Por: André | 03 Outubro 2013
Durante a viagem à Terra Santa o Papa poderá visitar o campo de refugiados de Zaatari, na Jordânia, o lugar simbólico por excelência do drama dos refugiados que fugiram da guerra na Síria. Quem falou desta possibilidade foi o mons. Maroum Lahham, o religioso que, como vigário para a Jordânia do Patriarcado Latino de Jerusalém, é o bispo de Amã. “Se o Papa quiser ir também ao campo de Zaatari, onde se encontram os refugiados sírios, o levaremos até lá”, afirmou na última parte de uma entrevista à Sir, a agência católica da Conferência Episcopal da Itália.
Fonte: http://bit.ly/GzAxIG |
A reportagem é de Giorgio Bernardelli e publicada no sítio Vatican Insider, 01-10-2013. A tradução é de André Langer.
São palavras cheias de premissas que um bispo propõe quando se fala de uma viagem que ainda não foi confirmada pelo Vaticano. “Não há nada de oficial – explicou Lahham –, mas o Papa deverá vir (à Terra Santa) entre março e abril, por ocasião do 50º aniversário do encontro ecumênico entre o Patriarca Atenágoras e Paulo VI. Aqui na Jordânia todos os muçulmanos o adoram e foi convidado pelas autoridades mais importantes”. Estas palavras foram citadas imediatamente pelo sítio do Patriarcado Latino de Jerusalém. Como se recordará, foi o próprio Papa Francisco que, durante a conversa com os jornalistas no voo de volta do Rio de Janeiro, confirmou que a Terra Santa era um destino provável para sua segunda viagem apostólica (que seria uma resposta ao convite do Patriarca Bartolomeu I).
O Patriarca Ecumênico de Constantinopla queria comemorar com Francisco em Jerusalém o aniversário do abraço entre Paulo VI e Atenágoras, que aconteceu em janeiro de 1964, durante a peregrinação de Montini à Terra Santa. No entanto, por motivos político-diplomáticos, seria impensável uma viagem do Pontífice a Jerusalém sem uma etapa na Jordânia; não é por acaso que João Paulo II, em 2000, e Bento XVI, em 2009, tenham visitado Amã. Na audiência que o Papa concedeu, em 29 de agosto passado, ao rei Abdallah falou desta possibilidade. Mas ir a Jordânia significaria para o Papa entrar no mundo árabe em meio das consequências das primaveras árabes e do conflito na Síria.
E por isso a alusão de mons. Lahham a uma possível etapa no campo de refugiados de Zaatari converteu-se em um elemento muito significativo. O campo está sob a responsabilidade da ACNUR, organização da ONU para os refugiados, e abriga cerca de 130.000 refugiados sírios (em toda a Jordânia seriam aproximadamente um milhão os fugitivos da guerra em país vizinho). Criado do nada, em apenas dois anos, este campo converteu-se em uma das cidades jordanianas mais populosas: uma cidade de tendas que diariamente recebe milhares de novas pessoas.
Deve-se recordar, por fim, que Bento XVI, durante a sua viagem à Jordânia em 2009, reuniu-se com um grupo de refugiados iraquianos durante a missa que celebrou no Estádio de Amã. De fato, há mais de uma década a Igreja jordaniana vive diariamente a chegada das vítimas das guerras que ensanguentam toda a região.
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“Poderemos levar o Papa até os refugiados sírios” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU