Por: André | 11 Novembro 2013
João Paulo II retornou à sua Polônia, apesar da cortina de ferro que naquela época dividia a Europa, antes que se completassem os oito meses do seu pontificado.
Bento XVI foi à Alemanha aos quatro meses de sua elevação ao sólio de Pedro. Era uma viagem praticamente obrigatória, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude de Colônia. Em todo caso, depois de um ano e cinco meses, o Papa Ratzinger visitou sua terra natal: a Bavária.
A reportagem é de Sandro Magister e publicada no sítio Chiesa.it, 08-11-2013. A tradução é de André Langer.
O Papa Francisco, eleito há oito meses, já retornou ao continente latino-americano, neste caso também por causa da Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, programada ainda no pontificado anterior. E, em 26 de outubro passado, fez saber que fará uma viagem à Argentina, Chile e Uruguai. Mas “certamente, não antes de 2016”.
Isto quer dizer que Jorge Mario Bergoglio voltará a por os pés em sua terra natal apenas três anos depois de sua eleição como Bispo de Roma. Por que tanta demora?
Na ausência de uma explicação oficial, pode-se indicar uma coincidência. Será efetivamente no final de 2015 que terminará o segundo mandato de Cristina Fernández de Kirchner como presidente da Argentina, que, conforme a Constituição em vigor, não poderá ser reeleita. E se sabe muito bem que as relações da “presidente” – e de seu predecessor, seu marido Néstor Kirchner – na época em que foi cardeal arcebispo de Buenos Aires, são cordialmente gélidas há anos.
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Enquanto dentro e fora da muralha leonina segue-se discutindo sua nomeação como membro da Pontifícia Comissão encarregada dos entes econômicos e financeiros vaticanos, a empreendedora senhora Francesca Immacolata Chaouqui anotou três pontos a seu favor.
No final de outubro, em uma entrevista publicada no Vatican Insider, o cardeal australiano George Pell, arcebispo de Sidney, escolheu de forma explícita “a comissão laica de sete especialistas” da que faz parte Chaouqui, qualificando-a, sem exceção, como “um grupo muito competente”. Pell é um dos oito membros do Conselho de Cardeais escolhido pelo Papa Francisco para ajudá-lo no governo da Igreja universal e no estudo da reforma da cúria romana.
Efetivamente, Chaouqui assumiu a tarefa de promover na comunidade financeira internacional a imagem positiva do Vaticano. Com esta finalidade, enviou a algumas das maiores empresas de comunicação – não italianas – uma “request for proposal”, recebendo como resposta vários projetos de estratégia comunicacional, dentre os quais se escolherá uma.
Além disso, no dia 07 de novembro, Chaouqui foi protagonista de um “Aperithink” de duas horas com jornalistas e convidados, organizado pela associação cultural Formiche e pela Aleteia Comunication. O tema do encontro foi “a comunicação mais aqui do que acolá do Rio Tíbre”.
Mas também no sábado, 09 de novembro, Chaouqui foi chamada para participar de um importante evento no marco dos festejos pelos 110 anos da UNITALSI, a histórica associação que acompanha os doentes nas peregrinações ao santuário mariano de Lourdes.
Ao lado de outros conhecidos personagens italianos – como o ministro Maurizio Lupi, o diretor cinematográfico Pupi Avati, o ex-jogador de futebol da seleção italiana Damiano Tommasi, o ex-jogador de vôlei também da seleção italiana Daniele Lucchetta –, foi convidada para dar seu testemunho em uma mesa redonda, com o título “Minha experiência de fé”.
Imediatamente depois está prevista a audiência com o Papa, na qual podemos imaginar que as ilustres testemunhas, inclusive Chaouqui, estarão na primeira fila.
O cúmulo é que, na tarde do mesmo dia, quem vai celebrar a missa para a UNITALSI será precisamente o cardeal Tarcisio Bertone, agora ex-secretário de Estado, que foi apelidado de “corrupto” em um tweet da própria Chaouqui, mas que ela negou ter escrito, atribuindo-o a uma invasão da sua página web, que teria ocorrido no Reino Unido.
