22 Mai 2014
Um forte chamado a se sacudirem e a não cederem ao sentimento da crise veio nessa segunda-feira, 19, do Papa Francisco, que dirigiu uma dupla advertência aos bispos italianos reunidos em assembleia: que reajam à tentação da "tristeza", entrem na "vivência das pessoas" e ajudem a sociedade a "não ceder ao catastrofismo e à resignação", defendendo, com todas as formas de "solidariedade criativa", desempregados, pensionistas, trabalhadores precários, empresários, migrantes e refugiados.
A reportagem é de Luigi Accattoli, publicada no jornal Corriere della Sera, 20-05-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Pode-se dizer que o primeiro objetivo que o papa argentino se propõe em relação à Itália é o de ajudar a Igreja do país a se livrar do complexo do retrocesso e a sair de si para reencontrar vida e propósito na missão. Esse papa não segue os caminhos hierárquicos, ele embaralha as cartas, não respeita as prioridades adquiridas: podem ser muitas as metáforas para descrever as iniciativas do Papa Francisco em relação ao episcopado italiano.
A última é a dessa segunda-feira, e todas trazem a marca da surpresa e confundem o reservadíssimo destinatário, ou seja, a cúpula da Conferência Episcopal Italiana (CEI).
No ano passado, o Papa Bergoglio surpreendeu a todos não só com as diretrizes que transmitiu à assembleia – entre elas, o chamado a um maior protagonista no diálogo com a sociedade –, mas especialmente com o gesto de parar para conversar com todos e de sair da basílica em amigável caminhada.
Nessa segunda-feira, novamente, a novidade foi governo e de gesto: ele deu a linha de abertura da assembleia, convidando os bispos a fazer uso da sua "liberdade" de debate e desejou que o seu discurso fosse seguido por uma discussão livre.
O Papa Bergoglio gosta de desfazer os jogos da nomenklatura eclesiástica, particularmente a italiana, que é a primeira no mundo por história e ambições. Em novembro, ele havia deslocado de repente o bispo Mariano Crociata da secretaria da CEI para Latina, na Itália. Em dezembro, surpreendendo toda expectativa, colocou no lugar de Crociata o bispo de Cassano all'Ionio, Nunzio Galantino.
Para o consistório de fevereiro, esperavam-se dois cardeais residenciais italianos, Veneza e Turim, que não chegaram. Em vez disso, ele deu a púrpura, inesperadamente, ao arcebispo de Perugia, Gualtiero Bassetti, que também é um dos três vice-presidentes da CEI: eis, portanto, que a cúpula da conferência episcopal foi abalada abundantemente, se não até refeita.
Francisco também não age apenas na cúpula. No dia 21 de junho, ele irá visitar Cassano all'Ionio, onde o bispo é Galantino. No dia 5 de julho, irá visitar Campobasso, onde o arcebispo é Giancarlo Bregantini, a quem ele confiara as meditações da Via Sacra no Coliseu: portanto, também com as visitas, ele governará ou ao menos provocará a CEI a se mexer.
Também por essa via, parece possível entender que o objetivo do Papa Francisco, em referência à Igreja italiana – ao menos o mais urgente –, é para movê-la das posições para onde, há décadas, ela recuou em defesa e colocá-la novamente em missão.
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Resignação, a palavra que o papa não gosta - Instituto Humanitas Unisinos - IHU