Por: André | 09 Outubro 2013
É a modalidade preferida pelo Papa Francisco para falar aos fiéis e ao mundo. Com todos os riscos que isso envolve. Pietro De Marco analisa de maneira crítica os primeiros atos deste “magistério”.
Fonte: http://bit.ly/18IJ8lt |
A reportagem é de Sandro Magister e publicada no sítio Chiesa.it, 07-10-2013. A tradução é de André Langer.
Passam os dias e as duas entrevistas do Papa Francisco, uma concedida ao jesuíta Antonio Spadaro, diretor da revista La Civiltà Cattolica, e a outra ao ateu professo Eugenio Scalfari, fundador do principal jornal laico italiano, o La Repubblica, manifestam ser, cada vez mais, pedras angulares deste início de pontificado.
Em ambas, Jorge Mario Bergoglio declara seus critérios inspiradores, diz como vê o estado atual da Igreja, indica suas prioridades e enuncia seu programa.
E é também muito explícito ao demarcar os pontos nos quais se distancia de seus antecessores, Bento XVI e João Paulo II.
A entrevista como maneira de se comunicar com os fiéis e com o mundo é uma escolha que o atual Papa manteve em suspenso durante muito tempo.
De fato, em 22 de julho, na viagem de ida ao Rio de Janeiro, havia se protegido dos jornalistas. “Na verdade, não dou entrevistas, porque não sei, não posso, é assim... Para mim é um pouco cansativo”.
Mas depois, na viagem de volta, entregou-se a um longo toma lá e dá cá sem pré-aviso e sem proteção sobre qualquer argumento que lhe fora proposto.
Uma frase sua teve um efeito bomba e correu o mundo, fazendo-o ganhar uma enorme quantidade de consensos na opinião pública laica: “Se uma pessoa é homossexual e busca o Senhor e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la?”.
Foi esta uma frase que lhe escapou de maneira repentina? Absolutamente.
Na mais calibrada das suas entrevistas seguintes, à revista La Civiltà Cattolica, Francisco não apenas a repetiu, mas que a reconfirmou, acrescentando-lhe um corolário com um efeito não menos turbador: “A ingerência espiritual na vida pessoal não é possível”.
A entrevista a esta revista foi fruto de uma série de conversas entre o Papa e seu entrevistador. Escrita com grande atenção, foi seguidamente controlada palavra por palavra pelo autor antes de mandá-la à imprensa. Foi publicada contemporaneamente no dia 19 de setembro em 16 revistas da Companhia de Jesus, em 11 idiomas.
Com razão, portanto, pode ser considerada verdadeira “encíclica” do Papa Francisco, muito mais sua que a Lumen Fidei, de estrutura clássica, herdade de Joseph Ratzinger.
Uma “encíclica” nova em seu formato: a da entrevista, cujo objetivo é facilitar sua leitura e favorecer sua divulgação.
E nova também no grau de autoridade, sem dúvida menor em relação aos atos de magistério propriamente ditos, mas sempre reconduzíveis ao “múnus” papal.
Desde então, o Papa Francisco parece apreciar, de maneira particular, esta modalidade de comunicação.
Prova disso é a entrevista a Scalfari. Confiando-se nesta famosa personalidade do pensamento laico, e a um jornal de grande impacto na opinião pública como é o La Repubblica, o Papa ampliou muitíssimo seu raio de escuta em relação ao que havia conseguido com a entrevista à La Civiltà Cattolica.
Fê-lo correndo, conscientemente, alguns riscos. A entrevista foi publicada no La Repubblica de 1º de outubro, assinada por Scalfari, sem que Francisco tivesse lido o texto com antecedência.
Mas, nesse mesmo dia, o L’Osservatore Romano também publicou a entrevista na íntegra e o sítio oficial vaticana.va a lançou na rede entre as “novidades” do momento, assim como os outros discursos papais. Sinal de que Francisco a reconhece como uma transcrição fiel das suas palavras.
Nos conteúdos, a entrevista a Scalfari aborda temas muito diversos, como os da La Civiltà Cattolica, embora de maneira mais breve.
