Por: Jonas | 06 Agosto 2014
Dom Rogelio Livieres (foto) é o bispo de Ciudad del Este, a polêmica diocese paraguaia que sofreu intervenção da Santa Sé. O cardeal Santos Abril y Castelló e o bispo auxiliar de Montevidéu, dom Milton Tróccoli, concluíram sua visita na semana passada. Nesta entrevista, o prelado apresenta a sua visão sobre a mesma, afirmando que “aos enviados do Papa, pareceu-lhes muito bem tudo o que viram”. Segundo o bispo: “Vinham com informação muito ruim, mas os fatos a desmentiram”.
Fonte: http://goo.gl/baFqP6 |
A entrevista é de José Manuel Vidal, publicada por Religión Digital, 04-08-2014. A tradução é do Cepat.
Eis a entrevista.
Que sabor lhe deixou a visita dos enviados do Papa?
Muito bom, porque foi cordial e otimista. Aos enviados do Papa, pareceu-lhes muito bem tudo o que viram, tanto no Seminário Maior São José, como em toda a organização da Diocese. Viram muita participação dos fiéis nas diversas atividades pastorais que desenvolvemos, enfim, encontraram uma Igreja que acompanha sua gente, assim como recomenda o Papa Francisco.
Por outro lado, também contribuirá para que se esclareçam os pequenos problemas que tenhamos tido e continuaremos crescendo em comunhão com toda a Igreja.
Você está satisfeito com os resultados da mesma?
Ainda não temos resultados.
Como foi o seu contato pessoal com o cardeal Santos Abril?
Sumamente cordial. O Cardeal é uma pessoa muito amável e se mostrou, a todo momento, bastante interessado pela Diocese, pelos trabalhos que realizamos e saiu muito contente.
Em algum momento, você sentiu que ele chegava em sua diocese com ideias pré-concebidas?
Sim, e nos foi dito: vinham com informação muito ruim, mas os fatos a desmentiram.
Acaba de dizer que para Roma foram enviadas informações “caluniosas” por parte do Núncio e da Conferência Episcopal. Com qual intenção?
Foram ditas muitas coisas, em especial de nosso Seminário. É um capítulo que espero que seja superado o quanto antes. Ocorre que a Teologia da Libertação marcou a formação de quase todos os sacerdotes que saíram do Seminário de Assunção, e não só eu digo isso. Então, quando fundamos o Seminário São José, onde a formação que é oferecida se ajusta estritamente à doutrina católica, este passou a ser o alvo de todo tipo de questionamentos, até nossos dias.
A Santa Sé deve recordar a todos os Bispos do Paraguai que temos o dever e o direito de abrir um seminário de acordo com os requerimentos e sempre que tivermos possibilidades. E o Seminário Maior São José se rege pelas normas vigentes. Do mesmo modo, já saíram muitos sacerdotes que agora me ajudam, e a outros bispos, nos trabalhos pastorais, porque nossa principal função episcopal é o cuidado das almas, que as mesmas alcancem a salvação e para isso necessitamos de muitos colaboradores que sejam sacerdotes.
A primeira decisão de se proibir as ordenações sacerdotais em sua diocese lhe é dolorosa? Irá acatar?
É claro que eu acatarei, como sempre faço naquilo que a Santa Sé me manda. Naturalmente, a proibição de ordenar – que já traziam de Roma – resultou-me dolorosa, mas devemos compreender que é o que sempre se faz nestes tipos de conflitos, até que se dilua o caso.
A decisão de abrir mão de seu vigário geral, o padre Urrutigoity, foi imposta pelos enviados papais?
Não. Ela me foi sugerida há meses pelo Núncio e me pareceu prudente afastar o pe. Carlos antes da chegada da Visita.
Você teme que o afastem da sede de Ciudad del Este?
Não, de modo algum. Inclusive, falamos com os enviados do Papa de planos para o futuro.
Quais são seus “pecados” segundo seus irmãos bispos: que é você do Opus Dei, que é muito conservador...?
Eles foram contra a minha nomeação, há 10 anos, por ser do Opus Dei e por isso supostamente conservador (não me conheciam em nada).
Eu iniciei meu ministério facilitando os sacramentos e dando um caráter espiritual à pregação da Palavra. Para isso, fundei um Seminário que formasse um novo clero, como me aconselhou Bento XVI. Eles o consideram falta de unidade, de fraternidade, de caridade e de todas as virtudes. Porém, não é assim. A comunhão se dá em torno da Eucaristia, fonte e ápice de toda a ação da Igreja. E a superação de toda a crise atual se conseguirá reparando as feridas ocasionadas à Santa Eucaristia.
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“Aos enviados do Papa, pareceu-lhes muito bem tudo o que viram”, diz bispo de Ciudad del Este, no Paraguai - Instituto Humanitas Unisinos - IHU