Por: Jonas | 11 Setembro 2013
Os bispos católicos chilenos afirmaram, hoje, que 40 anos após o golpe militar liderado por Augusto Pinochet (foto), no dia 11 de setembro de 1973, “as feridas deixadas por esse momento doloroso da história ainda não acabaram de cicatrizar”.
Fonte: http://goo.gl/h04bD5 |
A reportagem é publicada no sítio Religión Digital, 09-09-2013. A tradução é do Cepat.
“A verdade, a justiça e reconciliação é o caminho para uma verdadeira convivência”, destacou uma declaração divulgada, nesta segunda-feira, pelo Comitê Permanente do Episcopado, lida por seu presidente Ricardo Ezatti, arcebispo de Santiago.
“Mais do que nunca, continuamos acreditando nesta via, apesar das dificuldades em oposição”, destacou a declaração da Igreja católica chilena, que após o golpe de 1973 liderou a defesa dos direitos humanos, juntamente com outras agrupações religiosas, segundo recordaram, hoje, os bispos.
“Nada justifica os atropelos à dignidade das pessoas, cometidos a partir do dia 11 de setembro de 1973”, disseram os bispos católicos.
Sob a direção do então cardeal arcebispo de Santiago, Raúl Silva Henríquez, a Igreja católica criou o Vicariato da Solidariedade, que protegeu as vítimas e amparou os perseguidos e familiares dos detidos desaparecidos e executados.
Em sua declaração de hoje, os bispos defenderam que “pequenos gestos pessoais e institucionais podem ser vitais para ajudar a curar feridas e contribuir para uma verdadeira reconciliação”.
O texto questiona “a falta de autocrítica” e de “gestos de encontro” na sociedade chilena atual.
“No atual contexto pré-eleitoral, lamentavelmente parecem mais fortes as recriminações e acusações do que a necessária autocrítica e gestos de encontro que o país agradece e valoriza”, precisou a declaração.
“A reconciliação não se impõe por decreto, mas brota de um coração misericordioso. É nossa convicção que pequenos gestos pessoais e institucionais podem ser vitais para ajudar a curar feridas e contribuir para uma verdadeira reconciliação”, afirmaram.
O texto se encerra com uma citação do papa Francisco: “Não é a cultura do confronto, a cultura do conflito, a que constrói a convivência nos povos e entre os povos, mas a cultura do encontro, a cultura do diálogo; este é o único caminho para a paz”.
Abaixo, na íntegra, o texto do Episcopado Chileno
40 anos após o Golpe de Estado: tarefas pendentes
Mensagem do Comitê Permanente da Conferência Episcopal do Chile
1. Recordamos os 40 anos do golpe de Estado, um momento doloroso da história chilena, cujas feridas não acabaram de cicatrizar.
2. Nestas últimas semanas, as causas e as consequências da ação militar de 1973 foram objeto de diversas análises. No atual contexto pré-eleitoral, lamentavelmente parecem mais fortes as recriminações e acusações do que a necessária autocrítica e gestos de encontro que o país agradece e valoriza.
3. Para além das diversas e legítimas leituras dos fatos, como Pastores da Igreja queremos recordar esta data a partir de uma visão da dignidade da pessoa humana. Justamente motivada por este valor fundamental, a Igreja católica junto com outras Igrejas cristãs precisaram assumir, num momento em que se abandonou o diálogo razoável, um papel preponderante na defesa dos direitos humanos e no amparo a compatriotas perseguidos. Nada justifica os atropelos à dignidade das pessoas, cometidos a partir do dia 11 de setembro de 1973.
4. Verdade, justiça e reconciliação: é o caminho que propomos para uma vida digna e uma convivência humanizante. Mais do que nunca, continuamos acreditando nesta via, apesar das dificuldades em oposição. É o caminho que Jesus oferece para alcançar uma Pátria grande de irmãos e irmãs. A reconciliação não se impõe por decreto, mas brota de um coração misericordioso. É nossa convicção que pequenos gestos pessoais e institucionais podem ser vitais para ajudar a curar feridas e contribuir para uma verdadeira reconciliação.
5. As lágrimas de todos estes anos nos causam dor, assim como o dia 13 de setembro de 1973 doía para os Bispos. Eles pediam respeito. Nós também fazemos isto hoje, 40 anos depois. Somente a partir do respeito ao outro poderemos construir a memória de um modo fraterno, para a partir dela poder levantar os olhos e trabalhar com renovada esperança no futuro de nossa pátria.
6. Tornamos nosso o clamor do papa Francisco: “não é a cultura do confronto, a cultura do conflito, a que constrói a convivência nos povos e entre os povos, mas esta: a cultura do encontro, a cultura do diálogo; este é o único caminho para a paz” (Angelus, 01-09-2013).
Comitê Permanente da Conferência Episcopal do Chile
Dom Ricardo Ezzati Andrello – Arcebispo de Santiago – Presidente
Dom Alejandro Goic Karmelic – Bispo de Rancagua – Vice-presidente
Dom Gonzalo Duarte García de Cortázar – Bispo de Valparaíso
Dom Horácio Valenzuela Abarca – Bispo de Talca
Dom Ignacio Ducasse Medina – Bispo de Valdivia – Secretário Geral
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Igreja chilena afirma que “nada justifica os atropelos de Pinochet” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU