Por: Jonas | 10 Junho 2014
Os bispos das duas principais cidades do Paraguai protagonizaram um duelo público em torno da figura de um sacerdote argentino, que foi suspenso por pedofilia nos Estados Unidos e que agora vive no país sul-americano.
A reportagem é publicada por Religión Digital, 08-06-2014. A tradução é do Cepat.
A batalha entre o bispo de Cidade do Leste, Rogelio Livieres Plano, e o arcebispo de Assunção, Pastor Cuquejo, ocorreu depois que o segundo sugeriu reabrir uma investigação para averiguar se são verdadeiras as acusações de abuso contra menores de Carlos Urrutigoity.
Livieres, que nomeou Urrutigoity como seu número dois, há dois anos, defendeu-lhe e disse que o caso está encerrado. Ao mesmo tempo, acusou Cuquejo de ser homossexual, durante uma marcha “pró-vida”.
“Há cinco anos, o arcebispo, que teria que ser muito mais prudente nesse assunto, quase foi retirado do Arcebispado por acusações de homossexualidade. Eram provas que não foram suficientes, mas eram convincentes, eram coincidentes”, declarou Livieres, segundo uma gravação.
Livieres qualificou Cuquejo como “má pessoa” e disse que sua intenção em investigar “é como atirar pedras quando se tem o teto de vidro”.
A resposta de Cuquejo foi uma tentativa de dar por encerrado o assunto: “É um irmão meu. Diante de Deus estamos em paz”.
A promotora da Infância e Adolescência, María Graciela Vera, informou que investiga ex officio ao argentino, que continua exercendo em Cidade do Leste.
“Há uma denúncia através da rádio de uma suposta vítima no Paraguai, mas enquanto não for apresentada formalmente, não se pode fazer nada. Não existe nenhuma denúncia no Paraguai”, acrescentou.
Urrutigoity foi acusado, em 2002, por um estudante da Academia Saint Gregory da Pensilvânia, Estados Unidos, por ter lhe oferecido “direção espiritual”, dormindo com ele, e mais tarde de lhe investir sexualmente, junto com o reverendo Eric Ensey.
Essa denúncia foi seguida de ao menos três acusações de compartilhar a cama e aproximações sexuais com outras pessoas.
O prelado argentino foi suspenso, nesse ano, e enviado ao Canadá para que fizesse exames psicológicos no Instituto Southdown, especializado em tratar clérigos com problemas mentais.
Tanto a Diocese de Scranton, na Pensilvânia, como antigos professores do seminário onde estudou Urrutigoity, recomendaram ao bispo de Cidade do Leste, ao Núncio Apostólico no Paraguai e ao Núncio Apostólico nos Estados Unidos que não admitissem ao prelado.
Essa Diocese expressou, em um comunicado, suas “sérias preocupações” sobre o clérigo, a quem identificou como “uma séria ameaça para os jovens”.
O promotor da Unidade Internacional da Promotoria paraguaia, Juan Emilio Oviedo, disse que não recebeu nenhum pedido contra o religioso, de nenhum país, “nem pela Polícia, nem por via diplomática”.
O comissário principal da Interpol no Paraguai, Fabio Sanabria, também confirmou essa informação.
Não é a primeira vez que Livieres defende um religioso acusado de pedofilia. Em 2003, fez tudo o que era possível para desmerecer uma investigação de jornalistas e promotores, que tinham reunido depoimentos de sete pessoas, acusando seu parente Jorge Livieres Banks, também sacerdote, de abusos sexuais, segundo a imprensa local. O arcerbispo Cuquejo também se manifestou, então, em favor de uma investigação, que foi levada até o Vaticano.
A bronca entre os dois clérigos fez com que a Conferência Episcopal Paraguaia intervisse, cujo vice-presidente, o arcebispo Edmundo Valenzuela, comunicou à imprensa que Livieres aceitou se encontrar com Cuquejo para lhe pedir perdão. “Damos um belo testemunho de que podemos ser pecadores, mas não corruptos”, disse Valenzuela a Rádio Cáritas.
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Um bispo paraguaio acusa o arcebispo de Assunção de ser homossexual - Instituto Humanitas Unisinos - IHU