Por: André | 12 Setembro 2013
O Ministério do Exterior italiano segue trabalhando na libertação do padre Paolo Dall’Oglio (foto) com “a mesma reserva que, no caso de Quirico, deu resultados”. Mas no caso do jesuíta romano os canais seguem sendo “muito tênues e contraditórios”. Na manhã desta quarta-feira, Emma Bonino, ministra do Exterior, respondeu, em uma entrevista à Radio24, a uma pergunta que está em voga neste momento na Itália: a libertação do jornalista do La Stampa, Domenico Quirico, abre novas esperanças para o padre Dall’Oglio, cujo rastro se perdeu na cidade de Raqqà, em 28 de agosto passado?
A reportagem é de Giorgio Bernardelli e publicada no sítio Vatican Insider, 11-09-2013. A tradução é de André Langer.
Deve-se dizer que o Ministério do Exterior, há algumas semanas, havia indicado claramente que se tratava de duas situações muito diferentes entre si, dando a entender que no caso do jornalista do La Stampa os canais de comunicação com os sequestradores eram muito mais sólidos. Além disso, da narração que o próprio Quirico fez do seu sequestro se deduz que, em meio à galáxia islâmica que combate hoje na Síria (em uma mistura de guerras paralelas e ações criminosas), as milícias responsáveis pelo seu sequestro são grupos diferentes em relação ao Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIS), a formação vinculada à Al Qaeda que teria sequestrado o padre Dall’Oglio. Ao contrário, a brigada Al Faruk, que manteve Quirico como refém na maior parte do tempo, é uma organização que faz parte do Conselho Nacional Sírio: o ISIS, ao contrário, é uma organização independente e que inclusive chegou a enfrentar o Exército sírio justamente na cidade de Raqqà. É compreensível, pois, a dificuldade para contar com informação confiável.
Preocupante é o fato de que os ativistas da oposição síria atribuíram ao ISIS muitos homicídios, sobretudo de expoentes da sociedade civil que não aceitavam a islamização radical dos territórios controlados pela milícia. O último caso, de poucos dias atrás, foi o do cirurgião de Médicos Sem Fronteira, Muhammad Abyad, cujo cadáver foi encontrado na zona de Aleppo.
Como acontece com o jesuíta Paolo Dall’Oglio, permanece na mais absoluta incerteza o destino dos dois bispos de Aleppo, sequestrados no dia 22 de abril. Neste caso, a única certeza tem a ver com a versão de uma testemunha ocular do sequestro. O que se sabe é que o bispo Ibrahim teria conseguido negociar a libertação de algumas pessoas sequestradas e que naquela ocasião estava comprometido com uma missão para tratar de libertar dois sacerdotes: o armênio-católico Michel Kayal e o greco-ortodoxo Isaac Moawad, que foram sequestrados em fevereiro. No dia anterior, o bispo sírio-ortodoxo teria pagado uma soma considerável para libertá-los e parece que estava se dirigindo para um encontro em que lhe entregariam os reféns. A testemunha do sequestro indicou que os dois bispos caíram em poder de uma quadrilha de terroristas chechenos, enquanto se encontravam em terra de Nadi e, entre um retém do Exército sírio livre e outro das tropas de Assad.
Houve muitos rumos sobre a sua sorte durante todo este tempo. A última versão que circulou há algumas semanas, quando fontes de inteligência turcas teriam contatado as comunidades religiosas às quais pertencem os bispos para lhes indicar que ambos ainda estavam vivos, embora não oferecessem nenhuma prova disso, nem mais detalhes a este respeito.
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A diplomacia a serviço da libertação do padre Dall’Oglio - Instituto Humanitas Unisinos - IHU