26 Setembro 2014
À luz das recentes demissões de gays e lésbicas que atuavam em instituições católicas, o americano Benjamin Brenkert deixou a Igreja após 10 estudando para se tornar sacerdote na Companhia de Jesus.
A reportagem é de Nicholas Sciarappa, publicada pelo National Catholic Reporter, 22-09-2014. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
“Não posso ser um padre jesuíta porque, neste momento, não posso ser membro da Igreja Católica”, contou Brenkert ao National Catholic Reporter. “Eu não posso ser abertamente um homossexual jesuíta no discernimento para o sacerdócio na Igreja Católica se os empregados LGBTs estão sendo demitidos das instituições católicas”.
Brenkert disse que a gota d’água para ele foi quando uma trabalhadora do setor de despensa de alimentos foi demitida da Paróquia St. Francis Xavier, em Kansas, no estado do Missouri, depois que se mencionou o seu casamento com uma mulher num jornal local.
Sobre a decisão de deixar a Igreja, Brenkert escreveu uma carta aberta ao Papa Francisco, explicando por que estava deixando os jesuítas e o que ele quer que o papa faça no sentido de salvar a sua vocação na instituição.
A carta, obtida pelo National Catholic Reporter e publicada por alguns meios de comunicação online, afirma: “Peço-lhe que instrua a Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos a dizer às instituições católicas para não demitirem mais os católicos LGBTs. Peço a ele que se manifeste contra as leis que criminalizam e oprimem as pessoas da comunidade LGBT ao redor do mundo. Estas ações dariam vida à sua declaração: ‘Quem sou eu para julgar?’”.
Brenkert contou ao National Catholic Reporter que “quer que o papa olhe, realmente, para o fato de que eu, como um gay, poderia me tornar um padre e alcançar o nível mais alto da relação humana com Deus na qualidade de padre celibatário, enquanto que os funcionários LGBT que estão buscando pelo reconhecimento matrimonial e sacramental de seu amor não poderiam mais serem empregados porque estavam vivendo no amor de Deus por eles. Isso é justo? Para mim, não é. Tudo o que quero é que as pessoas se identifiquem com a missa história e peçam para que a Igreja seja clara sobre o que ela acredita”.
Para Brenkert, o compromisso do papa com a pobreza e suas declarações claras sobre os males da globalização, do capitalismo e do materialismo têm ajudado os marginalizados da sociedade. Brenkert falou que a demissão de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros católicos pode, no entanto, acrescentar mais à linha da pobreza.
“Um tom que não seja de julgamento pode soar bem. Pode soar como uma grande oportunidade, mas se não tiver um impacto claro e tangível, não vai significar muita coisa”, disse Brenkert. “O que precisamos é de uma declaração inequívoca de apoio à comunidade LGBT”.
Desde a sua saída dos jesuítas, Brenkert vem fazendo o discernimento para formação sacerdotal na Igreja Episcopal.
“Dói-me ter que deixar os jesuítas”, falou Brenkert. “Eu gostava de ser um membro desta ordem religiosa, e sou extremamente grado pelo que eles fizeram por mim”.
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Jesuíta deixa a Igreja após demissões de gays e lésbicas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU