Por: Jonas | 03 Julho 2013
“É maravilhoso ver o povo egípcio – através da ideia de “Tamarod” [rebelião] e de seus jovens – retomando de forma pacífica a revolução que lhe foi roubada”. Nestas horas tão tensas para o Egito, o papa copta, Tawadros II, voltou a tuitar, expressando sem rodeios sua interpretação do que está acontecendo no Cairo e nas demais grandes cidades do país, desde o domingo passado, após as manifestações que levaram milhões de pessoas às ruas para pedir a renúncia do presidente islâmico Mohammed Morsi.
A reportagem é de Giorgio Bernadelli, publicada no sítio Vatican Insider, 02-07-2013. A tradução é do Cepat.
Ontem à noite (poucas horas antes do comunicado no qual o exército dava um ultimato de 48 horas às forças políticas para chegar a uma solução que “escute a voz das pessoas”), o líder da maior Igreja cristã do Egito interveio com outra mensagem igualmente clara: “Desta maneira, ofereço uma homenagem aos três grandes do Egito: o povo, o exército e os jovens”. Não é nenhum mistério que os coptas no Egito foram os mais críticos em relação às medidas de Mohammed Morsi. No outono passado, os representantes de todas as Igrejas cristãs renunciaram a assembleia constituinte como gesto clamoroso de protesto contra a tentativa das forças islâmicas de remarcar a identidade muçulmana do país.
Tawadros II (e as demais Igrejas com ele) sempre insistiu na necessidade de construir um Egito que seja verdadeiramente a casa de todos. Além disso, é interessante recordar a ênfase dada pelo Papa copta sobre o papel que os jovens estão desempenhando nos protestos destes dias: parece tratar de apontar uma via para sair do atoleiro, mas sem voltar à era Mubarak do passado.
As incógnitas no Egito continuam sendo muito grandes. Pode-se ver claramente nas palavras do patriarca copta católico, Ibrahim Isaac Sidrak, numa entrevista com o sítio terrasanta.net: “Espero que não estoure uma guerra civil – comentou o religioso -, mas o risco existe, porque a situação é muito confusa. A revolução que os jovens lançaram traz muitas esperanças, muitas ambições por uma vida decente para os egípcios, mas, um ano depois da eleição do presidente Mohammed Morsi, vemos que o país continua retrocedendo ao invés de seguir adiante. Claro, há mais liberdade do que na era Mubarak, maior abertura para expressar críticas, mas a pouca experiência dos líderes políticos e a tentativa da Irmandade Muçulmana de colocar seus homens em todos os cantos das instituições provocaram uma forte oposição, um crescente sentimento anti-islâmico e a desconfiança do povo em ver que a Irmandade Muçulmana promete uma coisa e faz outra...”.
Assim, pode-se entender a presença de milhões de pessoas nas praças. Trata-se de uma multidão em que os coptas são protagonistas: “Não temos medo – explicou Sidrak. Com a Revolução descobriram a liberdade e pretendem lutar com o resto da população para ter uma vida digna de ser vivida, uma vida digna do homem. Existe uma liberdade que vai se desenvolvendo, os cristãos e os muçulmanos procuram construir essa cidadania pela qual tanto lutaram, ombro a ombro, na revolução”.
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“O povo egípcio retomou a revolução”, afirma Tawadros II - Instituto Humanitas Unisinos - IHU