de todas as coisas em Cristo e, portanto, na glória de Deus, tudo em todos".
Não por acaso, Francisco citou São Paulo: "Segundo a teologia paulina, como se lê na Carta aos Colossenses, tudo foi criado por meio de Cristo e em vista d'Ele, e, portanto, tudo participará da glória final de Deus";
Certamente, "na forma e na medida dada a cada criatura", acrescenta Forte: "Uma coisa é a criatura consciente e livre, outra é a inanimada. Mas a ideia é de que o universo inteiro não será aniquilado".
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O papa e os animais: ''O paraíso está aberto a todas as criaturas'' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU