Por: Jonas | 17 Agosto 2013
Dezenas de ataques em todo o país, com igrejas incendiadas e ataques com molotov. Não apenas a Igreja copta, mas também as demais confissões cristãs sofrem a ira dos islamistas.
Fonte: http://goo.gl/EsgbKC |
A reportagem é de Giorgio Bernardelli, publicada no sítio Vatican Insider, 14-08-2013. A tradução é do Cepat.
De Sohag, no Alto Egito, a Alarixe, no Sinai; de Suez e Luxor até Mynia: as notícias de igrejas incendiadas ou ataques a propriedades coptas chegam de todo o país. Embora no Cairo, hoje, tenha sido um dia de morte, durante o ataque do exército contra a manifestação da Irmandade Muçulmana, foi também um dia sombrio para os cristãos, com ataques em todo o território, por parte dos islamistas, como represália pelo banho de sangue que ocorreu, durante a madrugada, nas praças de Rabaa e Nahda.
Desde as primeiras horas do dia, quando ainda se estava verificando o que aconteceu no Cairo, no Twitter começaram a circular as imagens da igreja de São Jorge, a principal igreja dos coptas na cidade de Sohag, consumida pelas chamas. O dia avançava e começou a se irromper a dúvida sobre o incidente isolado. O principal objetivo dos islamistas que protestam em todo o país contra a incursão dos militares no Cairo são as igrejas e as propriedades dos cristãos. Reação tragicamente anunciada, posto que, há mais de um mês, as emissoras da Irmandade Muçulmana repetem que o golpe é fruto de um complô orquestrado pelos coptas.
O objetivo principal é o papa dos coptas Tawadros II, pois apoiou o golpe dos militares após as manifestações anti-Morsi, do dia 30 de junho passado (ao lado do Grande Imã de al-Azhar, o maior centro de estudos sunita). Nas últimas horas, de nada serviu a posição de Tawadros, que fez um convite a toda a população “para preservar a vida dos egípcios, prestando atenção na prevenção da violência e ataques perigosos contra qualquer local ou pessoa”. Não o escutou nem o exército, nem a Irmandade Muçulmana, como se está confirmando.
Assim, os coptas estão novamente vivendo horas terríveis. Praticamente é impossível traçar uma lista completa da violência que se desencadeou contra as igrejas. Fala-se de dezenas de ataques. Entre os episódios mais graves está o incêndio da Igreja São Teodoro, em Mynia, mas também foi alvo da ira fundamentalistas a igreja de Alarixe, na qual o padre Mina Abdul, o sacerdote copta assassinado há um mês, desempenhava seu ministério. Também há casos em Faium, onde parece ser que uma multidão destruiu as cruzes da Igreja da Virgem ao grito de “Allahu Akbar”, além de alguns negócios que vendem Bíblias no Cairo. A violência não apenas está atingindo a Igreja Ortodoxa Copta, mas indiscriminadamente todas as confissões cristãs. Em Suez, atacaram a paróquia católica e a escola franciscana do local. O Patriarca copta-católico, Ibrahim Sidrak, decidiu cancelar todas as missas da solenidade da Assunção, temendo maiores violências. O primaz anglicano Justin Welby, de Canterbury, pediu orações pelo Egito e se referiu ao ataque da St. Saviour Church, de Suez.
“Também nós, os católicos, como os coptas e protestantes, preferimos manter fechadas as igrejas e os lugares de culto para evitar incidentes”, disse o padre Paul Annis, superior da Congregação dos Combonianos, no Cairo, à agência Misna. “Amanhã, se a situação permitir, voltaremos a abrir as igrejas – concluiu o padre Annis – para festejar a Assunção de Maria. Porém, tudo continua a ser visto, e do amanhã nos separa uma longa noite”. O sítio “BlogCopte” também fala de uma Igreja greco-ortodoxa atingida no Cairo.
São muitíssimos episódios e não se sabe qual foi o saldo. A única coisa certa é o temor dos cristãos. Todos estes fatos aparecem poucos dias depois da denúncia feita por 16 associações de direitos humanos, acusando o novo regime egípcio de não ter feito o suficiente para reprimir a onda de ódio contra os cristãos, desencadeada a partir do golpe. Os militares, com a incursão de hoje, não souberam reprimir a reação violenta e amplamente anunciada. No Egito, mais uma vez os cristãos estão pagando um preço muito caro pela situação dramática do país.
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Egito. Os cristãos pagam o preço pela revolta - Instituto Humanitas Unisinos - IHU