Acrescenta elementos novos, mas alguns são repetidos e confirmados. Em particular essa passagem sobre a subjetividade da consciência, que tantas objeções levantou.
Também aqui, sem integrar ou suavizar o quanto havia dito anteriormente. Pelo contrário, tornando-o mais rígido: “Cada um de nós tem sua própria visão do Bem e do Mal, e deve escolher seguir o Bem e combater o Mal como o concebe”.
No prólogo ao primeiro volume da sua trilogia sobre Jesus, Joseph Ratzinger-Bento XVI escreveu: “Este livro não é um ato magisterial, por isso cada um é livre para me contradizer”.
O Papa Francisco não o diz expressamente, mas pode-se presumir que esta liberdade é válida também para com ele, pois adota um formato expressivo típico da controvérsia, como é o caso da entrevista.
Na sequência, um claro exemplo dos debates que as entrevistas do Papa Francisco estimularam.
O professor Pietro De Marco, autor da nota, ensina na Universidade de Florença e na Faculdade de Teologia da Itálica Central.
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Uma mensagem “líquida”, de Pietro De Marco
Em consciência tenho que romper o coro cortesão, formado por numerosos leigos e eclesiásticos bem conhecidos, que acompanha há meses as intervenções públicas do Papa Jorge Mario Bergoglio. É o coro daqueles que celebram o “novo” do Papa, sabendo que não é tal, e calam sobre as verdadeiras “novidades” quando causam embaraço. Por esta razão, sinto-me na obrigação de assinalar algumas das reiteradas aproximações nas quais cai a palavra espontânea e cativante de Francisco.
Nas conversas diárias e privadas em pequenos grupos, ninguém está isento de aproximações e exageros, mas não há ninguém que tendo responsabilidades diante dos outros – como quem ensina, por exemplo – não adote em público outro registro e tente evitar a improvisação.
Agora, ao contrário, temos um Papa que exclama: “Quem sou eu para julgar?”, como se poderia dizer com ênfase à mesa, ao comer, ou inclusive pregando os Exercícios Espirituais. Mas, à imprensa e ao mundo um “quem sou eu para julgar?” dito por um Papa, entra objetivamente em contradição com toda a história e a natureza profunda da função petrina, dando, além disso, a desagradável sensação de um comentário feito sem controle. Por sua função vigária em relação a Cristo, não como indivíduo, o Papa julga. Posto que o Papa Francisco demonstra, quando quer, estar consciente dos seus próprios poderes como Papa, trata-se – seja lá o que queira dizer – de um verdadeiro erro de comunicação.
Depois lemos na entrevista à La Civiltà Cattolica a seguinte frase: “A ingerência espiritual na vida pessoal não é possível”, que parece reunir, sob a figura liberal-libertária da “ingerência”, tanto o juízo teológico-moral como a valoração pública da Igreja, quando se faz necessário, e inclusive a atenção de um confessor ou diretor espiritual indicando, prevendo, sancionando condutas intrinsecamente más. O Papa Bergoglio adota aqui, involuntariamente, um lugar comum típico da pós-modernidade, segundo o qual a decisão individual é, como tal, sempre boa ou, ao menos, está sempre dotada de valor enquanto pessoal e livre tal como se pensa ingenuamente que é e, portanto, inquestionável.
Este deslizamento relativista, que já não é estranho na pastoral generalizada, está recoberto, não apenas em Bergoglio, por apelos à sinceridade e ao arrependimento do indivíduo, como se a sinceridade e o arrependimento fizessem desaparecer a natureza do pecado e proibissem a Igreja de chamá-lo por seu nome. Além disso, é duvidoso que seja misericórdia calar e respeitar o que cada um faz porque é livre e sincero ao fazê-lo: sempre soubemos que esclarecer, e não esconder, a natureza de uma conduta de pecado é um ato eminentemente misericordioso, porque permite ao pecador discernir sobre si mesmo e o próprio estado, segundo a lei e o amor de Deus. Se um Papa parece confundir o primado da consciência com uma espécie de impossibilidade de juízo, ou melhor, de imunidade ao juízo da Igreja, isso constitui, para a autoridade do Papa e para o magistério ordinário, um risco que não pode ser subestimado.
