Por: Jonas | 28 Abril 2014
Dois de seus predecessores, não um, canonizados. A Conferência Episcopal Italiana (CEI) aniquilada. Os homens da velha guarda permanecem na cúpula do IOR. Tudo como Francisco comanda.
A reportagem é de Sandro Magister, publicada por Chiesa, 25-04-2014. A tradução é do Cepat.
Com Francisco o papado acabou em um canto escuro. A luz é toda para ele, o Papa. Não para a instituição, mas para a pessoa.
Ele se sente livre das normas canônicas. Em apenas um ano revogou seis vezes a férrea regra que exige um novo milagre antes que um beato também seja proclamado santo. João XXIII é o último destes seis. Francisco queria evitar a todo custo que João Paulo II fosse canonizado sozinho, queria equilibrá-lo com outro Papa de perfil diferente, menos guerreiro, mais misericordioso.
E assim acontecerá no domingo dia 27 de abril. A Congregação para a Causa dos Santos se inclinou ao seu desejo e simulou ser ela mesma que pediu para Francisco a exceção, rapidamente conhecida com benevolência.
Também o cardeal Angelo Bagnasco, que ainda figura como presidente da CEI, pediu para Francisco que ele faça o discurso inaugural na assembleia plenária dos bispos, convocada para maio, algo que nenhum outro pontífice jamais fez.
O pedido do cardeal, conforme se pode ler no comunicado oficial, “encontrou a imediata disponibilidade do Santo Padre, que admitiu que em seu ânimo tinha a mesma intenção”. Efetivamente, já ao menos um mês, sabia-se que Francisco havia decidido isso.
Desde que ele é Papa, a CEI está como aniquilada. Francisco pediu aos bispos italianos que lhe digam como preferem que ocorra a nomeação de seu presidente e do secretário: se eleito pelo Papa, como é norma na Itália, ou com votações livres, como é normal em todos os outros países. Entendida a antífona, a intenção de quase todos os bispos é que o Papa se ocupe da nomeação. E se realmente ele quer que haja uma primeira votação consultiva, acontecerá, mas em sigilo e sem a contagem de votos. Entregarão as cédulas ainda fechadas e ele fará com elas o que quiser.
A CEI é a viva desmentira dos propósitos de descentralização e “democratização” da Igreja, que são atribuídos a Jorge Mario Bergoglio.
Na CEI, o único atualmente dotado de autoridade efetiva é o secretário geral Nunzio Galantino, bispo de Cassano all’lonio. Porém, sua autoridade é puro reflexo da do Papa, que o nomeou e supervisiona todos os seus movimentos.
O primeiro ato de governo de Galantino, poucas horas depois de sua audiência com o Papa Francisco, foi despedir Dino Boffo, histórico diretor dos meios de comunicação da CEI nos tempos do cardeal Camillo Ruini e, há três anos, diretor da TV 2000, ultimamente premiada com um índice de audiência notável.
Era o dia 14 de fevereiro. Desde então, passaram-se mais de dois meses e o instrumento de comunicação número um da CEI permanece sem guia, como também ainda não foi dada uma explicação sobre a demissão de Boffo.
Vice-versa, caso você desloque o olhar para o interior dos muros vaticanos, encontrará sentados e com todas as honras alguns personagens que, em qualquer outra empresa, teriam sido expulsos há tempo.
São os membros do conselho de superintendência do IOR: o estadunidense Carl Anderson, o alemão Ronaldo Hermann Schmitz, o espanhol Manuel Soto Serrano e o italiano Antonio Maria Marocco, ou seja, o grupo dos quatro que no dia 24 de maio de 2012, com a bênção do cardeal Tarcisio Bertone, destituiu brutalmente o então presidente do instituto financeiro vaticano, Ettore Gotti Tedeschi, líder da renovação, para se juntar, por outro lado, com a velha guarda representada pelos dois diretores Paolo Cipriani e Massimo Tulli, apesar das iminentes investigações judiciais que os obrigaram a se demitir, de maneira vergonhosa, após um ano.
Hoje, Cipriani e Tulli respondem um processo na magistratura italiana, que, por outro lado, reconheceu a impecabilidade da conduta de Gotti Tedeschi. Porém, os quatro do conselho continuam ali, como se nada tivesse acontecido.
Não só. Seguindo o conselho dos quatro, Francisco decidiu manter vivo o IOR, considerado moribundo nos meses passados pelo próprio Papa, e que ele opere da forma como eles apontaram.
O novo curso do Papa Bergoglio ainda está pendente, todo ele, de ser decifrado.
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O último Papa rei - Instituto Humanitas Unisinos - IHU