A imprensa mundial se rende à Exortação A alegria do Evangelho, de Francisco

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Por: André | 28 Novembro 2013

A primeira Exortação Apostólica do Papa Francisco com o nome Evangelii Gaudium (A alegria do Evangelho) foi divulgada nesta terça-feira pelo Vaticano, e o documento de 142 páginas foi objeto de análise dos principais jornais do mundo, que concordaram em destacar sua força e seu caráter “revolucionário”, e inclusive um jornal o apelidou de “ataque ao capitalismo global”.

A reportagem está publicada no sítio Religión Digital, 27-11-2013. A tradução é de André Langer.

O jornal britânico The Guardian disse, já na manchete, que o Papa Francisco chama o capitalismo sem limites de “tirania e insta ricos a compartilharem a riqueza”.

Para o renomado jornal de esquerda, o documento “equivale a uma plataforma oficial de seu papado” e nele Francisco “vai mais longe que em seus comentários anteriores criticando o sistema econômico mundial, a idolatria do dinheiro, e pedindo aos políticos para garantirem a todos os cidadãos trabalho digno, educação e saúde”.

O New York Times, por sua vez, sustenta que, com a publicação da Evangelii Gaudium, Francisco “anunciou seu programa com suas próprias palavras, o que reafirma a impressão de que tem a intenção de sacudir a Igreja da autocomplacência e comprometer todos os católicos com seu ambicioso projeto de renovação mediante o enfrentamento das necessidades reais das pessoas menos favorecidas”.

O emblemático jornal diz, além disso, que o documento é um “desafio à hierarquia do Vaticano” e que está “indissoluvelmente ligado à sua análise do que não está bem com o mundo”, citando suas denúncias à “ditadura de um sistema econômico mundial” e “um mercado livre que perpetua a desigualdade e devora o que é frágil, incluindo os seres humanos e o meio ambiente”.

Outro jornal norte-americano, o influente Wall Street Journal, também aborda a primeira Exortação Apostólica de Francisco, e sustenta que o Bispo de Roma “convocou a Igreja para renovar seu enfoque nos pobres e lançou um ataque contra o capitalismo global”.

O artigo do Journal expressa que a linguagem utilizada pelo Papa argentino no texto é “inusitadamente direta”, e que este manifesto “reúne muitos dos temas que enfatizou desde a sua eleição”.

Apesar de destacar o aspecto do enfrentamento em sua mensagem, a nota destaca que em temas como o aborto e a ordenação de mulheres, “Francisco não se afastou da doutrina tradicional da Igreja”.

No entanto, o jornal El País, da Espanha, decidiu usar as próprias palavras de Francisco na manchete (“A economia da exclusão e da desigualdade mata”) e afirma que com a Evangelii Gaudium Francisco “deixa claro que não gosta da Igreja atual, assim como do mundo que a rodeia”.

De acordo com a análise do matutino espanhol, Francisco vê uma Igreja católica “salpicada de inveja, ciúmes e guerras, preocupada excessivamente consigo mesma, e um mundo em que triunfa a economia que mata através da exclusão e da desigualdade”.

“Por isso, o Papa fixa o horizonte do seu Papado sobre dois trilhos paralelos. Uma reforma da Igreja, que inclua uma conversão do próprio papado, e um apelo urgente aos políticos para que lutem contra a tirania do sistema econômico”, opina o El País, concordando com outro jornal espanhol, El Mundo, que enfoca na mensagem de Francisco a favor dos pobres.

O jornal Le Monde, ao contrário, destaca a mensagem de Francisco pedindo a flexibilização dos mandatos morais, intitulando que o Papa “chama a Igreja para sair do catálogo dos pecados”.

Para o jornal francês, o documento que qualifica de “roteiro oficial de seu pontificado”, leva o selo de Francisco, já que, ao contrário da Encíclica sobre a fé, assinada em conjunto com Bento XVI, publicada em junho passado, este trabalho “reflete sua visão de como vê o mundo”.