Na entrevista à La Civiltà Cattolica o Papa retorna a esse “quem sou eu para julgar?” e confirma: “Se uma pessoa homossexual tem boa vontade e está buscando a Deus, quem sou eu para julgá-la? [...] A religião tem o direito de expressar suas próprias opiniões a serviço das pessoas, mas Deus, na criação, nos fez livres”.
O uso reiterado desse “quem sou eu?” confirma em Francisco, por um lado, uma acepção popular de “julgar” como sinônimo de “condenar” – o que produz confusão, porque juízo não é necessariamente condenação, e na maioria das vezes não é – e, por outro, acentua a ideia de que ninguém de nós, nem sequer o Papa, está legitimado a expressar um juízo. Mas isto é falso: cada um de nós pode ser juiz em cada sistema, e também na Igreja, se adquire as competências necessárias para isso, e o Papa é juiz pelo mandato que lhe é próprio. Além disso, ou ninguém está legitimado, nunca, para julgar, porque só Deus o é, ou não se vê capacitado porque apenas no caso da homossexualidade não se encontra a instância encarregada de julgar.
Além disso, se, como disse o Papa, “a religião” – modo expeditivo de designar história, instituições e tesouros de graça fundados em Cristo, do qual o Papa é o garante – “tem o direito de expressar sua própria opinião a serviço das pessoas”, mas não deve interferir na liberdade, já não há lugar nem para a Lei de Deus nem para a Caridade. A liberdade enquanto tal converte-se, verdadeiramente, no absoluto. E, certamente, se “a religião” se reduz a um grupo de opinião não pode assumir a estatura de juiz. Quem teria, além disso, necessidade da Caridade se sua liberdade o absolve antes de cada juízo?
A fórmula da Igreja “a serviço das pessoas” retorna nas palavras do Papa também quando faz referência à reforma litúrgica, que seria “um serviço ao povo como releitura do Evangelho a partir de uma situação histórica concreta”. Definição assombrosa, que rebaixa os sagrados sinais inclusive mais do que se tornaram – bem pouco – nas igrejas protestantes. Para que serviu um século e meio de “retorno às fontes” litúrgicas?
Dir-se-á que não se deve adulterar palavras ditas em uma conversa entre irmãos jesuítas. Mas se é assim, teria sido melhor a conversa permanecer na memória privada do Papa Bergoglio e do padre Antonio Spadaro. Ler na La Civiltà Cattolica – magnífico combatente, ao menos até os anos 1950, a favor da verdade católica e de Roma – que, para o atual sucessor de Pedro, a doutrina, a tradição e a liturgia converteram-se na faculdade e na possibilidade de dar um parecer e “oferecer um serviço”, é uma humilhação da qual se poderia ter poupado a Igreja.
No La Repubblica de 1º de outubro podemos ler outras afirmações discutíveis do Papa Bergoglio. Descobrimos que “o proselitismo é uma solene besteira e que não tem sentido”, como resposta ao tema da conversão proposto ironicamente por Eugenio Scalfari (“Você quer me converter?”). Mas buscar a conversão do outro não é uma “besteira”; pode-se fazer de maneira besta, ou sublime – como no caso de muitos santos. Recordo que o casal Jacques e Raïssa Maritain, também eles conversos, desejavam ardentemente e trabalhavam para o retorno à fé de seus grandes amigos. Porque fugir do tema da conversão confundindo-a com o “proselitismo”, palavra carregada de uma conotação pejorativa?
Depois lemos que, diante da objeção relativista de Scalfari: “Há uma única visão do Bem? E quem a estabelece?”, o Papa concede que “cada um de nós tem sua visão do Bem” e “devemos incitar a proceder para aquilo que cada um pensa que seja o Bem”.