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Com a nomeação do piemontês Aldo Giordano como núncio apostólico na Venezuela aumenta o número de representantes pontifícios que pertencem ao Movimento dos Folocares.
São seguidores do movimento fundado por Chiara Lubich os atuais núncios na Polônia (Celestino Migliore, o ex-ministro de assuntos exteriores do Vaticano e representante na ONU), na Jordânia e Iraque (Giorgio Lingua), no Brasil (Giovanni d’Aniello) e no Panamá (Andrés Carrascosa Coso). Há poucos dias converteu-se em prelado de Pompeia o focolarino Tommaso Caputo, ex-núncio em Malta e antes também chefe de protocolo na Secretaria de Estado.
Também é focolarino o representante pontifício na Lituânia, Luigi Bonazzi, mas para quem já está preparada uma nunciatura mais importante.
Sem contar com o fato de que na Secretaria de Estado são folocarinos também dois dirigentes de primeiro nível: os arcebispos Giovanni Angelo Becciu, “substituto”, e Luciano Suriani, delegado das representações pontifícias, isto é, chefe do pessoal não apenas da diplomacia vaticana, mas de toda a cúria romana. Ambos fazem parte da restrita comissão que avalia e propõe ao Papa as nomeações e as transferências dos chefes de missão da rede diplomática vaticana.
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Assim como em 2012, também este ano o Coetus Internationalis Summorum Pontificum organizou uma peregrinação a Roma que teve como momento culminante a missa celebrada na Praça São Pedro segundo o missal pré-conciliar, ao qual Bento XVI deu plena carta de cidadania na Igreja, definindo-o como forma “extraordinária” do único rito romano.
Também desta vez a missa chamada tridentina foi celebrada por um cardeal. No ano passado, em 03 de novembro, pelo espanhol Antonio Cañizares Llovera, prefeito da Congregação para o Culto Divino. Este ano, no dia 26 de outubro, foi celebrada pelo colombiano Darío Castrillón Hoyos, ex-prefeito da Congregação para o Clero e ex-presidente da Pontifícia Comissão “Ecclesia Dei”, o organismo vaticano que acompanha os grupos vinculados à missa antiga.
Além disso, também este ano o cardeal celebrante leu uma mensagem escrita em nome do Papa pelo secretário de Estado vaticano.
Em 2012, o texto em nome de Bento XVI havia sido assinado pelo cardeal Tarcísio Bertone; este ano, a mensagem do Papa Francisco teve a assinatura do arcebispo Pietro Parolin.
Duas mensagens, portanto, da mesma categoria. Esta foi uma notícia consoladora para os amantes da missa tridentina que fazem parte plenamente da Igreja católica (ao contrário dos lefebvrianos, que não carregam mais o peso da ex-comunhão, mas que na prática seguem suspensos “a divinis”).
Podia-se, de fato, temer que o Papa Bergoglio, que não parece ter a mesma sensibilidade litúrgica de seu predecessor, ignorasse a peregrinação. Mas não foi o que aconteceu.
As duas mensagens são totalmente diferentes quanto à amplitude e aos conteúdos.
Mais amplo e pontual é o texto preparado no ano passado, sob a autoridade de Bento XVI, com referências específicas tanto ao fato de que é “bom conservar as riquezas” das formas litúrgicas anteriores, como a necessidade “de reconhecer plenamente o valor e a santidade da forma ordinária do rito romano”.
Mais conciso e sem referências específicas ao rito ordinário ou extraordinário é o texto deste ano, no qual se deseja simplesmente que a peregrinação “suscite uma ardente adesão a Cristo, celebrado na Eucaristia e no culto público da Igreja, e dê um renovado impulso ao testemunho evangélico”.
Mas é preciso acrescentar que este ano o Papa Francisco, poucos dias antes da missa tridentina na Praça São Pedro, também recebeu em audiência, no dia 31 de outubro, o celebrante, o cardeal Castrillón Hoyos.
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Uma passagem aérea do Papa para a Argentina, mas sem pressa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU