Por: André | 02 Agosto 2013
O Santo Padre tomará esta decisão de modo similar a como fez com o Papa João XXIII, a quem vai canonizar sem que tenha um milagre.
A reportagem está publicada no sítio espanhol Religión Digital, 01-08-2013. A tradução é de André Langer.
O Papa Francisco estaria considerando a possibilidade de proclamar santo o Papa Pio XII, o grande Pontífice que sentou as bases do Concílio Vaticano II e que salvou da morte cerca de 800.000 judeus. O Santo Padre tomaria esta decisão de modo similar a como fez com o Papa João XXIII, a quem vai canonizar sem a mediação de um milagre, como normalmente se requer nos procedimentos da Igreja.
Uma fonte autorizada da Congregação para as Causas dos Santos no Vaticano, que pediu permanecer no anonimato, disse à agência ACI Prensa, em 25 de julho, que “assim como o Papa Francisco decidiu a canonização de João XXIII, estaria considerando fazer o mesmo também com Pio XII”.
Em 19 de dezembro de 2009, o então Papa Bento XVI aprovou o decreto das virtudes heroicas do Papa Pacelli, isto é, o documento que demonstra que uma pessoa viveu a fé, a esperança e a caridade (o amor) em grau heroico. De acordo com o procedimento regular, agora é necessário um milagre para a sua beatificação.
Mas, se o Papa Francisco decide seguir adiante sem um milagre, poderia “inclusive canonizá-lo (a Pio XII) com a fórmula da scientia certa (certeza de conhecimento) e, portanto, inclusive saltando a beatificação”, indicou a fonte.
“Somente o Papa pode fazer isso e o fará se assim o desejar”.
O Papa Francisco está muito interessado em Pio XII porque “o considera um grande, da mesma forma que João XXIII, embora por razões diferentes”, explicou a fonte à ACI Prensa.
Mas há, além disso, uma razão histórica pela qual o Papa Francisco está interessado em Pio XII.
Quando Paulo VI iniciou o processo de beatificação e canonização, em 1967, nove anos depois da morte do Papa Eugenio Pacelli, o então Santo Padre criou uma comissão de historiadores para indagar profundamente sobre a vida e a conduta de seu predecessor, com particular atenção aos eventos relacionados à Segunda Guerra Mundial.
O comitê era formado por quatro jesuítas: os padres Pierre Blet (França), Angelo Martini (Itália), Burkhart Schneider (Alemanha) e Robert A. Graham (Estados Unidos).
Seu trabalho levou à publicação das Atas e Documentos da Santa Sé relativos à Segunda Guerra Mundial, uma coletânea de 11 volumes dos documentos do Arquivo Secreto do Vaticano sobre o pontificado de Pio XII durante este período.
No entanto, espera-se apenas para 2014 os documentos completos do pontificado de Pio XII, nos quais estarão incluídos aproximadamente 16 milhões de documentos da vida de Eugenio Pacelli.
Quando em 2009 o Papa Bento decidiu aprovar o decreto das virtudes heroicas, recebeu as críticas de alguns setores judaicos que acusam Pio XII de não ter falado sobre o Holocausto, embora tenha colaborado efetivamente para salvar cerca de 800.000 judeus durante a perseguição nazista.
De acordo com Matteo Luigi Napolitano, do Pontifício Comitê para as Ciências Históricas e que escreveu vários livros sobre Pio XII, “no que diz respeito ao julgamento histórico, o dossiê sobre Pio XII está praticamente concluído”.
Em entrevista à ACI Prensa, em 29 de julho, Napolitano indicou que “os juízos teológicos sobre a vida e a conduta de Pio XII não são de competência dos historiadores”.
Suas declarações se referem ao que se conhece como “positio”, um documento compilado para cada pessoa que inicia o processo de beatificação e canonização, uma vez que foi declarada “venerável” com o decreto das virtudes heroicas.
A fonte que conversou com a ACI Prensa sobre a possibilidade de canonização de Pio XII explicou que existem vários milagres atribuídos a Pio XII e que, também por esta razão, o Papa Francisco está considerando a possibilidde de saltar a beatificação e passar diretamente à canonização, isto é, a proclamá-lo santo.
Quando, no caso de João XXIII, o Papa decidiu aprovar sua canonização, submeteu seu caso ao voto dos membros da Congregação para as Causas dos Santos, apesar do fato de que “já se estava discutindo um milagre atribuído à intercessão de João XXIII”, disse a fonte.
Mas “o milagre teria necessitado de várias confirmações”, disse o especialista. Dessa maneira, o Papa Francisco “optou por decidir sua canonização sem esperar a certificação do milagre”.
Em julho de 2012, o fundador da Pave the Way Foundation, Gary Krupp, um judeu proeminente e defensor do Papa Pio XII, afirmou que “a lenda negra contra o Papa Pio XII está sendo branqueada pela luz absoluta da verdade”.
Em declarações à ACI Prensa, em 05 de julho de 2012, Krupp expressou a complacência do grupo inter-religioso que preside com a mudança de atitude do museu do holocausto Yad Vashem, em Israel, que realizou algumas modificações em uma controversa exposição sobre Pio XII, para apresentar uma visão mais equilibrada sobre as ações do Papa em relação aos nazistas e suas vítimas judias.
Para Krupp, isto “deveria mostrar ao mundo que esta é verdadeiramente uma instituição que se baseia nos fatos e na verdade”.
O líder judeu indicou que qualquer investigação mais aprofundada mostrará que o Papa, cujo nome de nascimento foi Eugenio Pacelli, “foi, na verdade, um grande herói para o povo judeu durante os nossos anos mais obscuros da Shoah (Holocausto)”.
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Francisco poderá canonizar também Pio XII - Instituto Humanitas Unisinos - IHU