Mas se cada um tem “sua visão do Bem” que deve ser capaz de realizar, estas visões serão necessariamente de uma grande diversidade, em oposição e em conflito muitas vezes mortal, como demonstram a crônica e a história. Incitar a proceder segundo a visão pessoal do Bem é, na realidade, incitar à luta de todos contra todos, uma luta sem fim, porque realizada para o Bem e não para o útil ou outro conceito contingente. Por este motivo, as visões particulares – inclusive aquelas guiadas pelas intenções mais retas – devem ser reguladas por um soberano, ou na época moderna, pelas leis, e em última instância pela Lei de Cristo, que não tem nenhum matiz concessivo do ponto de vista individualista.
Talvez o Papa Francisco quis dizer que o homem, segundo a doutrina católica da lei natural, tem a capacidade originária, um impulso primário e fundamental, dado a todos por Deus, de distinguir o que é Bem em si do que é Mal em si. Mas aqui se introduz o mistério do pecado e da graça. Pode-se exaltar Agostinho, como faz o Papa, e omitir o fato de que, em tudo o que o homem “considera como sendo o Bem”, também age sempre o pecado? O que acontece com a dialética entre a cidade de Deus e a cidade dos homens e do diabo, “civitas” do amor de si mesmo? Se o Bem fosse o que o indivíduo “pensa que seja o Bem” e a convergência destes pensamentos salvasse o homem, que necessidade teria da lei positiva em geral, da lei de Deus em particular, e da encarnação do Filho?
O Papa também sustenta: “O Vaticano II, inspirado pelo Papa João e por Paulo VI, decidiu olhar para o futuro com espírito moderno e abrir-se à cultura moderna. Os padres conciliares sabiam que abrir-se à cultura moderna significava ecumenismo religioso e diálogo com os não-crentes. Desde então foi feito muito pouco nesta direção. Tenho a humildade e a ambição de querer fazê-lo”.
Tudo isto soa como um a priori pouco crítico. Quanto “ecumenismo” e quanto “diálogo” destrutivo, subalterno às ideologias da modernidade, vimos acontecer nas décadas passadas, aos quais apenas Roma, de Paulo VI a Bento XVI, colocou freio! O Bergoglio que criticou as teologias da libertação e da revolução não pode não saber que o diálogo com a cultura moderna realizado após o Concílio foi algo mais que um “ecumenismo” polido.
O Papa Francisco confirma ser o típico religioso da Companhia de Jesus, em sua fase recente, convertido pelo Concílio nos anos de formação, especialmente pelo que eu chamo de “Concílio externo”, o Vaticano II das expectativas e leituras militantes, criado por alguns episcopados, por seus teólogos e pelos meios de comunicação católicos mais influentes. Um desses homens de Igreja que, com seu tom de proximidade e flexível, com seus valores indiscutíveis, são ao mesmo tempo os “conciliares” mais rígidos, convencidos, meio século depois, de que o Concílio ainda está por ser implementado e que é preciso fazer as coisas como se ainda estivéssemos nos anos 1960, em um corpo a corpo com a Igreja “do Papa Pacelli”, da teologia neo-escolástica, sob a influência do paradigma laico ou marxista de modernidade.
Pelo contrário: o que esse “espírito conciliar” queria e podia ativar foi dito e experimentado durante décadas e hoje trata-se, sobretudo, de fazer um balanço final crítico de seus resultados, algumas vezes desastrosos. O mesmo anúncio tenaz do Papa Francisco da misericórdia divina corresponde a uma atitude pastoral já corrente no clero, até esse laxismo que o Papa, por outro lado, censura. Não só. O tema do pecado desapareceu praticamente da catequese, liquidando com isso a necessidade mesma da misericórdia. Mais que promover genericamente atitudes de misericórdia, trata-se hoje de reconstruir uma teologia moral feita menos de palavras e capaz de, novamente, guiar o clero e os fiéis em cada caso concreto. Também no que se refere à teologia moral o caminho para uma verdadeira atuação do Concílio foi reaberto pela obra magisterial de Karol Wojtyla e Joseph Ratzinger.
