Por: André | 24 Fevereiro 2014
Na Praça Maidan todos o conhecem. Trata-se do bispo Borys Gudziak (foto), presidente da Universidade Católica da Ucrânia que nas últimas semanas se ajoelhou milhares de vezes para rezar entre os rebeldes das barricadas na cidade de Kiev.
Fonte: http://bit.ly/1bRFzP9 |
A entrevista é de Francesca Paci e publicada no sítio Vatican Insider, 21-02-2014. A tradução é de André Langer.
Eis a entrevista.
Qual é a situação neste momento?
Ando de carro, é difícil deslocar-se e o clima é muito tenso. Em Maidan acaba de morrer um dos nossos professores, Bohdam Solchanyk, um historiador de 29 anos. Levou um tiro de franco-atiradores quase ao mesmo tempo da chegada dos ministros do exterior francês, polonês e alemão. Há dezenas de mortos e não acabou. Durante três meses, o presidente não ouviu o pedido pacífico de dignidade da praça, e agora nos encontramos em um conflito.
Há quem teme que após os Jogos de Sochi Moscou poderia intervir. Putin mandará as forças?
Espero que não, porque a violência se espalharia inclusive fora da Ucrânia. Mas há antecedentes, como Geórgia, em 2008... Por isso peço à Europa que fale com o Putin para evitar uma catástrofe.
O confronto começou em nome da Europa. E agora, as coisas mudaram?
Claro, a Europa tem a ver. Mas foi o catalizador de um descontentamento difundido diante de um sistema tremendamente corrupto. De 1994 até agora, a Ucrânia já perdeu sete milhões de pessoas; 700.000 delas foram só para a Itália. As esperanças da revolução alaranjada se desvaneceram. Durante os últimos quatro anos, o país alcançou níveis insuperáveis de corrupção, de degradação e de injustiça. A população saiu às ruas para pedir dignidade e, com dignidade permaneceu durante muito tempo em paz: não contra alguém, mas por algo; organizavam-se concertos nas noites geladas de Kiev. Mas agora explodiu a frustração porque ninguém ouve.
Em Maidan há também alguns grupos violentos. O que quer a oposição?
Sim, há extremistas, mas são poucos em relação ao povo ucraniano, que se manifestou contra o governo, são milhões. A Europa não deve dar ouvidos à desinformação de Moscou, que manda mensagens de que há um golpe nacionalista contra os legítimos representantes do país. Dizem a vocês que Maidan é nazista, mas aqui se diz que se trata de um complô judaico. Mentiras. Cristãos, judeus e muçulmanos decidiram estar com o povo e contra a violência. Além disso, os partidos de direita que estão presentes em Maidan são um pouco mais moderados do que partidos europeus como a Frente de Le Pen. Repito, há extremistas, mas são uma minoria.
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“Que a Europa detenha Putin”, pede bispo ucraniano - Instituto Humanitas Unisinos - IHU