Por: Jonas | 17 Outubro 2013
A lista dos bispos que deveriam deixar seus postos sob o fogo dos meios de comunicação, na zona de língua alemã, não é pequena: o Vaticano salvou Wolfgang Haas, pastor de Coira, da ira funesta da imprensa e do diretório eclesiástico, em 1997, instituindo a nova diocese de Vaduz e transferindo-lhe (junto à sua ordenação episcopal) da Suíça para Liechtenstein. Antes, em 1995, os meios de comunicação haviam “arruinado” o cardeal vienense Hans Hermann Groer com acusações de abusos, ainda que não tenha sido perseguido pela zelosa intercessão de seu ex-bispo sufragâneo Christoph Schönborn. Da mesma forma, na Áustria, em 2004, após anos de ataques, Kurt Krenn, de Sankt Pölten, foi posto de lado em razão de um escândalo relacionado a supostas práticas homossexuais em seu seminário. Na Alemanha, em 2010, o que causou polêmicas foi o caso do bispo de Augsburg, dom Walter Mixa. O acusado se defendeu torpemente das acusações de alguns de seus alunos de religião e, ao final, apresentou sua renúncia.
A reportagem é de Guido Horst, publicada no sítio Vatican Insider, 15-10-2013. A tradução é do Cepat.
Fonte: http://goo.gl/uXs2Vy |
Nestes dias, ou melhor, neste momento, é decidido o destino do bispo de Limburg, Franz-Peter Tebartz-van Elst (foto). Parece que gastou somas faraônicas na reestruturação de sua nova residência episcopal e do anexo centro diocesano. Além disso, teria mentido aos meios de comunicação em relação a uma viagem que fez à Índia.
Todos os casos citados são extremamente complicados e suas circunstâncias, difíceis de compreender. Contudo, todos estes casos possuem um denominador comum. Começando por Groer, Haas e Krenn até Mixa e Tebartz-van Elst: todos abraçaram plenamente a “linha romana” (coisa não necessariamente evidente para os bispos dos territórios de língua alemã) e gozavam do apoio do Papa.
No círculo dos bispos “conservadores” aumenta o temor de que os meios de comunicação, de uma hora para outra, possam tomar como alvo um de seus irmãos, caso, a seus olhos, pareçam muito fiéis a Roma ou muito tradicionalistas.
No caso do bispo de Limburg, a campanha midiática assumiu proporções nunca antes vistas. A partir de 2010, dois anos após ter substituído seu predecessor, Franz Kamphaus, o escândalo surgiu ao redor de Tebartz. Antes de qualquer coisa, “Der Spiegel”, uma revista de informação, e o “Frankfurter Allgemeine” se embraveceram com ele para demonstrar que o bispo, de aspecto tão juvenil, era na realidade inibido, autoritário e incapaz de se comunicar. Após uma viagem para Índia, indicou por escrito, para responder a revista “Der Spiegel”, que tinha viajado na classe econômica. Na realidade, viajou na primeira classe, mas graças às milhas que o seu vigário geral havia acumulado.
O Foro de Hamburgo está se ocupando do caso. No entanto, é a reestruturação de um imóvel eclesiástico no centro de Limburg, que será a residência de Tebartz, o que marcou o início do pandemônio. Na realidade, foi seu predecessor, Kamphaus, quem aprovou o projeto, mas, por outro lado, com Tebartz começaram os trabalhos de reestruturação. No dia 3 de outubro, explodiu a bomba: descobriu-se que a soma aprovada inicialmente, de 5 milhões de euros, aumentou até chegar aos 31 milhões. E o que está acontecendo?
O Vaticano enviou para Limburg o encarregado do Governatorado, dom Giovanni Lajolo, que foi núncio em Berlim, para estabelecer “conversas fraternas” com todas as partes envolvidas. Enquanto isso, a diocese se rachou. O bispado de Limburg também inclui Frankfurt e Johannes zu Eltz, o decano cidadão, na disputa interna da Igreja é um dos que estão contra Tebartz. Lajolo prometeu-lhe que verificaria as obras e os gastos relativos, através de uma comissão independente, da Conferência Episcopal da Alemanha. Somente ao saber desta informação, Tebartz revelou para seu Conselho de Administração Patrimonial os números verdadeiros. O patrimônio da Sede Episcopal de Limburg equivale a cerca de 100 milhões de euros.
Três advogados especialistas em assuntos financeiros, bons católicos e aposentados, são membros honoríficos do Conselho de Administração Patrimonial, que se ocupa em zelar pelo emprego dos fundos episcopais. Contudo, o bispo não tinha informado para seu Conselho a respeito do aumento efetivo dos gastos, até que, após a visita de Lajolo, viu-se obrigado a indicar os dados verdadeiros. Indignados, alguns membros do Conselho de Administração Patrimonial chamaram a imprensa e o escândalo alcançou as dimensões que agora conhecemos. Da noite para o dia, começaram a circular pela internet faturas e documentos que demonstram a responsabilidade de Tebartz pelo aumento estratosférico dos gastos para a construção da Igreja e para a reestruturação.
O bispo Tebartz-van Elst viajou para Roma com o objetivo de colocar seu destino nas mãos do Papa. Contudo, ninguém sabe se Francisco o receberá ou não. No círculo de colaboradores próximos do bispo de Limburg reina a incerteza. Durante três anos, falou-se de uma campanha midiática sem precedentes contra Tebartz. Agora, os bispos alemães começam a deixá-lo só. Somente o prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, dom Gerhard Ludwig Müller, apoia Tebartz. No momento, Francisco é quem terá que tomar as decisões difíceis.
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Limburg. É a vez de Roma decidir - Instituto Humanitas Unisinos - IHU