Alguns defendem que Francisco pode ser, como Papa pós-moderno, o homem do futuro da Igreja, ultrapassando os tradicionalismos e os modernismos. Mas o que há de pós-moderno nele – como a liquefação das formas, a espontaneidade nas aparições públicas, a atenção à aldeia global – é superficial. Com sua flexibilidade e seus esteticismos, o pós-moderno é pouco plausível em um bispo da América Latina, onde na “inteligentsia” dominou durante muito tempo, até ontem, o Moderno marxista. O núcleo sólido de Bergoglio é e segue sendo “conciliar”. No caminho empreendido por este Papa, caso isso se confirmar, vejo sobretudo a cristalização do “conciliarismo” pastoral dominante nos cleros e nos laicatos ativos.
Certamente, se Bergoglio não é pós-moderno, sua recepção mundial o é. O Papa gosta da direita e da esquerda, de praticantes e não crentes, sem distinções. Sua mensagem predominante é “líquida”. No entanto, sobre este sucesso não se pode edificar nada, apenas amalgamar algo já existente, mas não o melhor.
Há sinais desta forma “líquida” que são preocupantes para qualquer pessoa pouco inclinada à falação relativista desta modernidade tardia:
a) a concessão a frases feitas do tipo “cada um é livre para fazer...”, “quem diz que as coisas têm que ser assim...”, “quem sou eu para...”, ditas com a convicção de que são dialógicas e atuais; apresentar-se como um simples bispo para justificar comportamentos pouco formais; tudo isso não cobre e não poderá cobrir o distinto peso e a distinta responsabilidade que, ao contrário, têm suas palavras, qualquer palavra, porque o bispo de Roma e o Papa são o mesmo;
b) a falta de controle por parte de pessoas de confiança, mas sábias e cultas, e italianas, dos textos destinados à sua circulação, talvez pelo convencimento papal de que não seja necessário;
c) uma certa inclinação autoritária (“eu farei tudo para...”) em singular contraste com as frequentes proposições pluralistas, mas típicas dos “revolucionários” democráticos, com o risco de colisões imprudentes com a tradição e o “sensus fidelium”;
d) além disso, é incongruente que o Papa Francisco tome contínuas iniciativas de comunicação pública individual e não queira que seja filtrado (a sintomática imagem do apartamento papal como um funil), o que revela uma indisponibilidade para sentir-se homem de governo (algo mais difícil que ser um reformador) em uma instituição tão alta e “sui generis” como a Igreja católica.
Seu comportamento é, às vezes, o de um diretor moderno e informal, daqueles que têm relações frequentes com a imprensa. Mas sua maneira de se apegar a pessoas e coisas que estão fora – colaboradores, amigos, imprensa, opinião pública, o próprio apartamento em Santa Marta está “fora” – como se o homem Bergoglio temesse não saber o que fazer uma vez que tivesse ficado sozinho, como Papa, no apartamento dos Papas, não é positivo. E isto não poderá durar. Também os meios de comunicação se cansarão de dar apoio a um Papa que tem muita necessidade deles.
Duas últimas observações:
1. A quem invoca o estilo inaciano de aproximação ao pecador, ou àquele que está afastado, eu replico que esse estilo diz respeito à relação no foro interno ou à direção de consciência ou o colóquio privado. Mas se o Papa se expressa assim em público, suas palavras entram na corrente do magistério ordinário, convertem-se em catequese. Todos sabemos que o lema “conciliarista” “do bastão à misericórdia” aspirava não tanto a adoçar os confessores, como debilitar a autoridade de Roma.
2. O modelo de expressão escolhido por Bergoglio não pode ser levado ao limite de atropelar o magistério ordinário e fazê-lo pouco ou nada obrigatório. Os poderes de um Papa não se estendem à natureza mesma do próprio “múnus”, que o transcende e lhe impõe limites. Não aprovo os extremismos tradicionais, mas não há dúvida alguma de que a tradição é a norma e a força do sucessor de Pedro.
Florença, 02 de outubro de 2013.
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